O Programa Acorda Cidade recebeu na manhã desta sexta-feira (11) o professor Josué Mello, que lançará seu novo livro no próximo dia 18. Além de professor, Josué, aos 90 anos de idade, possui uma trajetória de vida profissional e social extensa. Já atuou como pastor prebisteriano, foi reitor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), além de Secretário Municipal de Educação em Feira de Santana. O escritor, inclusive, trabalhou no Governo João Durval Carneiro, como diretor de serviço social.
Segundo o autor, a obra a ser lançada, intitulada A vida merece um sim é uma interpretação sobre o que é ser espiritual. O lançamento acontecerá na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) às 19 horas do dia 18 de julho.
“É um livro de 112 páginas, que eu vou usar em comemoração aos meus 90 anos de idade. A Vida Merece um Sim, é uma interpretação da história, da fé, uma interpretação do que é Deus. Ser espiritual não é viver em plena oração, com cara de piedade, mas é sujar as mãos com os problemas da realidade.”
O escritor relata que o livro contém crônicas escritas com base na realidade cotidiana, trazendo temas como otimismo e qualidade de vida. A obra é dividida em cinco partes que reúnem reflexões teológicas, crônicas, poesias e relatos de sua atuação pastoral e social. Ele falou durante a entrevista que presta também uma homenagem às pessoas que passaram pela sua trajetória.
“Eu também presto homenagem àquelas pessoas que me deram a mão, que me ajudaram, que foram parceiras na trajetória de minha vida. Termino depois com alguns poemas e algumas poesias de vida. É um livro que realmente está interessante, tem conteúdo.”
O professor Josué Mello é fundador do Serviço de Integração de Migrantes, SIM, projeto pioneiro que acolheu e capacitou centenas de pessoas. Uma das iniciativas recentes do feirense através do SIM, foi a doação de terreno para a construção de uma Universidade Federal em Feira de Santana, projeto que ele classifica como revolucionário para a região Nordeste.
“O mundo está passando por essa revolução tecnológica e o Nordeste está no momento passando por uma grande transformação precisando de uma universidade para ser suporte. Não é só para a Feira e nem para a Bahia, mas é uma universidade que vai servir a todo o Nordeste.”
Jornada de ousadia
O professor Josué Mello viveu boa parte da sua trajetória antes da era digital, cresceu na zona rural de Sergipe, e apesar dos obstáculos tornou-se uma referência intelectual. Na entrevista ele classificou a jornada que o trouxe até aqui como “uma jornada de ousadia”.
Fruto de uma família numerosa, ele contou que seu pai teve 22 filhos, mas 12 morreram, pela deficiência de avanços médicos. Na época, a única perspectiva era trabalhar na roça, devido a falta de recursos para investir nos estudos.
“Meu pai, agricultor, o objetivo era o trabalho da roça, e ele disse, ‘eu vou dar dois meses de estudo para os meus filhos e cada um só vai ter dois meses de escola’. Isso não dava nem para ser alfabetizado.”
Com o desejo insaciável de aprendizado, ele insistiu que gostaria de concluir os estudos.
“Pedi à minha mãe que comprasse um ABC e eu mesmo me alfabetizei lendo as letras do ABC. Depois, uma amiga vendo a minha sede por saber, me matriculou no grupo escolar Silvio Romero, na cidade de Lagarto, e eu ali fiz minhas quatro séries do primário.”
Apesar de ter conseguido dar os primeiros passos, ao concluir o ensino primário ele teve que começar a trabalhar com a enxada junto do seu pai.
Cinco anos depois, já com 16 anos, a única alternativa para Josué conseguir concluir os estudos era sair de casa, ele fugiu para Bahia onde conseguiu se instalar em um colégio presbiteriano em Salvador. Na escola onde foi acolhido ele também trabalhava para se manter e manter os estudos.
“Lá eu fiz todo o meu curso de ginásio. Comecei a gostar da Bahia, aí não saí mais. Eu trabalhava um turno no colégio, limpando sala, tomando conta de banca dos alunos que pagavam.”
Após isso o autodidata, foi para São Paulo onde cursou Teologia e Sociologia, retornou para Bahia e cursou Filosofia. A sua chegada em Feira de Santana se deu para seguir a carreira de pastor, oportunidade em que fundou a Igreja Presbiteriana na Rua Professor Fernando São Paulo.
“Depois do projeto SIM, me habilitei para ser professor universitário. Fiz curso de pós-graduação, mestrado na área de ciência política e me tornei professor da Uefs, depois pró-reitor, durante oito anos, e depois reitor.” relata.
Para chegar até os noventa anos com disposição para escrever crônicas, poesias e mais, o professor Josué revela que a receita é ter sempre sede de aprendizado.
“A receita é continuar estudando. O conhecimento abre caminhos para o sucesso, para o êxito. Vale a pena estudar. Quem estuda, cresce. Essa é a nossa mensagem.”, concluiu.
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e Youtube e grupo de Telegram.