Fórum é realizado em Feira de Santana para discutir violência no trânsito da cidade: “É preciso mudar o comportamento”

Nesta segunda-feira (15), foi realizado no Auditório do Sest-Senat, o Fórum “Vítimas de Violência no Trânsito – Por um Trânsito mais Seguro e Humano”. O objetivo do encontro foi reunir lideranças de Feira de Santana para refletir sobre os impactos da violência no trânsito da cidade e planejar ações eficazes para garantir a segurança viária. 

Estiveram presentes a diretora do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), Cristiana França, o deputado federal José Neto (PT), o promotor Audo Rodrigues, o comandante do Comando de Policiamento Regional Leste (CPR-L), coronel Muller, o vereador Silvio Dias (PT), além de outras autoridades de vários setores.

Promovido pelo Sindicato do Comércio de Feira de Santana (Sicomércio) e pela Câmara da Mulher Empresária, o encontro foi organizado após uma visita realizada ao HGCA. Como o Acorda Cidade já mostrou, o HGCA já registrou, apenas em 2025, mais de 3 mil atendimentos de vítimas de acidentes de trânsito em Feira de Santana. A maioria são com motocicletas.

Em 2024, o Brasil registrou mais de 200 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) devido a sinistros terrestres, especificamente acidentes de trânsito. Os dados são da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) e refletem o impacto também econômico para os cofres públicos.

“Pessoas que perdem a vida, famílias que ficam despedaçadas, pessoas que ficam com sequelas às vezes irrecuperáveis. Então foi desse incômodo que nós pensamos, precisamos fazer alguma coisa. Então a sociedade civil de Feira de Santana, os empresários junto com a imprensa, com a classe política, pensou em fazer um evento que é o primeiro chamamento para demonstrar esse problema, sair daqui já com linhas mestras de trabalho para que a gente faça alguma coisa, para que a gente mude isso”, disse o presidente do Sicomércio, Marco Silva.

O presidente falou em melhorar a pavimentação e sinalização nas vias, a fiscalização e a educação no trânsito para ajudar a reduzir os índices de acidentes. Segundo ele, no dia 2 de março de 2026, será aberta uma consulta direcionada à população para apurar as ações que já serão desenvolvidas durante esses dois meses e pouco. 

“A gente sabe a importância da fiscalização. Se não tiver realmente uma cobrança efetiva, as pessoas às vezes não sentem. Às vezes, infelizmente, o aprendizado pode vir pelo amor ou pela dor. Às vezes uma multa, uma dor no bolso, mas que salva uma vida”, acrescentou. 

Ricardo Cunha, superintendente Municipal de Trânsito (SMT), também conversou com o Acorda Cidade. Ele destacou as contribuições da pasta para mitigar os acidentes na cidade. 

“Só em termos de sinalização, colocamos quase 100 faixas de pedestres. Acreditamos que isso tem contribuído muito. Estou falando aqui de sinalização, mas se eu for falar de tudo que foi colocado a nível de viaturas novas, de valorização do agente de trânsito, hoje eu sei exatamente onde cada viatura minha está. Não é o efetivo perfeito, mas é o efetivo que traz de forma significativa um retorno muito bom para a Feira de Santana.”

Para o superintendente, é preciso penalizar judicialmente os autores de crimes de trânsito para que entendam as consequências de seus atos.

“Meu maior problema é a mudança de comportamento. E as pessoas entenderem, como exemplo, que um veículo de duas rodas não pode ser utilizado da forma como ele está sendo utilizado no Brasil. A gente tem que mudar esse comportamento. Aumentar a fiscalização, Ricardo, resolve? Estruturalmente não. A gente vai conseguir um percentual muito pequeno. Educação para o trânsito resolve? Nesse momento não. Educação para o trânsito, ela se faz a longo prazo. Então o que a gente tem que fazer hoje é tentar mudar o comportamento de outra forma. E aí não tem receita pronta para isso”, disse Ricardo Cunha ao Acorda Cidade.

Faixa Azul na Avenida Presidente Dutra 

Ricardo Cunha também falou sobre a implementação da Faixa Azul exclusiva para motocicletas na Avenida Presidente Dutra. De acordo com o superintendente, existe uma lei municipal que permite a sinalização, mas é necessária a autorização do Sentran [Secretaria Nacional de Trânsito].

Segundo Ricardo, o modelo já foi testado em São Paulo, mas não foi totalmente eficaz. Com a reestruturação da Avenida, anunciada pelo prefeito em abril deste ano (relembre aqui), as modificações na Presidente Dutra podem afetar a implementação da Faixa Azul. 

A princípio, a Faixa Azul será experimental para avaliar a redução de acidentes. 

“Cabe esse tipo de face na Presidente Dutra e a gente tem muita vontade de colocar. Mas assim, o prefeito José Ronaldo anunciou uma reestruturação da Presidente Dutra. Quando ele anuncia uma reestruturação, fazer qualquer tipo de intervenção pode ser prejudicial com essa intervenção que ele vai fazer. Então a gente espera que, nessa intervenção, a gente consiga colocar esse projeto.”

“Nós temos poucos acidentes envolvendo motociclistas nas vias onde, efetivamente, uma Faixa Azul pode ser implementada. Nós temos problemas dentro dos bairros, nos quarteirões em que esses cruzamentos não são respeitados efetivamente. Nós temos problemas com a ingestão de álcool e condução de veículo automotor. É aí que está a questão. Então não acredito que, a gente colocando a Faixa Azul onde pode ser colocada, haverá efetivamente uma redução significativa. Mas iremos fazer, iremos fazer no mínimo na Presidente Duda”, confirmou.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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