Feira de Santana

Festejos de São Cosme e Damião movimentam comércio no Centro de Abastecimento

As referências a São Cosme e Damião além da religiosidade tem relação com à cultura, através das músicas, danças e do clima de confraternização.

Rachel Pinto

“São Cosme mandou fazer duas camisinha azul. No dia da festa dele, São Cosme quer caruru”. Caruru, balas, doces, pipocas, crianças e muita alegria para comemorar o mês de setembro e, em especial, o dia (27), data em que é celebrado o dia de São Cosme e Damião. Santos mártires da igreja católica e também representados no candomblé pelas divindades iebejis (gêmeos) e pelos erês (crianças).

Além de toda a animação religiosa voltada para a celebração dos santos padroeiros dos médicos e farmacêuticos e protetores das crianças, como diz a música e samba de roda, o tradicional caruru não pode faltar. As vendas no Centro de Abastecimento, em Feira de Santana, ficam aquecidas neste período, e os ingredientes mais procurados são o quiabo, castanha, camarão, amendoim, azeite de dendê e os produtos religiosos como imagens e amuletos que fazem referência aos santos.

Valdemiro Santos da Silva, conhecido como “Pai Ném do Camarão”, conta que não pode faltar também a farinha de mandioca, o leite de coco e o gengibre para dar um sabor a mais no caruru. Os produtos variam entre o camarão de água doce, água salgada e a massa pronta do caruru. Em relação ao ano passado, houve um aumento e o litro do camarão graúdo está custando R$12, enquanto o camarão de água doce custa R$10.

Segundo “Pai Ném", para fazer bom um caruru para cem pessoas, o cliente gasta em média R$ 300.

Relação com o santo

Além de comerciante de produtos do caruru, “Pai Ném” que é responsável por um terreiro de candomblé, tem uma relação muito forte com São Cosme e Damião desde pequeno. Ele relata que teve uma infância com muitos problemas de saúde e através do apego e da fé ao santos conseguiu alcançar melhoras.

“Eu sempre tive êxito com São Cosme e Damião e inclusive criei meus filhos com essa fé e pedindo força aos santos. Eles foram médicos, cientistas e soldados e sempre resolveram os problemas daqueles que têm fé”, afirmou.

Karine Gomes Silva trabalha em uma casa de ervas no Centro de Abastecimento e está bem satisfeita com o movimento das vendas no mês de setembro. Os produtos mais procurados são as imagens, velas, defumadores, incensos e banhos. Há também os colares, utensílios e os pratos de barro para colocar o caruru que é oferecido aos santos.

Os produtos são bem variados e há imagens de R$ 4 até R$ 250. Além da imagem de São Cosme e Damião há a imagem com a figura dos santos e também a figura de “Doum”, figura do candomblé que representa a relação dos santos com o universo infantil.

“O movimento melhora muito com as vendas do mês de setembro. O pessoal se dedica muito a fazer as oferendas, acender as velas e defumar a casa. Os objetos mais procurados são as imagens e temos também os banhos de folhas e as balinhas de mel”, destacou.

Tradição religiosa e cultural

As referências à São Cosme e Damião além da religiosidade tem relação com à cultura, através das músicas, danças e do clima de confraternização. O caruru que é oferecido aos santos é comido inicialmente pelos sete meninos e em seguida pelos demais convidados. O clima de festa envolve sempre todos os convidados que vão entoando sambas e músicas de homenagem aos santos.

Com informações e fotos do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.