Ney Silva e Rachel Pinto
Neste domingo, 18 de setembro, a cidade de Feira de Santana comemora 183 anos de emancipação político-administrativa. A cidade tanto agrada quem por aqui nasceu, como aqueles que vieram de outros lugares do Brasil.
O professor, sociólogo e pastor Josué Mello, nasceu em Sergipe e há 51 anos mora em Feira de Santana. Ele diz que a cidade lhe encanta e representa toda a cultura nordestina. Cheio de emoção e gratidão, o professor destaca que Feira de Santana lhe abriu portas, permitiu encontros e realizar muitos sonhos.
"Minha saudação à Feira de Santana no momento em que comemora os seus 183 anos de história. A minha vinda para Feira de Santana se deve à gratidão e encantamento. Eu fugi de Lagarto, em Sergipe e vim para a Bahia para estudar. Depois fui para São Paulo, me formei e depois tive chance de iniciar minha vida em São Paulo e no Espírito Santo. Mas, aí eu disse: Eu tenho que voltar para a Bahia para agradecer o que a Bahia fez por mim! Escolhi Feira de Santana pelo fato de representar toda a cultura nordestina. Eu me encantei com essa cidade quando estudante eu vinha passar as férias aqui. A cidade me parecia São Paulo em miniatura. Muito ativa, de muito trabalho, muito desejo de prosperidade e representando toda a cultura do Nordeste. Eu imaginei que morando em Feira de Santana eu estaria em todo o Nordeste Brasileiro”, afirmou
Alfredo Oliveira, professor do curso de serviço social da Faculdade Nobre é artesão e natural do pequeno município de Tanquinho, mas desde muito cedo veio morar em Feira de Santana. Há 56 anos ele veio com a família para a Princesa do Sertão em busca de oportunidades de estudo e trabalho e aqui se estabeleceu. A cidade é o cenário para sua rotina, suas inspirações para a arte e para os seus alunos que também vêm dos diversos lugares. Alfredo não esquece os bons momentos que viveu em Feira e relembra, passagens pela feira livre, pela praça da Matriz, antigas Micaretas, novenas e procissões.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Suas lembranças pintadas como um quadro vão se misturado ao dia a dia que ele constrói com muita cor e sensibilidade na cidade.
“Minha família é toda do sertão e no final da década de 50 as possibilidades de trabalho para para meu pai eram muito escassas. Tanquinho era uma cidade pequena e o meu pai era mecânico. Ele veio para Feira de Santana para montar uma oficina. Montou uma oficina na Rua Sabino Silva e aí um ano e meio depois a família veio, inclusive porque meus irmãos mais velhos não tinham muitas possibilidades de estudar. O que motivou a chegada em Feira, foi a educação eu cheguei aqui início de 62”, relatou.
O fascínio pela cidade, seu povo e suas atividades desde muito cedo era despertado em Alfredo. Ele lembra que passeava e costumava ir com o avô à feira livre que acontecia na Avenida Getúlio Vargas para comprar muitos produtos e gêneros alimentícios. O Campo do Gado velho, também era local de comércio pujante e a Praça da Matriz era uma das maiores referências de fé e religiosidade, assim como a tradicional festa de Senhora Santana, padroeira da cidade.
“Meu avô que era do sertão vinha para Feira de Santana dia de segunda -feira e gostava de caminhar e comprar coisas. Aquilo me fascinava, eu era garoto e adorava quando ele me levava. Também no Campo do Gado Velho. A Feira era meu encantamento, os animais ficavam amarrados onde hoje é o Hospital São Matheus até chegar no G Barbosa. Tinha farinha, beiju cerâmica, até chegar na feira propriamente dita que era na Praça de Alimentação até a Praça João Pedreira. Outra coisa que me marca é a Matriz dos anos 60. Tinha uma senhora que vagava na praça, alguém que tinha um transtorno mental que ficava circulando e eu menino, meu pai me levava para a rua e eu ficava encantado com aquela figura. Muito colorida de cabelo grande, era uma figura que me encantava e ao mesmo tempo me ameaçava porque que eu tinha como louca. Havia também as micaretas na Rua Conselheiro Franco. A gente saía de casa levava o banquinho para esperar a banda passar. As procissões, a novena de Santana e a construção da Igreja dos Capuchinhos são momentos marcantes que vivi aqui”, relembrou .
Famosa pelos seus salgadinhos crocantes e muito saborosos, a comerciante Antonia Pereira dos Santos, conhecida como Tonha do Salgado também veio para Feira de Santana trabalhar e passou por muitas dificuldades até tornar-se uma empresária de sucesso. Tonha destaca que veio do município de Candeal há 50 anos para trabalhar como doméstica em casa de família. Trabalhava apenas em troca de comida e de roupa e por muito tempo sua vida foi assim.
Depois de alguns anos, ela conseguiu um emprego na área pública, mas em seguida foi demitida. Triste e desesperada ela precisava ir em busca do sustento e alternativa foi a fabricação de pasteis que ela vendia pelas ruas da cidade.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Eu perdi meu emprego, mas eu disse que ia sobreviver a tudo isso, Deus como sempre coloca uma luz na frente. E eu comecei a vender meu pastel. Vendia em lojas, de porta em porta pelas ruas da cidade e em muitos lugares não deixavam eu vender. Foi muita luta pra chegar até aqui”, afirmou.
Tonha hoje é muito reconhecida na cidade pelo seu trabalho, empreendedorismo e seus salgados estão sempre presentes em reuniões e festas. Eles são saboreados e apreciados com muito gosto por seus clientes que foi conquistando ao longo de muitos anos de trabalho e dedicação.
Foto: Reprodução/Facebook
O repórter Ney Silva, do Acorda Cidade, que participou da produção desta matéria, também é um grande apaixonado por Feira de Santana. Ele veio do Ceará, da cidade de Icó e chegou aqui em 1964 com toda a família em um caminhão “pau de arara”.
Sensível aos problemas e belezas da cidade, ele coloca em suas reportagens e matérias impressões de todo o povo de Feira de Santana, sua história e sua cultura.
“Cresci acompanhando o progresso dessa cidade. Sou um apaixonado por Feira de Santana. Tudo que sou e que tenho agradeço a ela. Essa maravilhosa e incansável Princesa do Sertão. Parabéns terra querida!”, enfatizou.
Assim como Josué Melo, Alfredo Oliveira, Tonha do Salgado e Ney Silva, milhares de pessoas foram recebidos e acolhidas por Feira de Santana e aqui construíram suas histórias e suas vidas. Representando todas essas pessoas e os feirenses de naturalidade, o Acorda Cidade parabeniza à cidade por mais um aniversário. Seu dia a dia, seu calor e suas atividades são combustíveis para as notícias e para toda o fluxo de informações. É nesse movimento diário que Feira acontece e continua escrevendo a sua história. Parabéns Princesa do Sertão!