Feira de Santana completa 192 anos de emancipação política, e o crescimento exponencial de moradias e empresas é um dos destaques na história da Princesa do Sertão. Mas o que também representa um desenvolvimento positivo, acaba gerando impacto em outros fatores quando o assunto é planejamento urbano.
É o que diz o secretário municipal de Planejamento de Feira de Santana, Carlos Brito. Em entrevista ao Acorda Cidade, ele falou sobre os impactos que o crescimento imobiliário acelerado vem causando e sobre as projeções futuras para evitar o desordenamento da cidade.
Ele afirma que para que a infraestrutura acompanhe o ritmo de novas moradias, está sendo necessário que a gestão pública pense em estratégias.
“A velocidade desses empreendimentos está muito acelerada em relação à capacidade de investimento da prefeitura. Ora, isso vai estar levando ao governo, preocupação com essa realidade”
Conhecida pelo seu relevo predominantemente plano, a expectativa agora é torná-la, a cidade vertical. Essa é a solução que o governo municipal tem planejado para conseguir atender a população com as demandas relacionadas, principalmente, a saúde, segurança e educação.
“Já estamos realizando, implementando alguns estudos a nível da verticalização dessa cidade. Porque da velocidade que está, o município não tem condição nenhuma de acompanhar com infraestrutura, com serviços, esses empreendimentos que estão aparecendo de uma maneira desenfreada”
O motivo, é que os empreendimentos imobiliários de moradia tem cada vez mais alcançado áreas distantes do anel viário de Feira de Santana. Carlo Brito esclarece que com isso a gestão municipal acaba sendo excessivamente demandada para prover escolas, postos de saúde, aumentar a segurança no local, por exemplo, e com a projeção futura da especulação imobiliária, a tendência natural é o aumento da demanda.
“Às vezes você tem um imóvel em uma área extremamente afastada, que tem dificuldade de transporte, tem dificuldade de saúde, educação, e o pessoal só cobra da prefeitura, nunca do construtor que o levou até lá para comprar o seu imóvel”, pontua o gestor.
Planos para o futuro
Segundo o gestor, estão sendo realizados estudos para a implementação de ações dentro da legislação que prevejam para a empresa do ramo imobiliário, a responsabilidade de fornecer infraestrutura ao colocar o investimento de construir em áreas fora do perímetro urbano.
“Teremos que ter alguns mecanismos que possam exatamente ao construtor, ao investidor, ter que também levar infraestrutura para aquela comunidade que ele está colocando numa área completamente deserta numa área, que, tecnicamente para ele foi mais importante, mas que para o município esse é um embaraço que vem causando muita dificuldade”
A projeção já é discutida e elaborada por um grupo de trabalho para tornar-se proposta para um projeto de lei com regulamentação direcionada aos condomínios fechados.
“Nós temos que ter alguns mecanismos de proteção da comunidade. Então, nós estamos com um grupo de trabalho já para implementar algumas ações que efetivamente vão permitir melhor condição de infraestrutura junto com a parceria privada”, esclarece.
Investimentos, empregabilidade e valorização dos frutos da terra
Com os investimentos vindos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Brito afirma que vieram e estão vindo ações na área da saúde, estradas vicinais, e mobilidade urbana. Ações que ele considera ainda poucas, para o tamanho da cidade e afirma que é preciso pensar no futuro como um todo, inclusive no quesito renda e mão de obra da terra.
“Feira precisa de investimentos para que os filhos dos feirenses e dos que moram aqui tenham emprego daqui a oito, dez anos, por exemplo. Feira precisa de novas empresas, que o comércio continue sendo prestigiado, que nós tenhamos uma carga tributária dividida com mais justiça social. Infelizmente, nossa receita própria é muito baixa, produto exatamente da falta de investimentos que façam gerar uma receita interna mais alta”
Sobre o poder de investimentos da cidade, o gestor explica que Feira de Santa encontra-se atualmente na capacidade de pagamento de nível B. Isso significa que é possível tomar financiamentos externos e internos para investir na cidade.
“Agora está na iminência de receber 570 milhões de reais, produto de uma operação financeira de 64 milhões de dólares com o Fomplata, produto de 200 milhões de reais do Finisa. Isso significa dizer que para os próximos três anos teremos esse recurso, e temos que buscar outras alternativas, melhorar a renda, melhorar a nossa capacidade de endividamento para que possamos buscar recursos externos com mais intensidade”
Com a aproximação de comemorar os 2 séculos da cidade, marco histórico para Feira de Santana, espera-se que as estratégias projetadas sigam encaminhando-se para avanços até lá.
“Temos o programa Feira 200 Anos que foi apresentado, que foi pensado para a nossa realidade de oito anos, dez, quinze anos. E, enquanto isso, Feira continua com sua luta, seu povo guerreiro, mas não é só o governo municipal que deve lutar pelo bem-estar da cidade, mas toda a sua população”, completa.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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