Veja o resumo da noticia
- Feira de Santana sedia a 4ª Conferência Municipal de Promoção à Igualdade Racial.
- Tema do evento: “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”.
- Conferência debate políticas públicas para equidade racial; Evento propõe ações para ampliar direitos e combater desigualdades.
- Desigualdade no mercado de trabalho foi apontada como reflexo do racismo estrutural.
- Apresentações culturais reforçam a identidade afro-brasileira, como o grupo Samba de Mães.
- OAB participa e reforça compromisso com o combate ao racismo
- Secretaria da Mulher destaca atuação do Departamento de Igualdade Racial na pasta.
- Propostas serão sistematizadas para fortalecer ações de igualdade racial no município.
Entre os dias 14 e 15 de julho, a Secretaria de Educação de Feira de Santana recebe a 4ª edição da Conferência Municipal de Promoção à Igualdade Racial. Com o tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”, o evento reúne representantes de diversos setores da sociedade, incluindo gestores públicos, educadores, movimentos sociais e lideranças religiosas e culturais da cidade, para debater políticas públicas voltadas à equidade racial no município.
Ao Acorda Cidade, o presidente do Conselho Municipal da Igualdade Racial, Aristides Maltez Júnior, destacou a importância do evento como espaço de visibilidade e reivindicação das demandas das populações negras, quilombolas e dos povos originários.
“O objetivo dessa conferência é falar sobre igualdade racial, é falar sobre empoderamento de uma raça tão oprimida no século ao qual nós vivemos, que é justamente a raça negra. Representamos não só os povos quilombolas, os negros e tradições afrodescendentes, mas também os povos indígenas.”
Os debates da entidade abordam questões centrais da disputa racial no Brasil, como racismo estrutural, intolerância religiosa, homofobia e exclusão social. Entre os eixos discutidos estão a participação social como instrumento de reparação racial, o acesso a direitos e políticas de equidade, além de desconstruir como a sociedade enxerga o racismo na atualidade.
“A diferença é constante, ela é institucional, estrutural. A partir do momento que respeitarmos uns aos outros, essa política que extermina, que destrói o direito de uma cidadania, ela vai mudar”, pontuou Aristides. Ele também reforçou as desigualdades no acesso ao mercado de trabalho, marcador social importante que vai confirmar que não há democracia racial no país.
“O espaço de vaga de trabalho para o branco é muito mais amplo do que para o cidadão negro. Hoje vamos fazer justamente os nossos planejamentos e encaminhamentos nos eixos para que, de fato, as políticas públicas sejam contempladas e realizadas em Feira de Santana.”
A programação inclui apresentações culturais, como a do grupo Samba de Mães, formado por mulheres de religiões de matriz africana, que tem se destacado na cena cultural de Feira. “Estamos reforçando a nossa identidade como as mulheres de Axé, como matriarca do Axé. Todos os eventos, nós estamos sempre presentes, mostrando a importância da cultura afro-brasileira”, destacou a coordenadora do grupo, Juciara Alves dos Santos. Para acompanhar o coletivo, siga o @sambademães
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção Feira de Santana, também marcou presença na conferência. Para a presidente da entidade, Lorena Peixoto, a participação da OAB representa o compromisso institucional com o debate racial.
“Somos uma instituição indispensável ao Estado Democrático de Direito. Pensar sobre políticas públicas, pensar sobre construções efetivas para fomentar a discussão, o debate e a transformação. Estamos aqui, enquanto OAB, como agentes não apenas transformadores, mas multiplicadores. Estamos aqui para aprender e debater”, disse ao Acorda Cidade.
A OAB também atua no acolhimento de denúncias de discriminação racial. “Vai ajudar nos debates, no processo educativo e de conscientização. Com certeza, é munir a sociedade para que, tomando conhecimento dos seus direitos, possamos fazer o embate necessário para essa modificação”, acrescentou.
A secretária municipal da Mulher, Neinha Bastos, também reforçou o papel do Departamento de Igualdade Racial na pasta como articulador de políticas públicas. “O que a gente está fazendo agora é viabilizar e trazer de perto essa política que é o respeito. Precisamos ser iguais. A gente está mostrando que eles também têm direito de debater com os quilombolas, com os ciganos, os indígenas. As pessoas precisam entender qual é o sentido desse departamento hoje dentro da Secretaria.”
Ela reforçou ainda que o evento busca escutar a população e transformar as demandas em ações concretas no município.
O prefeito José Ronaldo também participou. Em entrevista ao Acorda Cidade, ele parabenizou os organizadores do evento e destacou a importância de promover o debate qualificado na cidade.
“A sociedade merece e tem de ter todo o respeito em tratar todos com dignidade, com decência e com honestidade. Você participar de uma conferência como essa, onde você vê gente de todas as matizes aqui presente, eu fico muito feliz de ver a sociedade reunida, expondo suas questões, defendendo seus pontos de vista, externando seus pensamentos e esse encontro de hoje e de amanhã com certeza vai ser muito enriquecedor para a sociedade de Feira”, disse.
Ao fim da conferência, serão sistematizadas propostas e diretrizes para o fortalecimento das políticas de promoção à igualdade racial no município. A expectativa é de que esses encaminhamentos contribuam para a construção de uma Feira de Santana mais justa, plural e inclusiva com sua população.
Veja todas as fotos na galeria abaixo:
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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