Feira de Santana

Entidade solicita prisão domiciliar de detenta do Conjunto Penal que teve bebê há 6 meses

A solicitação foi feita porque a família da detenta não tem condições de cuidar da criança.

Laiane Cruz

A Pastoral Carcerária Arquidiocesana entrou com um pedido na Defensoria Pública de prisão domiciliar para uma detenta do Conjunto Penal de Feira de Santana, que teve bebê há seis meses e deverá passar agora pelo processo de separação da criança. De acordo com Iria Minuço, coordenadora da entidade, a solicitação foi feita, pois a família da detenta não tem condições de cuidar da menina.

“Nós estamos acompanhando e temos a preocupação com o primeiro bebê que já completou seis meses e deveria ser entregue à família. No entanto, as condições que a família se encontra precisam ser melhor avaliadas. A avó da criança foi acometida de um AVC e está sendo cuidada por terceiros, a interna diz que é filha única. E a criança seria entregue ao avô, que já cuida de uma criança de cinco anos e outra de dois anos, e a gente está preocupado com a vida da bebezinha, nas mãos de um idoso que já cuida de outras crianças”, informou Iria Minuço.

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A detenta é da cidade de Santa Inês, no sul da Bahia, e por conta da distância os parentes não podem vir visitá-la. Diante dessa situação, ela acredita que seria muito mais humano que a mãe fosse para uma prisão domiciliar, tomasse conta das suas crianças e prestasse auxílio à mãe que está doente. “Foi encaminhado e ainda não temos o retorno da sensibilidade do juiz, que pode conceder a prisão domiciliar ou não. Inclusive tem várias delas em que a situação familiar pede uma prisão domiciliar”, afirmou.

A coordenadora da Pastoral diz que acompanha essas mulheres no Conjunto Penal. Ela declara que a entidade não busca saber o motivo pelo qual essas detentas estão presas, e o que importa é a visão da pessoa como um ser humano, que merece dignidade. Ainda segundo Iria, Feira de Santana recebe internos de 105 cidades e quando os parentes desses internos vêm de fora não têm onde ficar. “Por isso muitos internos ficam sem receber visitar, e uma casa de apoio faria um bem imenso a essas famílias”.

Inauguração do berçário

A coordenadora da Pastoral Carcerária falou ainda sobre a participação da entidade na reforma e compra de materiais para o berçário, que foi inaugurado ontem no Conjunto Penal. De acordo com Iria Minuço, a ideia do espaço surgiu durante uma conversa entre o diretor do presídio, capitão Allan Araújo, e a coordenação da pastoral.

“A gente não tinha recursos, mas dissemos que iríamos batalhar junto às comunidades para conseguir esses recursos, e nós fizemos isso. Os materiais para a recuperação do espaço nos custaram R$ 811 e os equipamentos que estão hoje no berçário custaram R$ 2. 850. O total que a pastoral investiu lá está em torno de R$ 3. 661, 76, sem contar as roupinhas, fraldas, que são doadas e que não constam no orçamento”, explicou a coordenadora da pastoral.

Ela afirma ainda que mantém um bom relacionamento com o Conjunto Penal e as internas do presídio reconhecem o trabalho da pastoral no local. “Quando a gente chega é aquele sorriso. Então estamos agradecidas por tudo isso, porque se a gente pode dar melhores condições de vida a uma pessoa, a crianças que nascem, independente do local, estamos fazendo o reino de Deus crescer, e esse é o nosso interesse.”

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As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.