Feira de Santana

Enfermeira que sobreviveu a acidente na BR-101 relembra momentos de tensão

As enfermeiras Ainoan Dias de Jesus, Rosely Silva Brandão, Ana Claudia Lessa da Silva, Mércia Mascarenhas Fernandes e Isis Prado Goes Matos viajavam a caminho do trabalho, quando carro capotou e quatro pessoas morreram.

Laiane Cruz

A enfermeira Isis Góes Matos do Prado relatou em entrevista ao Acorda Cidade, na manhã desta terça-feira (11), os momentos que antecederam o acidente que a deixou ferida e provocou a morte das quatro amigas e colegas de profissão Ainoan Dias de Jesus, Rosely Silva Brandão, Ana Claudia Lessa da Silva e Mércia Mascarenhas Fernandes.

As profissionais viajavam a caminho do trabalho em Alagoinhas, quando o veículo em que estavam perdeu o controle e capotou, no km 149 da BR-101, no trecho entre as cidades de Teodoro Sampaio e Conceição do Jacuípe. As enfermeiras que morreram ficaram presas às ferragens, e Isis foi resgatada e socorrida para o hospital ACM, em Conceição do Jacuípe. Ela já recebeu alta e está em casa com os familiares.

(Foto: Aldo Matos/ Acorda Cidade)

De acordo com a sobrevivente, tudo foi muito rápido. Isis conta que a amiga Rosely dirigia o veículo, ela estava no banco do carona e as demais colegas estavam no banco de trás, todas usando o cinto de segurança. “A gente estava conversando. Rose não corria. Eu não sei ao certo a velocidade, mas como eu estava no carona e também dirijo, sempre olhava o velocímetro do carro. Ela sempre andava com a média de 90 ou 95 km/h, no máximo”, relata.

A enfermeira negou a informação de que a amiga teria tentado se desviar de um caminhão ou realizar uma ultrapassagem. Segundo ela, a pista estava livre e a estrada tranquila.

“Eu lembro que era uma reta e por algum motivo que eu não sei explicar, o pneu do lado direito dianteiro saiu um pouco da pista, foi para o acostamento e aí ela rapidamente tentou retornar para a esquerda, quando voltou o outro pneu sofreu um pouco mais de impacto, por conta do desnível entre a pista e o acostamento. Foi nesse momento que a gente percebeu que ela estava perdendo o controle do veículo e depois desse momento eu não lembro mais de muita coisa a não ser das pancadas”, recordou.

De acordo com Isis Prado, Rosely ainda tentou retomar o controle do volante. Ela diz que não se lembra se o carro rodou e capotou ou os dois. “Eu também fiquei ali no impacto do movimento. Lembro que foi instantâneo quando o carro parou e logo no mesmo segundo o pessoal que estava próximo veio me socorrer. Me lembro só que me tiraram e como eu estava pendurada no cinto eu não olhei pra trás, eu não tinha como enxergar porque levei pancada no rosto”.

Isis acredita que as colegas morreram durante o capotamento. “A gente escutou as vozes delas antes, na hora que Rose estava perdendo o controle e, quando o carro parou, eu não escutei mais a voz de ninguém. O rapaz que prestou socorro perguntou se tinha alguém bem, alguém vivo, e nenhuma delas respondeu”.

Há dois anos e meio, segundo Isis, ela fazia o percurso para Alagoinhas, mas junto com as colegas há apenas um mês e meio a dois meses. Ela afirma que revezava com Rosely para nenhuma se cansar demais. Ainda de acordo com Isis, ela só ficou sabendo da morte das amigas horas depois no hospital.

“Só depois que eu estava lá e comecei a perguntar muito por elas, aí eles me contaram. Conversávamos sobre as coisas do trabalho, mas eu não acho que não foi a conversa, porque não estávamos numa conversa tão eufórica, a ponto da pessoa se distrair. Ela tinha muita experiência no volante”, enfatizou, acrescentando que no momento em que o carro derrapou na pista, não ouviu barulho de pneu estourando, não chovia e não havia buracos no local.

Emocionada, a enfermeira Isis Prado afirmou que está se recuperando bem, porém ainda sente algumas dores no corpo. “O físico eu estou melhorando, estou sentindo algumas dores, mas sei que isso vai ficar bem. Agora, o emocional, estou orando e pedindo a Deus, com o apoio da minha família, porque se eu disser que estou bem, estarei mentindo. Foram minhas quatro amigas que se foram num piscar de olhos. Pra mim é muito difícil”.

Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.

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