Em 1982, a Rádio Sociedade de Feira fazia sua primeira Copa do Mundo na Espanha

Voltar o calendário, contar o tempo para trás, só na imaginação ou em filmes de ficção. Mas nunca é demais lembrar fatos importantes, principalmente quando eles marcam a comunidade de forma positiva. Há 43 anos, a Rádio Sociedade de Feira de Santana transmitia os jogos da Copa do Mundo, diretamente da Espanha. Um desafio ousadamente superado com êxito e depois repetido em outras Copas.

A primeira vez – seja o que for – nunca se esquece. Isso é dito sempre, como uma marca que fica na vida de alguém ou de uma instituição, mediante um acontecimento inédito ocorrido, positivo ou não. Entre os meses de junho e julho de 1982, a Rádio Sociedade de Feira de Santana, de forma pioneira, perfeitamente apoiada no slogan que marca sua trajetória, realizava a primeira cobertura de uma Copa do Mundo, diretamente da Espanha. Na verdade, não foi a primeira transmissão internacional da Emissora dos Capuchinhos, que já havia falado um ano antes do Velho Mundo, através do jovem narrador esportivo Itajay Pedra Branca, que acompanhara a seleção brasileira em jogos amistosos na Inglaterra, França e Alemanha.

Mas a dimensão de alguns amistosos não é comparável à de uma Copa do Mundo e a Rádio Sociedade de Feira de Santana, enfrentando e superando dificuldades impostas pelo arrojo da sua decisão, chegava à península Ibérica de “armas e bagagens” para o feito inédito. As armas não eram nada mais que os equipamentos que seriam manobrados pela equipe formada por: Itajay Pedra Branca (narrador), Dourival Oliveira e Dilson Barbosa (comentaristas), Dilton Coutinho (repórter) e João Francisco da Cruz, ou Frei João Cruz (técnico de som). Os tempos eram outros. Montes de fios, caixas de som, microfones, fones e outros apetrechos, sem os quais seria impossível a conexão Espanha/Brasil, exigiam os cuidados de um técnico especializado. Não era apenas falar, era ser ouvida onde fosse sintonizada – e isso aconteceu!

Há 43 anos, a Rádio Sociedade de Feira marcava um “gol de placa”, daqueles que parecem continuar balançando para sempre as redes do tempo, se analisadas as dificuldades técnicas existentes e os custos financeiros da empreitada, que foram assimilados por distintos e entusiasmados patrocinadores. Na verdade, houve ousadia e confiança da emissora para empreender esse tipo de jornada, até então só encarada pelas maiores empresas radiofônicas do país. E a Sociedade de Feira, sem medo, sem temor, incorporou-se ao grupo, deixando alguns estupefatos.

Milhares de quilômetros de distância, idioma, costumes, horários diferentes, a falta da família – são alguns fatores que devem ser levados em conta e que foram enfrentados pela equipe esportiva da RS. Na Espanha, os jogos foram realizados em três cidades: Madrid, Sevilha e Barcelona. O moderno sistema de transporte terrestre – metrô, ônibus e trens – foi um alento para os radialistas feirenses, assim como o idioma espanhol, fácil de ser entendido. Mas a variação climática, não. “Durante o dia a temperatura chegava a 45 graus, era terrível”, lembra Dilson Barbosa, que continua atuando no jornalismo nas rádios Sociedade e Princesa FM.

A preocupação era o circuito telefônico Espanha/Feira de Santana, mas o técnico de som João da Cruz mantinha contato permanente com a Embratel e a Telebahia. Para Itajay P. Branca, o maior impacto foi a desclassificação da seleção brasileira para a França: “foi uma ducha de água gelada, senti assim”, disse, em contraste com a temperatura altíssima. Para o hoje experiente Dilton Coutinho, consagrado no Acorda Cidade, “foi uma experiência sensacional”.

Com 25 anos incompletos, oriundo da Rádio Fundação de São Gonçalo e praticamente recém-chegado à Rádio Sociedade, Dilton teve brilhante estreia em nível internacional: “no elevador do hotel bati cara a cara com Pelé. Estava com o gravador e fiquei nervoso, mas ele, educadamente, concedeu entrevista”, conta. Da equipe esportiva da Rádio Sociedade de Feira, que fez a primeira Copa do Mundo na Espanha em 1982, já não estão no plano físico o brilhante comentarista e cantor Dourival Oliveira e o técnico de som João Francisco da Cruz (Frei João). Eles também fizeram parte dessa empolgante aventura!

Por Zadir Marques Porto

As informações são da Secretaria de Comunicação Social

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