Feira de Santana

Do falso X9 ao funcionário do banco: confira 5 golpes mais comuns em Feira de Santana

Conforme o delegado, não se trata de hackers agindo com alta tecnologia nesses crimes, mas sim de golpistas que exploram a confiança e o medo das vítimas.

Veja o resumo da noticia

  • Golpe do “falso X9” – O delator da facção;
  • Clonagem do WhatsApp;
  • Golpe do falso intermediário no OLX;
  • Golpe das “tarefas online”;
  • Golpe do falso funcionário do banco;
  • Dicas para se proteger.
Foto gerada por Inteligência Artifical - Por Iasmim Santos - Acorda Cidade - golpes
Imagem gerada por Inteligência Artifical/Iasmim Santos/Acorda Cidade

A internet transformou a forma como as pessoas se comunicam, trabalham, compram e vendem. Mas essa mesma conectividade também tem servido de terreno fértil para criminosos. Um estudo chamado “Panorama Político 2024: apostas esportivas, golpes digitais e endividamento”, do Instituto DataSenado revelou que 24% dos brasileiros com mais de 16 anos foram vítimas de golpes digitais nos últimos 12 meses.

Isso representa mais de 40 milhões de pessoas que perderam dinheiro por crimes como clonagem de cartão, fraudes online ou invasões de contas bancárias.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, publicada na quinta-feira, dia 24 de julho, revelou que os crimes de estelionato cresceram 408% entre 2018 e 2024. Só em 2024, foram cerca de 2,2 milhões de registros, o que equivale a quatro golpes por minuto no país. Outro levantamento da TransUnion, em seu relatório semestral Global de Tendências de Fraude, apontou que 40% dos brasileiros já foram alvo de tentativas de golpe, e 10% dos pesquisados disseram ter caído nos golpes.

Quando afunilamos esses dados para o cenário em Feira de Santana isso não é diferente. O delegado José Marcos, titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, em entrevista ao Acorda Cidade, alertou que os crimes mais registrados atualmente na cidade envolvem a engenharia social, uma prática em que os golpistas utilizam informações pessoais da vítima, como CPF, nome de filhos ou dados empresariais, para aplicar golpes de forma convincente.

Delegado José Marcos - delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos (DRFR) de Feira de Santana, José Marcos fala sobre furtos em condomínios
Delegado José Marcos | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Segundo o delegado, não se trata de hackers agindo com alta tecnologia, mas sim de golpistas que exploram a confiança e o medo das vítimas. E embora os idosos ainda sejam o grupo mais vulnerável, jovens e pessoas de meia-idade também têm sido frequentemente enganados. Confira abaixo os cinco golpes mais comuns na cidade.

  1. Golpe do “falso X9” – O delator da facção

A vítima recebe uma ligação em tom ameaçador de alguém que se apresenta como integrante de uma facção criminosa. O golpista afirma que a vítima estaria “delatando” atividades do tráfico e que, por isso, ela e seus familiares estão marcados para morrer. A chantagem termina com a exigência de um PIX para compensar um suposto prejuízo da facção. Os criminosos usam dados reais da vítima, como nomes de parentes ou endereço, para aumentar a sensação de medo.

“Quase todos os dias chega gente aqui desesperada na delegacia. A pessoa recebe uma ligação dizendo que é da facção XYZ, que teve denúncias, que aquela pessoa está atrapalhando o tráfico de drogas, que aquela pessoa está fazendo denúncias à polícia e que recentemente a facção perdeu um carregamento de droga e teve um prejuízo de 50 mil reais e que vai matar todo mundo, só não vai matar se a pessoa fizer um PIX para reaver o prejuízo. Quem receber esse tipo de ligação pode desligar, e a orientação que a gente dá é não procurar discutir com quem está do outro lado da linha, nem ficar procurando saber quem é. Desliga e bloqueia, que o golpista já vai perceber que você está ciente que é um golpe e vai parar de te ligar”, informou o delegado.

Orientação: Desligue imediatamente a ligação, bloqueie o número e nunca faça transferências.

  1. Clonagem do WhatsApp

Golpistas enganam a vítima para que ela mesma forneça o código de verificação do WhatsApp, que permite o acesso da conta em outro dispositivo. Com isso, eles se passam pela vítima e pedem dinheiro a parentes e amigos.

“Normalmente a clonagem ocorre quando se utiliza o WhatsApp em mais de um aparelho, e quando isso é feito é necessário o uso de um código que se recebe. Esse código, ao ser informado, libera o WhatsApp em outro aparelho. É a funcionalidade do programa. E os bandidos usam isso para o mal. Eles fazem uma história, às vezes dizem que são da OLX, falam que são do Mercado Livre ou de qualquer outro lugar para dizer que você recebeu um código via SMS, realmente você recebe esse código e quando você passa esse código para eles, eles liberam o WhatsApp para eles então eles conseguem clonar o WhatsApp, pega sua foto, coloca a foto no WhatsApp e se passa por você. Aborda parentes, amigos, colegas de trabalho, pedindo dinheiro emprestado, dizendo que no outro dia vai fazer a reposição. E muitas pessoas acabam fazendo PIX, transferências para esses estelionatários”, relatou.

Orientação: Nunca informe códigos recebidos por SMS e ative a verificação em duas etapas no aplicativo.

  1. Golpe do falso intermediário no OLX

Um golpista se insere entre o comprador e o vendedor de um veículo anunciado em sites como o OLX. Ele faz uma réplica do anúncio com preço reduzido e faz o comprador acreditar que está negociando com o dono. Ao final, o dinheiro é transferido para uma conta laranja e o vendedor verdadeiro não recebe nada.

“O golpista conta duas histórias falsas: uma história para o vendedor verdadeiro e uma história para o comprador verdadeiro. Essas histórias têm a finalidade de fazer com que o vendedor e comprador verdadeiro não se conversem, não aprofundem a conversa. Então, ele diz, por exemplo, ao vendedor, que é um cunhado dele que vai ver o carro, mas para não entrar em detalhes de preço, porque ele não quer passar essa informação para o cunhado, já para o comprador ele diz que é um funcionário dele que vai ver. O golpista consegue fazer com o comprador e vendedor se encontre de fato a pessoa vê o carro, dirige o carro vê que o carro existe, isso dá uma confiança, porém a conversa não se aprofunda ele mantém o controle lá e faz com que a pessoa faça um PIX não para conta do verdadeiro dono do carro, o PIX é feito para conta do golpista ou conta do laranja aí quando essa pessoa descobre, normalmente já está no cartório para transferir, o PIX não cai na conta fica aquela confusão e vem parar na delegacia”, descreveu.

Orientação: Nunca realize pagamentos antes de confirmar a identidade do vendedor e evite intermediários.

  1. Golpe das “tarefas online”

Muito comum em redes sociais, esse golpe promete dinheiro fácil por meio de pequenas tarefas, como curtir perfis ou posts. No início, o criminoso até paga pequenas quantias, mas depois exige um depósito com a promessa de um valor maior em troca. Algumas vítimas chegam a perder dezenas de milhares de reais.

“Pessoas são abordadas no TikTok, Instagram, nas mais variadas redes sociais, por supostamente uma empresa que vai pagar para que a vítima trabalhe de casa fazendo tarefas em redes sociais. Eles começam até a pagar pessoas R$ 5, R$ 10, e depois os valores vão aumentando, só que eles dizem que a empresa é internacional, são várias histórias e uma delas é de que precisa ser pago um imposto, e aí a pessoa tem que pagar, por exemplo, R$ 1.000 de imposto para receber R$ 5 mil de volta, e aí as pessoas começam a fazer esses pagamentos. Temos ocorrências que chegaram recentemente aqui de um prejuízo total de quase R$ 100 mil, tem gente que faz até mais. E às vezes nem é uma pessoa que está do outro lado, às vezes é um robô que está conversando com a pessoa”, explicou.

Orientação: Desconfie de promessas de dinheiro rápido, especialmente quando exigem pagamento prévio.

  1. Golpe do falso funcionário do banco

O golpista se passa por funcionário da instituição financeira e informa sobre uma suposta compra indevida no cartão da vítima. Com uma gravação semelhante à do banco, ele tenta induzir a vítima a fornecer dados pessoais e fazer uma transferência via PIX para supostamente “bloquear” a conta.

“O golpe só se concretiza no momento que a pessoa faz o PIX 99% não é hacker que tira seu dinheiro da conta, na maioria das vezes é a pessoa mesmo de livre e espontânea vontade que faz o PIX, então não faça o PIX. Por mais que às vezes você caia na conversa, na hora de fazer o PIX, pare e pense o que você está fazendo e tente evitar cair nesse golpe”, orientou o delegado.

Orientação: Bancos nunca pedem PIX para resolver problemas. Em caso de dúvida, desligue e entre em contato com a instituição pelos canais oficiais ou espaço físico.

Registrar o Boletim de Ocorrência é essencial

Mesmo que o prejuízo pareça pequeno, o delegado José Marcos orienta que as vítimas registrem um Boletim de Ocorrência (BO).

“Cada registro contribui para a nossa base de dados. Cruzamos informações como CPF, número de telefone, contas bancárias, e conseguimos identificar padrões e autores reincidentes. A investigação só avança se tivermos volume de informações. Além disso, os golpes são cometidos à distância. Muitas vezes quem inicia o contato é um robô, falando com milhares de pessoas ao mesmo tempo. Se apenas 1% cair, o golpe já vale a pena para os criminosos”, alertou.

O delegado José Marcos também pontuou ao Acorda Cidade que o uso de laranjas e contas internacionais dificulta a recuperação dos valores roubados, que muitas vezes são convertidos em criptomoedas ou enviados para o exterior.

Outras dicas para se proteger

  • Não compartilhe dados pessoais, como CPF, endereço ou códigos por SMS, com desconhecidos;
  • Cuidado ao compartilhar informações pessoais ou muito íntimas em perfis de redes sociais, em stories, como locais de trabalhos, ou informações pessoais de familiares;
  • Evite fazer cadastros desnecessários em sites pouco confiáveis;
  • Desconfie de pedidos urgentes de dinheiro, mesmo que venham de conhecidos;
  • Não forneça códigos de autenticação por telefone ou mensagens;
  • Use verificação em duas etapas em aplicativos como WhatsApp e e-mail.

“Esses golpes se repetem com frequência. Para a gente, que está todo dia na delegacia, parece absurdo que as pessoas ainda caiam. Mas elas caem, porque não estão preparadas. A melhor defesa é a informação”, frisou o delegado José Marcos.

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