
Um dia de muita saudade. É desta forma que diversas pessoas estão acostumadas a caracterizar todos os anos o dia 2 de novembro. A data, que foi instituída no século X como Dia de Finados, é uma oportunidade para lembrar de familiares, amigos e pessoas queridas que já partiram.

Durante a manhã e a tarde deste domingo (2), foi fácil notar a presença de centenas de pessoas em diversos cemitérios de Feira de Santana. Sejam limpando os túmulos, trocando as flores dos vasos sobre as lápides, contando histórias engraçadas sobre o ente querido ou fazendo orações silenciosas, foi possível notar que o dia, apesar do pesos que carrega, é muito especial.

Manutenção da fé
Para o padre Paulo Tarso, pároco da Catedral Metropolitana de Feira de Santana, a data, além de ser um dos dias mais importantes do calendário cristão católico, é uma oportunidade de fazer uma profunda reflexão sobre a nossa própria existência como ser humano.

“No dia em que celebramos os mortos, tudo fala de vida. Refletir sobre a morte é refletir sobre o sentido da vida. Todos nós um dia seremos lembrados, seremos finados. Então, devemos pensar o que eu estou fazendo da minha vida, quais são as minhas escolhas, como eu estou caminhando, vivendo. Hoje é um dia, sobretudo, de reflexão sobre o sentido da vida, sobre o nosso modo de ser e de agir no mundo”, disse o padre.

Gestos simples, hábitos grandiosos
O sacerdote fez questão de reforçar que comportamentos mais comuns, como acender velas, limpar lápides ou levar flores, refletem um hábito que remonta aos cristãos primitivos, que tinham o costume de dar manutenção nos locais onde os corpos dos irmãos em Cristo estavam sepultados, por entender que aquela ação era uma forma de preservar a memória de quem já se foi e de lidar com o desconforto.

“É um ato de esperança. A gente não pode negar a saudade, não pode negar a dor. A morte é uma ruptura radical, é uma dor muito grande. A maior dor que a gente tem, assim, que alguém sofre na vida, é a perda de alguém. Sobretudo quando se trata de uma mãe com filho, de um pai com filho, essa dor é ainda maior porque quebra o ciclo natural da existência. Mas a Igreja orienta que devemos direcionar tudo para Cristo”, concluiu o padre.
Um coração cheio de gratidão
O cantor Gilsan foi um dos muitos familiares que se dirigiram a um cemitério, em algum momento deste domingo, para prestar homenagens a uma pessoa muito querida. O artista revelou à reportagem do Acorda Cidade que fez uma visita ao túmulo da própria mãe, dona Maria São Pedro, conhecida popularmente como Dona Bia, que morreu aos 94 anos.

“Não podemos esquecer daqueles que tanto contribuíram com nossas vidas e, se tratando de uma mãe, que é a base, o alicerce, a gente precisa estar sempre com esse religare, reconectando-se com essa raiz tão forte, tão profunda. Se a gente está aqui, devemos isso a eles. Minha mãe foi uma pessoa de extrema importância nas nossas vidas, uma pessoa que, mesmo com as condições, conseguiu nos educar e mostrar caminhos bons para que a gente continuasse vivendo e sobrevivendo nesse mundo tão difícil”, disse Gilsan.
Ligação constante
O servidor público aposentado Airton Costa também fez uma visita aos túmulos dos pais. Apesar da data mais própria, o aposentado explicou à reportagem do Acorda Cidade que tem o hábito de fazer visitas ao local em datas que são importantes para toda a família.

“E eu sempre venho, venho no aniversário deles, aniversário de um, aniversário do outro. Sempre a gente está aqui conectado, porque eles foram muito marcantes nas nossas vidas. A gente venera sempre, é uma forma de se conectar com eles, de estar permanentemente ligado por pessoas que nós amamos tanto, e temos certeza de que eles hoje estão ao lado do nosso Pai lá e olhando pela gente aqui também”, disse o aposentado.
Apoio, serviço e solidariedade
Alice Santos, administradora do Cemitério Piedade, localizado em Feira de Santana, confirmou que o comportamento de Airton é muito comum. Ao Acorda Cidade, a colaboradora da instituição revelou que todas as equipes do local se prepararam para prestar todo o suporte necessário nesta época do ano.

“Primeiro de tudo, a gente faz uma limpeza mais pesada, porque as famílias vêm para organizar as sepulturas, trazem flores e etc. Então, tem que estar voltada a atenção para que o cemitério esteja limpo. E aí a gente tem o suporte dos parceiros, com água, com aferição de pressão. Tem a nossa equipe que está disponível para qualquer outro tipo de auxílio, encontrar uma sepultura, coisas desse tipo”, disse Alice.

Flores: carinho e oportunidade
A comerciante Jildete Barros dos Santos atua há cerca de 25 anos vendendo flores em frente a um cemitério de Feira de Santana. Ao Acorda Cidade, a vendedora revelou que o feriado de Finados é uma boa oportunidade para fazer uma renda extra, uma vez que as pessoas têm o hábito de depositar flores nos túmulos.

“É, assim, dá pra gente superar, tirar o que emprega, tá bonzinho. Desde ontem, sábado, estou, porque a gente dorme aqui para garantir o lugar para hoje. As pessoas começam a chegar às 6h30. Houve um acréscimo em algumas flores, porque teve um aumento, mas aí eu consigo equilibrar para também ficar bom para o cliente”, disse a comerciante.

Carinho de toda uma vida
No auge dos seus belíssimos 92 anos, dona Eunice Araújo também dedicou uma parte do domingo para prestar homenagem àquelas pessoas que partiram deste mundo, mas que certamente nunca serão esquecidas por ela.

“Muita saudade, muita dor, muita lembrança. Mas, infelizmente, é como Deus quer, não é como a gente quer. Eu venho aqui, lavei como sempre. Eu venho quando posso, um mês, com dois, com três, como posso, eu venho. Faço todos os dias as orações. Não esqueço deles”, disse a idosa, se referindo aos pais, ao filho e a outros parentes.

Com informações do repórter Ney Silva, do Acorda Cidade
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