Após fiscalização do MP

Dez ônibus do transporte coletivo são retirados de circulação por irregularidades

Na manhã desta sexta-feira (11), o promotor esteve na garagem das empresas para verificar se os veículos realmente estavam retidos.

Daniela Cardoso

Dez ônibus do transporte público coletivo de Feira de Santana foram retirados de circulação na noite de quinta-feira (10), após fiscalização realizada pelo Ministério Público Estadual no terminal de transbordo central, que constatou diversas irregularidades. De acordo com o promotor do Ministério Público, Sávio Damasceno, o órgão já está há algum tempo fazendo um trabalho de fiscalização para verificar a qualidade dos veículos que fazem o transporte coletivo da cidade. Na manhã desta sexta-feira (11), o promotor esteve na garagem das empresas para verificar se os veículos realmente estavam retidos.

Segundo Sávio Damasceno, o Ministério Público Federal firmou um acordo com a Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), onde ficou acordado que seria feita uma vistoria em todos os carros das duas empresas (Princesinha e 18 de Setembro). A vistoria, de acordo com ele, aconteceu no mês de abril, porém as reclamações sobre as más condições do serviço continuaram constantes.

“Em decorrência disso, o Ministério nomeou três peritos voluntários, engenheiros, e junto com uma guarnição da SMTT e a Polícia Militar, nos dirigimos ao terminal central, onde foi feita uma vistoria por amostragem, em 10 veículos, e foram constatadas irregularidades em todos. São irregularidades graves que exigiu que eles fossem retirados de circulação”, afirmou Sávio.

Entre as irregularidades foi constatada, em um dos ônibus, a falta dos freios dos pneus traseiros. Em outro carro, uma corda amarrada segurava a lataria. Cerca de oito veículos, de acordo com o promotor, estavam sem suspensão no eixo dianteiro. Além disso, os ônibus não tinham os itens de segurança necessários e em alguns faltava o kit obrigatório para acolher as pessoas com deficiência. “Nenhum dos ônibus que pegamos como amostragem estava adequado para circular”, destacou.

O promotor Sávio Damasceno explicou que a partir do momento em que o MP identificou as irregularidades, elas automaticamente foram passadas para a SMTT, que tem a obrigação de autuar e lacrar esses veículos. A função do MP, segundo ele, é fiscalizar o trabalho do poder público. Sávio disse que ficou constatado que a vistoria realizada pela prefeitura foi ineficiente, já que 100% da amostra fiscalizada foi reprovada.

“O MP tem obrigação de acompanhar o trabalho da secretaria para identificar se existe conivência ou não e tentar identificar os motivos pelos quais os ônibus continuam com essas más condições, sendo que a vistoria da prefeitura foi feita em tão pouco tempo. O que percebemos é que a vistoria foi ineficiente. A única solução que eu vejo, de imediato, é que essa vistoria seja feita por uma empresa terceirizada. Se o poder público não tem competência para fazer uma vistoria adequada, tem que contratar profissionais que assim o façam. Vamos acompanhar quando os lacres forem rompidos, para verificar se tudo está regularizado”, afirmou.

O diretor da 18 de Setembro, Roque Gomes, avaliou a ação do Ministério Público como positiva, já que, segundo ele, está mostrando a realidade da cidade. Ele afirma que as empresas de transporte coletivo têm dificuldade de operação por causa da situação das estradas e fala em prejuízos. De acordo com Roque Gomes, somente com os carros que foram detidos, o custo com a manutenção foi superior a 400 mil reais em um ano.

“A manutenção é feita periodicamente, mas as estradas são péssimas. Nesse período do ano, de maio a agosto, as condições de operação pioram. Operamos em linhas que não têm condição de transitar ônibus e quem sofre é a população, pois com as vias nessas condições, os carros quebram com maior frequência. As manutenções das empresas operam atualmente com mais de 150 funcionários”, afirmou.

Audiência

O Ministério Público vai realizar, no dia 18 de julho, uma Audiência Pública para apurar a ineficiência do transporte coletivo de Feira de Santana. O encontro acontecerá no auditório do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, localizado na Rua Vasco Filho, próximo à estação rodoviária, às 8h30. Segundo o promotor Sávio Damasceno, a fiscalização e a audiência fazem parte de uma sequência de trabalho.

“Estamos desenvolvendo um trabalho em uma ordem lógica e essa vistoria foi justamente para que no dia da audiência a gente já chegue com alguns elementos em mãos, até para que a audiência produza mais frutos”, afirmou.

As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade