Feira de Santana

De volta à Bahia, feirense tradutor da seleção na Copa da Rússia revela detalhes do convívio com jogadores

O estudante tinha contato com todos os jogadores, inclusive com Neymar, que segundo ele, não agiu com vaidade no grupo.

Laiane Cruz

O estudante feirense de medicina, Geisiel Santana, que mora na Rússia há seis anos e foi tradutor da Seleção Brasileira na Copa do Mundo 2018, está de volta à Bahia para curtir as férias da universidade e rever amigos e familiares.

Entre idas e vindas a Feira de Santana, durante os dias de descanso, o feirense, que irá retornar para a Rússia no dia 23 de agosto, falou ao Acorda Cidade sobre a experiência como tradutor da Seleção e o convívio com os jogadores e a comissão técnica.

“Foi algo novo, uma experiência incrível trabalhar como tradutor da seleção, que era favorita da Copa do Mundo. Foi algo que me trouxe uma bagagem gigante e vivi experiências e emoções que jamais imaginei viver antes. Eu acompanhava o dia a dia da seleção, porque só tinha eu e um outro tradutor russo, que falava português. A gente dividia um pouco o trabalho. Eu era membro da delegação e ele era do Comitê. Então eu tinha que acompanhar a seleção em tudo, nos jogos, nos treinos, nas viagens, no avião”, relatou Geisiel.

Foi um período de muito trabalho e, segundo o estudante de Medicina, houve momentos em que ele pensou que não iria conseguir dar conta. Mas, de acordo com ele, os jogadores foram compreensivos e o ajudaram no que podiam.

“Teve momentos que eu achei que não daria conta, porque foi muito cansativo. Tudo dependia da comunicação, que era em russo, e eles não tinham noção de que a dificuldade do inglês seria tão grande. No final eles não conseguiram dividir muito a carga porque o inglês não fluía. Mas a equipe me ajudava e tentava fazer com que fosse mais suave o trabalho”.

Convivência amistosa

Sobre a convivência com os jogadores da seleção, Geisiel Santana revelou que passou mais momentos com o Fagner, lateral do Corinthians, pois sem a família por perto durante um tempo foi o que mais tinha tempo livre. Apesar disso, revelou que o contato era com todos, inclusive com Neymar, que segundo ele, não agiu com vaidade no grupo.

“Eu tive acesso e contato com todos os jogadores, dependia da demanda. Eu tive mais contato com o Fagner, porque a família dele não tinha chegado ainda e ele estava mais livre. Mas, no geral, todos foram muito educados e parceiros. Com Neymar também foi tudo tranquilo, ele não teve nenhuma bossalidade. Todo mundo jantava junto, tomava café da manhã, pegava o elevador, e a rotina também não deixava espaço para picuinhas”.

Momentos marcantes

Para Geisiel, os momentos mais marcantes ao lado dos jogadores foi o dia da partida que classificou a seleção para as oitavas de final, quando o Brasil derrotou a Sérvia por 2 a 0, e o dia da derrota para a Bélgica, em um jogo sofrido que terminou em 1 a 2 para os belgas.

“O dia de ápice foi o dia em que a gente passou da fase de grupos para as oitavas de final, e realmente houve uma comemoração legal no avião, com samba, algo bem característico dos brasileiros, e a eliminação. São emoções que não têm como descrever, e a derrota foi algo que eu tinha saído do campo já e, quando acabou o jogo, vi o pessoal voltando para o vestuário transtornado, chorando, ninguém sabia o que falar. Entrei às 3 da tarde e saí às 3 da madrugada nesse clima. Foi um dos dias mais difíceis que vivi na seleção e vim para o Brasil junto com a seleção”, detalhou.

Aprendizado

Para o estudante de Medicina, ser tradutor da Seleção rendeu bons aprendizados, que serão levados por ele para toda a vida.

“A maior lição foi sobre trabalho em equipe. A Fifa e a CBF são entidades diferentes, mas muito bem organizadas, bem trabalhadas, então eram coisas de um patamar que eu não tinha experiência”.

Ele disse ainda que as férias no Brasil estão sendo muito proveitosas, e como atualmente os pais moram em Valença, ele se divide entre Valença, Feira e Salvador.

“Quando eu venho para o Brasil faço um tour gastronômico, porque eu sinto muita falta do Brasil e da comida baiana, mas o que eu gosto de fazer mesmo é passar o tempo em família e com os amigos. Volto para a Rússia dia 23 ou 24 de agosto, porque em 1º de setembro já começam as aulas e eu volto a estudar. O clima de copa já passou e a gente tem que voltar à vida normal”.

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Com informações dos repórteres Paulo José e Orisa Gomes do Acorda Cidade.