Na manhã desta sexta-feira (18), moradores da comunidade de Pedra da Canoa, no distrito de João Durval Carneiro (Ipuaçu), em Feira de Santana, se reuniram em protesto para pedir atenção das autoridades quanto à situação da Escola Municipal Otaviano Ferreira Campos. Com faixas, cartazes e o coro “Queremos solução, o fechamento não!”, pais, alunos e professores manifestaram preocupação com a possível desativação da unidade escolar.
Segundo apurou a reportagem do Acorda Cidade, a mobilização foi motivada pela suspensão das aulas da Educação Infantil, devido à ausência de professores. De acordo com uma das professoras, conhecida como Tia Carla, os alunos foram transferidos para outra escola, a Dival Figueiredo Machado.
“A gente se reuniu aqui para pedir um olhar mais atencioso à comunidade, porque os nossos filhos foram transferidos para outro colégio, por conta de não ter outro professor e a gente não quer o fechamento da escola”, disse.
Segundo a educadora, apesar dos boatos, ainda não há confirmação oficial do fechamento, mas, com os problemas recorrentes enfrentados pela educação no município, como a falta de professores, a comunidade teme o fechamento. “A gente acredita que são conversas, mas, possivelmente com a ida dos alunos para outra escola, pode acabar acontecendo”, comentou.
A escola, que atende atualmente cerca de 30 alunos nos turnos da manhã e tarde, passou por reforma recentemente, mas está com mato alto ao redor, o que tem gerado mais insegurança. “A gente não sabe nem o que tem dentro daquele mato. E aí, manda nossos filhos para cá. Está crítico”, reclamou uma moradora.
As mães destacaram a importância da escola para a comunidade. Uma delas disse que, mesmo a prefeitura disponibilizando o transporte, ainda é pouco viável para o conforto das crianças, já que elas podem ter uma unidade mais próxima de casa.
“Meu filho estuda aqui, minha filha já estudou. Tem crianças de três anos, criança especial, criança pequena. Tem crianças que nem sempre ficam na escola. A mãe tem que ir buscar. Como é que vai ser isso tudo em outra escola, longe?”, questionou uma mãe.
Ao Acorda Cidade, as principais afetadas, as crianças, também manifestaram o desejo de permanecer na escola. “Eu gostaria de ficar aqui, é mais perto de casa”, disse uma aluna do turno da tarde.
Lara Sofia, que também estuda no turno da tarde, disse que prefere estudar perto de casa.
O secretário de Educação, Pablo Roberto, já teria sido procurado pela comunidade. Segundo Tia Carla, ele explicou que não há professores disponíveis no momento, pois a docente responsável está de licença médica e não há substituto para assumir a turma do Infantil.
O que diz a Seduc
A Seduc informou que, atualmente, não há intenção de fechar a escola. Ao Acorda Cidade, a pasta prestou esclarecimentos sobre os problemas que tem afetado a unidade escolar.
“A situação atual se deve à ausência temporária da docente responsável, que está afastada por licença médica sem previsão de retorno, e à indisponibilidade de um substituto no momento. Diante disso, para não prejudicar os estudantes, os 10 alunos da unidade foram transferidos, de forma provisória, para a Escola Municipal Dival Figueiredo Machado, que fica a 3km da outra escola e é gerida pela mesma diretora.”
Por meio de nota, a secretaria ainda ressaltou que os estudantes contam com transporte escolar disponibilizado diariamente, além do acompanhamento de uma funcionária durante o trajeto para garantir a segurança e a continuidade no processo de aprendizagem.
O secretário Pablo Roberto também conversou com o Acorda Cidade. Em entrevista, ele confirmou que esteve na unidade conversando com pais e gestão escolar na semana passada sobre as dificuldades. Segundo Pablo, a escola funciona com 28 alunos em dois turnos, uma turma multisseriada que já estava há aproximadamente 75 dias sem professor, que estava de licença médica.
“Quando estávamos na expectativa do retorno, ele renovou por mais 60 dias, ou seja, os alunos iriam ficar por um período muito longo sem aula, e, preocupado com isso, nós estivemos lá, conversamos com a família. Temos uma escola lá próxima, na Santa Rosa, conversamos com a comunidade, colocamos um transporte à disposição, colocamos um cuidador para acompanhar as crianças, para ir levar às 13h e voltar às 17hs. Das mães, sete aceitaram e três não concordaram com isso. Então, nós estamos fazendo essa experiência, tão logo nós tenhamos professor, o que esperamos é que nós possamos restabelecer as atividades lá”, informou ao Acorda Cidade.
O secretário ainda disse que a rede municipal de ensino está passando por uma reorganização em sua gestão e que a pasta está atenta a diversos problemas nas escolas, como aquelas que atuam ainda atuam com séries multisseriadas.
“O professor tem que se virar para poder dar aula para aquele aluno de várias séries. Então, isso não pode continuar acontecendo e nós estamos organizando isso. Existem escolas próximas, nós vamos continuar fazendo o reordenamento, colocando a estrutura à disposição, o transporte e as pessoas que possam cuidar desse translado também. E nós esperamos contar muito com a comunidade. Nenhuma escola está sendo fechada, porque a secretaria quer fechar. Nós estamos conversando, indo aos distritos, tivemos essa situação em Ipuaçu, estamos indo para Jaguara também, mas nós vamos continuar conversando com a população, explicando, colocando quais são as condições, e eu espero contar com a população”, acrescentou.
Ainda segundo Pablo, o número mínimo de alunos por sala de aula é de 15 e no máximo são 25 estudantes para haver regente de classe.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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