Superação

Comerciantes falam sobre tentativa e superação após perderem suas lojas em incêndio

A solidariedade foi o principal sentimento despertado pela tragédia e, desde o início do fogo, foi possível ver muitos comerciantes ajudando uns aos outros.

Rachel Pinto

Dez dias após o incêndio que destruiu lojas no centro comercial de Feira de Santana, comerciantes que tiveram prejuízos buscam se organizar e recomeçar as suas atividades. Eliene Nogueira, proprietária da loja Só Festas, localizada na Rua Tertuliano Carneiro, que ficou completamente destruída pelo fogo, contou ao Acorda Cidade sobre o susto e a tristeza do incêndio e como está buscando superar as perdas.

Incêndio no centro comercial de Feira de Santana

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Apesar dos prejuízos, a comerciante está otimista e disse que está se reerguendo na fé e na força de Deus. Ela afirmou que no primeiro momento ficou muito abalada e viu os sonhos e projetos de uma vida inteira sendo destruídos. Mas, está contando com a força da família e dos amigos para seguir em frente.

“A tragédia que aconteceu comigo não foi fácil. A princípio foi um choque e um susto muito grande. Eu não queria acreditar, pensei que era notícia falsa. Meu funcionário foi me avisar porque eu estava no sítio sem sinal de celular. Eu tremia tanto, fiquei tão descontrolada e foi muito traumatizante para mim. O susto foi muito grande e me abalou muito. Eu via aquele fogo destruindo todos os meus planos e projeto de uma vida”, disse.

Eliene destacou que a loja que foi destruída era como se fosse uma filha para ela. Era fruto de 30 anos de trabalho, luta e de toda uma trajetória de suor e muita dedicação. Para ela, o fogo destruiu toda a loja, mas não teve capacidade de destruir os seus sonhos.

“A loja era minha filha maior, em que eu projetei todos os meus sonhos. Mas, o fogo queimou a loja, queimou a minha filha do coração, mas não queimou os meus sonhos. Com eles eu estou seguindo em frente porque através da minha vida de luta e coragem eu não vou abaixar a cabeça nem desistir nunca porque eu sempre acreditei e batalhei para realizar os meus sonhos e superar a perda de bens materiais. A gente trabalha e reconquista”, enfatizou.

Com muita fé e esperança, a comerciante segue em frente. Com bom ânimo e pensamentos positivos ela relata que está focada em tudo que possa lhe fortalecer e contando com as mensagens, apoio e carinho de amigos, clientes e de pessoas que ele nem sequer conhece.

“O susto passou e eu comecei a focar no pensamento no que poderia fazer pra não desanimar e o que mais me fortalece é isso de saber que estão todos comigo. Pessoas que eu conheço e pessoas que eu nem nunca vi. Ligaram, mandaram mensagens, vieram dar abraços e todo esse carinho é o que me fortalece mesmo. Além da minha fé em Deus, que está comigo o tempo todo. Eu sou uma pessoa vencedora”, completou.

Exemplo de superação

Há cinco anos, o Atacadão São Roque também passou por um momento de sufoco e de muitos prejuízos. A loja localizada na Avenida de Contorno e com 26 dias de inaugurada sofreu um incêndio e foi destruída completamente.

O proprietário da loja, Roque Eudes, disse que no primeiro momento não acreditava em tamanha destruição e teve a sensação de total impotência.

Roque Eudes proprietário do Atacadão São Roque  (Foto: Paulo José/Acorda Cidade)

“Nunca imaginei que estava tendo um incêndio daquela magnitude. Fui achando que podia resolver. Quando cheguei lá vi a nuvem de fumaça e a primeira impressão que a gente tem é que não consegue acreditar no que está acontecendo. Vê um fogo incontrolável e dá uma sensação de impotência. Vi um sonho de cinco anos de construção e de investimento acabar e não pude fazer nada”, relatou.

Roque Eudes contou que apesar do choque, no momento do incêndio ele já encontrou forças para superar a tristeza e todas as perdas. Teve o apoio dos amigos, familiares e também de todos os funcionários que tentaram salvar e proteger a loja. A fé em Deus também foi seu grande incentivo e o que lhe trouxe a vontade de recomeçar.

Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade (arquivo)

“No dia do incêndio mesmo eu já comecei a achar forças. Ao mesmo tempo que eu chorava eu via boa parte dos amigos chegando, se aproximando, me abraçando e oferecendo apoio. Naquele momento eu estava de frente para uma tragédia. Mas, do outro lado eu estava com Deus, muitos amigos, irmãos família e órgãos da cidade”, relembrou.

Relembre o fato aqui

Recomeço

O Atacadão São Roque começou a ser reconstruído seis meses após o incêndio que destruiu toda a loja no dia 7 de julho de 2011. Em aproximadamente dois anos a loja foi reinaugurada e atualmente está em pleno funcionamento.

Segundo Roque Eudes, funcionários tiveram que ser demitidos e alguns foram relocados para outras lojas até que o empreendimento que sofreu o incêndio fosse reinaugurado. Ficou constatado que o incêndio foi causado por uma faísca de uma solda de um serviço para evitar vazamento de água e o seguro cobriu apenas uma parte do prejuízo porque a loja não tinha seguro total.

Segurança e prevenção de incêndios

Após a triste experiência do incêndio, Roque Eudes relatou que a segurança e prevenção passaram a ser prioridades para a reinauguração da loja. Itens como sistema de hidrantes foram implantados, assim como reservatório de água.

“Percebemos naquela época a fragilidade, a impotência que a gente fica diante de uma coisa que ninguém prevê que vai acontecer. Diante daquela impotência a gente viu a importância de ter um sistema de hidrantes, um reservatório de água e a loja quando foi reconstruída, alguns itens de segurança que ela não tinha foram colocados assim como em outras unidades.

Incêndio no Atacadão São Roque em 2011

Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade (Arquivo)

Lição de vida

Com o espírito de força e coragem, o empresário hoje passa uma mensagem de lição de vida e sobre a importância de se manter otimista e confiante sempre.

“Não olhem para os escombros, mas sim se apeguem a Deus e aos amigos. Esqueçam as pessoas que criticam. Se afastem delas e busquem forças. Lembrem-se de como tudo começou e que é possível reerguer tudo de novo. No momento do incêndio eu pensei que eu teria que vender a casa que eu morava e outros bens para honrar os compromissos e para tentar reabrir o negócio, mas graças a Deus a gente conseguiu fazer isso tudo, sem vender casa, sem vender nada. Tenham força e lutem que vocês vão conseguir”, concluiu.

Incentivo

São esses incentivos e de outras histórias de vida, recomeço e superação que os comerciantes da Sales Barbosa tentam retomar suas rotinas e suas atividades. Apesar de todos os prejuízos materiais, eles estão com a certeza de que Deus está no controle de todas as coisas e com fé e confiança é possível seguir em frente para alcançar a vitória.

A solidariedade foi o principal sentimento despertado pela tragédia e desde o início do fogo foi possível ver muitos comerciantes ajudando uns aos outros e também toda a comunidade feirense sensibilizada e torcendo por dias melhores para todos.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.