Acorda Cidade
Em ação civil pública ajuizada na última sexta-feira (17), o Ministério Público estadual solicita em liminar à Justiça, a suspensão imediata de dois contratos firmados em 2015 pela Câmara Municipal de Feira de Santana e a empresa Rede Geral Serviços Ltda. Segundo o promotor de Justiça Tiago Quadros, autor da ação, houve nas licitações das celebrações contratuais “irregularidades que afrontam os princípios da moralidade, da impessoalidade e da publicidade”.
As licitações tiveram como objeto a contratação de empresas para executar o planejamento técnico, operação e a transmissão da programação da TV Câmara e para prestar serviços de publicações legais de atos oficiais.
Conforme a ação, o ex-vereador e hoje servidor comissionado da Câmara Municipal, Humberto Lopes Cedraz, “utilizou sua influência para macular dois processos licitatórios, com o propósito de beneficiar a si e a integrantes de sua família”.
Por ter sido citado e sem procurar defesa, Humberto Cedraz disse ao Acorda Cidade que não possui influência nos processos licitatórios da Câmara, e que a escolha da empresa foi feita por membros da câmara que são servidores fixos, e não contratados, que não teriam interesse nenhum na opção por uma ou outra empresa.
Humberto ressaltou que tem apenas informações públicas sobre a licitação, como por exemplo, os valores da contratação. “A TV Geral se inscreveu em uma licitação aberta e ganhou no quesito menor preço. Pra você ter uma ideia, a empresa anterior tinha um contrato de 180 mil reais para nove meses, média de 20 mil reais por mês. Já o contrato com a TV Geral foi de 12 meses por 144 mil reais, um média de 12 mil por mês. A Câmara não teve prejuízo nenhum. Estou falando apenas porque fui citado, e acredito que a Câmara e a empresa poderão recorrer contra esta ação”, disse.
O promotor de Justiça aponta que a Rede Geral é de propriedade dos filhos de Humberto, que hoje ocupa o cargo de ouvidor da Casa Legislativa. Quadros afirma que o certame para a TV Câmara, no qual a empresa saiu vencedora, foi publicizado em jornal de edição semanal, com tiragem de apenas mil exemplares, direcionados apenas a assinantes. “Uma licitação nitidamente eivada por vício de publicidade”, disse. A irregularidade contra o princípio da publicidade também foi identificada no processo licitatório para serviços de publicação de atos oficiais, já que o aviso de licitação não teria sido publicado. A Rede Geral, novamente, foi a única interessada no certame.
Além disso, o promotor de Justiça aponta que, ao assinar o contrato, a Rede Geral passou a funcionar como “mero elo” entre a Câmara Municipal e a Cedro Editora Gráfica Ltda, fundada pelo próprio Humberto Cedraz e que tem sua esposa, Erika Schuenemann Cedraz, como acionista. A editora é proprietária do jornal Folha do Estado, onde foram publicados o resultado da segunda licitação e a maioria dos atos oficiais da casa parlamentar em 2015.
Humberto Cedraz disse não compreender o motivo da citação da esposa e da Cedro Editora, que não têm vínculos com a Câmara Municipal.