
Está em curso o Plebiscito Popular Por um Brasil Mais Justo, iniciativa nacional que consulta a população sobre temas centrais à dignidade da classe trabalhadora. Em Feira de Santana, a Central dos Trabalhadores está à frente da mobilização que questiona diretamente a jornada de trabalho na escala 6×1, considerada desumana por diversos movimentos sociais e sindicais.
São duas perguntas simples que podem decidir os rumos da jornada de trabalho no país:
- “Você é a favor da redução da jornada de trabalho, sem redução salarial, e do fim da escala 6×1?”
- “Você é a favor de que quem ganhe mais de R$ 50 mil por mês pague mais Imposto de Renda para que quem recebe até R$ 5 mil por mês não pague?”
A pauta da ‘escala’ ganhou força nas redes sociais a partir do movimento “Vida Além do Trabalho”, idealizado por Rick Azevedo, e tomou ainda mais corpo após a deputada Erika Hilton apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe a redução da jornada semanal de trabalho para 36 horas, com quatro dias trabalhados e três de descanso.
“Estamos vendo um Congresso Nacional que se comporta como inimigo do povo nos mais diversos momentos. Votam pelo aumento da conta de luz, aliviam o IOF para os milionários e agora querem manter as pessoas aprisionadas numa escala de trabalho completamente desumana. Esta é a pauta da família brasileira, do trabalhador brasileiro. Esta é a real pauta do povo, que importa ao povo e à qual o congresso quer virar as costas. Tem a pachorra de responder uma entrevista e, de maneira nem um pouco constrangida, mostrar que 70% de seus parlamentares são contra uma demanda que é latente e popular”, disse a deputada em uma das sessões na Câmara. (Veja ao final da matéria)
A insatisfação dos trabalhadores ultrapassou o mundo digital. Na última sexta-feira (4), manifestantes da Frente Povo Sem Medo e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocuparam a sede do Itaú — o prédio mais caro do Brasil — em São Paulo, cobrando o fim da escala 6×1 e a taxação dos super-ricos.
Em Feira, a mobilização segue firme. Em entrevista ao Acorda Cidade, Daiana Alcântara, coordenadora regional da Central dos Trabalhadores, destacou a urgência do debate e convocou a população a votar.
“Precisamos que os trabalhadores tenham mais dignidade, tempo e possam de fato ter saúde mental nos seus ambientes de trabalho, no seu lazer, no seu dia em casa, com a família. Então, a gente está fazendo essa mobilização para consultar a população a respeito da escala e também na luta da justiça tributária. Nós estamos com a votação com dois pontos: Você é a favor do fim da escala 6×1? Com certeza a galera vai votar sim. E o outro ponto é que aumente o teto da contribuição do imposto de renda para 5 mil reais. Porque a gente precisa taxar os super-ricos da nossa sociedade.”
Onde posso votar?
As urnas já estão espalhadas por diversos locais estratégicos da cidade, principalmente em sindicatos, como o dos trabalhadores rurais, dos professores (APLB), dos borracheiros e o Sintest Bahia.
“Estamos colocando urna nos sindicatos, em alguns pontos a gente está pensando em colocar e também nesses eventos, como esse de hoje. A população toda está sendo consultada, a gente precisa também que a juventude se manifeste, porque trabalho digno é uma luta de todos.”
Além da votação presencial, a população pode participar de forma digital, via QR Code. A organização reforça, no entanto, que é necessário preencher corretamente os dados, com nome completo, RG e telefone, para garantir a validade do processo. Vote, clicando aqui.
“Mas o foco é ter o registro da lista de presença, tudo certinho, com RG, para que essa votação seja válida e validada nos espaços que a gente vai levar. Assina, coloca os dados, nome completo, RG, telefone e a gente vai buscar fazer essa mobilização, que é uma mobilização política importante. A gente sabe que o Congresso tem votado coisas contra o povo e a gente precisa se mobilizar.”
A meta é alcançar um número histórico de votantes, consolidando o plebiscito como uma forte ferramenta de consulta e pressão popular. A população terá até o dia 7 de setembro para participar.
O resultado nacional da votação será sistematizado e enviado às instâncias políticas como um grito coletivo da classe trabalhadora. Todas as informações estão disponíveis no site oficial do plebiscito — que pode ser facilmente encontrado ao pesquisar “Plebiscito Popular” no Google. Lá também é possível cadastrar novas urnas e se engajar diretamente na campanha.
A receptividade, segundo Daiana, tem sido excelente. O tema da jornada de trabalho já estava potente entre os trabalhadores, especialmente os que atuam no comércio e supermercados, principais afetados pela escala 6×1.
“Está ótimo, porque é uma discussão que já tinha tomado toda a população, né? Todo mundo já sabe da importância do fim da escala 6×1. Nós, trabalhadores do comércio, dos supermercados, tantos trabalhadores explorados no nosso país, então todo mundo sabe que a gente precisa melhorar a vida do trabalhador. Então, trabalhar 6 dias e folgar apenas um é, sim, desumano, e a gente precisa mudar essa realidade.”
Com a força do plebiscito, os movimentos populares pretendem não apenas provocar o debate, mas fazer a mudança, participando ativamente das decisões que afetam suas vidas e seu trabalho.
Para votar, clique aqui.
Veja o vídeo da deputada abaixo:
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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