O ronco dos motores e o brilho das latarias tomaram conta do Parque de Exposições João Martins da Silva neste domingo (19), durante a 3ª edição do Low Car Sertão, evento que reúne carros antigos, rebaixados, off-roads e esportivos de várias cidades da Bahia e até de outros estados. A exposição, que já virou tradição entre os apaixonados por automóveis personalizados, é um verdadeiro desfile de criatividade e amor sobre quatro rodas.
De Simão Dias, em Sergipe, o designer Leno do Fox chegou dirigindo 360 quilômetros para mostrar seu Fox 2015 tunado com porta lambodol pra cima. Ele fez questão de explicar: “Essa porta, ela levanta e suspende automático. Ela custa R$ 3 mil só pra botar elas.”
O carro tem iluminação completa de LED, suspensão A, rodas aro 18, bancos de couro e até um efeito de fumaça que ele batizou de bafo do dragão. O investimento? Quase R$ 80 mil. “Comprei por R$ 48 mil. Investi 34 mil para ficar assim.”
Mas, segundo ele, se alguém chegasse agora e pagasse R$ 100 mil no carro, ele jamais venderia por lucro algum. “Invendível, não tem preço, não. Levou um ano e meio para ficar assim. Eu tenho outro carro para sair. Esse é para ficar em casa, enrolado no pano, guardado em casa. Ele tem tanta coisa que o motorista nem sabe por onde começar a usar.”
Em Feira de Santana, o carro de Leno já esteve duas vezes. Ele também já expôs em Lauro de Freitas, Salvador, Aracaju e pretende ir, nos próximos meses, para Santo Antônio de Jesus.
“Cada um tem sua paixão. O cara gasta R$ 100 mil em um cavalo e uma cobra pode morder, o cavalo morre. Aqui você gasta R$ 60, R$ 70 mil no carro, pode virar e acaba tudo, mas é o amor que a gente tem de trazer e ver o povo tirando foto. De rodar. Vou pra Simão Dias hoje ainda rodando. Eu rodo o Brasil todo com ele”, disse o colecionador ao Acorda Cidade.
Fusca com Picape
Representando a Princesa do Sertão, o Acorda Cidade conversou com o colecionador Gerson Oliveira Carneiro, do grupo Clássicos da Princesa, que levou ao evento um Fusca 1983 transformado em picape. “Esse projeto, entre o carro ficar pronto e a documentação, durou uns cinco anos e meio, mais ou menos”, contou. A transformação incluiu portas suicidas (que abrem da frente para trás), tampa de Kombi e bancos Recaro, tudo feito com capricho artesanal.
“Esse carro foi feita uma transformação estrutural primeiro, porque senão não aguenta o que a gente está modificando na carroceria do carro. Passou por uma reforma estrutural todinha, 100% de chassis, assoalho, carroceria e depois foi encaixando as modificações”, explicou.
Mesmo tendo recebido proposta de R$ 150 mil, Gerson garante que também não vende. “Um carro antigo modificado. É um veículo de coração meu e eu pretendo deixar ele para os meus dois netos.”
Quem pensa que ele já terminou, Gerson ainda pretende instalar o ar-condicionado, algo que deve sair em torno de R$ 12 mil de investimento. No geral, ele já gastou R$ 100 mil. “Onde a gente passa, o povo aplaude, quem passa de carro buzina. Aí as crianças adoram, pedem para tirar foto. É muito bom, é muito gratificante. Valeu a pena o investimento”, garantiu.
Low Car Sertão
Um dos organizadores, Eduardo Lima, explicou que o Low Car Sertão nasceu do desejo de unir diferentes públicos. “A gente resolveu unir todos, porque a paixão é uma só. E esse evento é proibido som automotivo, manobras. Ele, de fato, é uma exposição de carros. Pra você trazer a família, desfrutar da área kids, ver os carros, bater um papo. O objetivo é reunir os amantes desse mundo automobilístico. Independente do nicho, a paixão é uma só, independente se é rebaixado, esportivo, antigo, mas o carro é o ponto central.”
Ele conta que há carros que valem menos de R$ 10 mil e outros que ultrapassam R$ 300 mil. “Além dos rebaixados, aí vão os esportivos, que chegam a meio milhão. Os antigos também, que já passam da casa dos R$ 100 mil. Então é muito variado. A gente pega o público A, B, C, D, todo mundo. Vendi o meu há uns meses atrás e ainda não deu tempo montar o outro para vir aqui para o evento.”
Rebaixados
Eduardo também explicou que o rebaixamento automotivo é coisa séria e exige técnica. “O rebaixamento de um carro, tem gente que acha que é só cortar a mola e rebaixar. Então tem toda uma ciência por trás”, explica. Segundo ele, há três modalidades principais: a fixa, feita com molas esportivas; a rosca, que permite regular a altura manualmente; e a suspensão a ar, controlada eletronicamente. Para que o carro continue confortável e seguro, são necessárias modificações estruturais e uma proteção metálica sob o veículo, garantindo o que os amantes do estilo chamam de rodaliso.
E o investimento também não é baixo. “Hoje, uma suspensão A, que é o que mais tem hoje aqui, parte da casa dos R$ 3 mil. Já tem suspensão A mais preparada, que chega a R$ 15 mil. Fora as outras modificações. Então, pra você andar numa suspensão A, você fica fácil na casa dos R$ 10 mil”, contou.
O sucesso do evento já ultrapassa as fronteiras da Bahia. “Os carros aqui do evento estão pegando todo o Nordeste e até o Brasil, porque a gente tem carros que saem de Minas, de Goiás, de Sergipe, Alagoas, Pernambuco. A Bahia em peso está aqui. É um evento nacional, porque cresceu de uma forma que está vindo pessoas de todo o Brasil”, destacou Eduardo.
Ele ainda reforçou que, apesar de o público ser majoritariamente de carros rebaixados, há espaço para todos os estilos. “Foi a nossa equipe, que é a Abaixo 75, que é uma equipe de carro rebaixado que começou. Então, o primeiro evento mesmo foi quase 100% rebaixado. Só que vai divulgando. Mas você que tem um carro antigo pode expor. Você que tem um carro esportivo já vem aqui e já expõe. Mas o público, 80%, é rebaixado.”
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