Laiane Cruz e Ney Silva
Um grupo de mães e filhas de santo, e sacerdotes de religiões afrodescentes saíram às ruas de Feira de Santana, na manhã deste domingo (21), para protestar contra o preconceito, a discriminação e a intolerância religiosa na cidade. A caminhada saiu do cruzamento das Avenidas Getúlio Vargas com a Maria Quitéria e foi encerrada na praça João Pedreira.
(Foto: Valdenir Lima/ Secom)
A coordenadora da Federação Nacional da Cultura Afrobrasileira (Fenacab), Maria das Graças Ferreira Santo, conhecida como ‘Mãe Graça’, informou que essa foi a segunda edição da caminhada. O objetivo, segundo ela, foi combater a intolerância religiosa da cidade, que é muito grande.
“Nós fazemos essa caminhada inter religiosa, onde existem aqui pastores, espíritas cardecistas, católicos, e nós queremos dizer ao povo de Feira de Santana que podemos viver em comum acordo, em harmonia, mas cada um cultuando e respeitando a sua religião. Esse é o objetivo principal: o respeito à religião do outro”, afirmou Mãe Graça.
Ela afirmou que os tipos mais comuns de intolerância aos participantes da Ubanda e Candomblé são apedrejamento de casas de santo, de terreiros e xingamentos. “Esse ano nós já tivemos três casos de apedrejamento, inclusive com garrafas, em casas de axé. Houve um em uma casa de axé no bairro Feira IX, uma agressão de um pastor com uma sacerdotisa no Jardim Acácia, entre outras intolerâncias que a gente sofre, como professoras evangélicas dizerem para nossos filhos que eles vão para o inferno porque nós somos de religião de matriz africana. Temos que acabar com essa discriminação”, enfatizou a sacerdotiza.
O sacerdote de religião de matriz africana Aristídes Maltez destacou que a função visa unificar os povos, conscientizar e orientar, independente de credos religiosos. Ele confirmou que a intolerância em Feira de Santana é muito grande e disse que ele e outro filho de santo já foram vítimas em uma faculdade.
“Tanto eu como um filho de santo fomos agredidos verbalmente e fisicamente. Essa intolerância é falta de conhecimento. A partir do momento que a pessoa não conhece a sua origem, sua história, a sua cultura, então ela acha que aquilo que acredita tem que ser imposto ao outro. Mas esse país é laico, nossa cidade, nosso estado é laico, então tem que se fazer valer a lei”, salientou.
(Fotos: Valdenir Lima/ Secom)