Bahia pela Paz se une ao Pipas Literarts -
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Nesta terça-feira (11), o Coletivo Bahia pela Paz do bairro Conceição, em Feira de Santana, recebeu uma oficina do projeto Pipas Literarts nas Escolas. O objetivo foi levar arte, cultura e expressão corporal aos jovens que são assistidos pela instituição.

Bahia pela Paz se une ao Pipas Literarts -
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Conhecer a si mesmo é fundamental para se desenvolver em sociedade. Essa foi uma das questões discutidas na oficina “Um corpo que fala”, realizada pela estudante Geovana Bispo. Ao Acorda Cidade, ela contou o quanto a experiência foi importante para a construção de sua identidade.

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Geovana Bispo | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Me ajudou muito na questão de autorreconhecimento das minhas ancestralidades, sobre a minha própria identidade, e eles ressaltam muito bem como se identificar, sendo que você acaba não sabendo quem você é e você acaba se descobrindo nesse projeto. O projeto Bahia pela Paz ajuda muita gente a se descobrir, novas artistas, escritoras, e a gente acaba descobrindo novos dons que a gente achava que não tinha.”

Na mesma perspectiva, a estudante Emily Barbosa estava muito contente em poder aprender e discutir sobre o que ela representa no mundo enquanto uma menina negra, oriunda de um bairro periférico da cidade.

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Emily Barbosa | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Eu achei muito interessante, ela deu exemplos de muitas coisas que a gente realmente vive. Eu, como uma menina negra, já vivi muitas situações de racismo. E é cotidiano, na escola, na rua. Então, tipo assim, eu acho muito interessante esse momento de a gente, às vezes, parar para refletir o quanto isso nos afeta, mas o quanto também pode nos fortalecer”, disse a estudante ao Acorda Cidade.

Por meio do Bahia Pela Paz, Emily também faz acompanhamento com psicólogos e assistentes sociais. “Todo momento que a gente vem para o projeto, a gente sempre tem descobertas novas que nos ajudam muito para fora daqui também, na escola, na vida e enfim.”

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Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Jaqueline Santos, coordenadora do Bahia pela Paz, destacou a importância de trazer expressões artísticas e culturais para os jovens assistidos pelo programa.

“Os jovens, a gente sabe que muitas vezes são atravessados por diversas violências que não conseguem ter esses espaços para poder se expressar também. Então as oficinas vêm com uma forma desse pertencimento, dessa identidade, dessa cultura para a gente poder potencializar as vivências dessas juventudes, mas também colocá-las como protagonistas das suas próprias histórias.”

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Jaqueline Santos | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Segundo Jaqueline, um dos objetivos do Bahia pela Paz é fomentar o político-cidadã e fortalecer a política de paz para trazer novas possibilidades tanto nos territórios em que eles estão quanto no mundo afora.

“A arte, a cultura e a literatura vêm para poder reforçar aquilo que os jovens já têm dentro de si e que muitas vezes não conseguem expressar para as comunidades.”

Desde a implementação do Bahia pela Paz em Feira de Santana, oficializado em junho deste ano, um dos desafios apontados pela coordenadora é a compreensão da comunidade de que os coletivos, tanto no bairro Conceição quanto na Mangabeira, são espaços seguros e que devem ser ocupados pelas pessoas mais vulneráveis.

Bahia pela Paz se une ao Pipas Literarts -
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Por meio do projeto, formações político-cidadãs, por exemplo, são realizadas semanalmente com oficinas com jovens de 12 a 29 anos. A ideia é incentivar a autonomia profissional, financeira e/ou social dentro de seis meses.

“Muitas vezes a gente pensa em atividades voltadas para a juventude, que tragam, despertem também esse interesse dos jovens. E os desafios vêm justamente para conseguir tirar os jovens de outros espaços que muitas vezes não lhes pertencem. Então, o coletivo é esse espaço comunitário que a gente possibilita tanto o acolhimento, tanto esse acompanhamento com a juventude, mas também possibilita esse espaço de cidadania, de garantia de direitos, de promoção de cidadania.”

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Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

E as ações não param por aí. Em breve uma feira cultural deve apresentar à comunidade o que os jovens estão produzindo nos coletivos.

Pipas Literarts

Celebrando cinco anos de atuação, o Pipas Literarts é um projeto que leva a literatura e a cultura popular para as comunidades, por meio da contação de histórias. Cíntia Maria é uma dessas pessoas que, por meio dessa arte, têm ajudado a promover oficinas, espetáculos e vivências literárias para as pessoas.

Bahia pela Paz se une ao Pipas Literarts -
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Somos um coletivo que está situado aqui no bairro da Conceição, e esse projeto Bahia Pela Paz pontualmente está situado em alguns bairros específicos. Nós vimos a oportunidade de articular aquilo que a gente já vinha desenvolvendo dentro da cidade de Feira de Santana, dentro do nosso bairro da Conceição, e envolver a literatura, a arte, a contação de história, com essa proposta desse coletivo, de levar a arte, as histórias, usando a nossa voz, usando o nosso corpo, o nosso olhar, para promover essa paz dentro aqui do nosso bairro da Conceição.”

Cíntia destacou que a Contação de Histórias não é apenas para o público infantil, mas para todos que têm a sensibilidade da escuta, de querer ouvir e entender o outro, sobretudo em um tempo em que as telas fazem parte diariamente da vida das pessoas.

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Cíntia Maria | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Em um mundo em que as pessoas não estão mais se escutando tanto, é um momento de as pessoas escutarem as histórias, que nós emprestamos no nosso corpo, a nossa voz para poder trazer a ancestralidade àqueles que contaram histórias antes de nós, colocar nesse corpo e nessa voz que nós andamos e circulamos essas histórias para que as pessoas que têm essa sensibilidade auditiva, que queiram escutar uma boa história, uma boa prosa, também possam ali escutar.”

“Quando a gente trabalha muito essa questão das histórias da oralidade, que são aquelas histórias que foram contadas pelos mais velhos e foram repassadas de boca em boca, a gente vai entendendo que, com isso, a gente está valorizando a cultura popular. Então, um dos modos do Pipas Literarts é valorizar as histórias a partir da cultura popular.”

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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