Audiência na Câmara discute fim da violência contra as mulheres e mobilização de enfrentamento
Foto: CMFS

Com o intuito de discutir e mobilizar a população para os 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres este ano, bem como refletir sobre o tema “mulheres negras e o enfrentamento à violência: resistência e ancestralidade”, uma Audiência Pública foi realizada, na Câmara Municipal, na manhã desta quinta-feira (27). O evento foi proposto pela vereadora Lu de Ronny (PV) e propôs, ainda, reflexões pensar sobre ações educativas, que fortaleçam a rede de enfrentamento de violência contra as mulheres.

Segundo Lu de Ronny, também buscou-se, com a Audiência Pública, estimular o diálogo acerca das múltiplas formas de violência contra as mulheres, com ênfase nas demandas e realidades das comunidades rurais, bem como fortalecer a articulação intersetorial entre a Secretaria Municipal da Mulher, os Cras, os Creas e demais instituições que compõem a rede de proteção e atendimento.

Audiência na Câmara discute fim da violência contra as mulheres e mobilização de enfrentamento
Lu de Ronny | Foto: CMFS

“Ainda, precisamos mobilizar e engajar homens e jovens no enfrentamento à violência de gênero, em consonância com as ações alusivas ao Dia do Laço Branco, celebrado em 6 de dezembro”, disse a vereadora, destacando a importância de “incentivar a valorização das mulheres como protagonistas nos processos de transformação social, e reafirmar o compromisso público com a promoção dos Direitos Humanos, da igualdade de gênero e da prevenção de todas as formas de violência contra as mulheres”.

Lu de Ronny aproveitou para anunciar que foi nomeada Procuradora da Mulher da Casa Legislativa pelo presidente Marcos Lima (União Brasil), o que reforça ainda mais o seu envolvimento em ações como essa dos 21 dias de ativismo.

Afetos, resistências e enfrentamentos

“Ao tratar de mulheres negras e enfrentamento à violência, resistência e ancestralidade, estamos falando de inúmeras formas de afetos e também de como estes afetos resultam em crimes e muitas dores”, disse a palestrante convidada, Sandra Maria Silva. Segundo ela, o tema revela um recorte muito triste do Brasil. “Eu queria estar aqui para falar de algo que nos afeta apenas de forma amorosa e nos toca a alma de forma leve. No entanto, infelizmente, isso não é possível, e temos um longo e árduo caminho pela frente, mesmo com pessoas engajadas e um longo aparato para mudar o quadro de agressões no país”, lamentou.

Audiência na Câmara discute fim da violência contra as mulheres e mobilização de enfrentamento
Sandra Maria | Foto: CMFS

Sandra Maria lembrou do 25 de novembro, Dia Internacional da não-violência contra a mulher, e dos 21 dias de ativismo pelo fim dessa violência, que começou no dia 20 deste mês, com o Dia da Consciência Negra, e termina em 10 de dezembro, quando se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos. “Esses dias de ativismo começaram em 1991, em homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Tereza, intituladas ‘as mariposas’. Elas foram assassinadas na década de 1960, na República Dominicana, e submetidas às mais diferentes formas de violência e tortura, dentre elas o estupro”, contou a palestrante.

Sandra Maria falou ainda sobre os papéis que as mulheres devem assumir na sociedade, “normalmente de subalternidade e submissão”, e que elas são induzidas a não aspirarem por determinados lugares e posições. “O objetivo é nos colocar em situações vistas como de menor potencial e com menores chances diante das várias possibilidades, o que, muitas vezes, é internalizado por algumas de nós e reproduzido como se fosse algo natural”, assinalou.

Compuseram a Mesa de Honra da Audiência Pública, ao lado da vereadora Lú de Ronny, a secretária Municipal da Mulher e ex-vereadora Neinha Bastos; a idealizadora e organizadora da antologia “Mulheres Negras”, Delma dos Santos Silva; a presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher, advogada Esmeralda Halana; a palestrante do dia, Sandra Maria Silva; e Marlene Lima, convidada especial da Audiência Pública.

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