Rachel Pinto
A criatividade sempre esteve presente na vida do artista feirense Don Guto, de 34 anos. Desde a infância, suas brincadeiras sempre estiveram relacionadas ao gosto pelos rabiscos e pelas pinturas e desenhos. Esse gosto pelo universo lúdico e criativo ficou ainda mais aflorado na adolescência, quando deixou um trabalho de almoxarife em uma oficina de caminhão, para mergulhar de vez no mundo das artes como designer e ilustrador.
Foto: Arquivo Pessoal
O contato com as linguagens urbanas, com a música, o rock, o hip-hop e o skate passou a ser escrito com as latinhas de spray e do grafitti e começaram a se formar os primeiros desenhos que vão transformando e colorindo a cidade de Feira de Santana.
“A arte é livre, assim como os meus ideais, constrói minha narrativa de forma singular, abordando temas que envolvem tanto minha própria evolução espiritual quanto o mundo subjetivo ao meu redor, seja de forma abstrata, surrealista ou expressionista, minha grande fonte de inspiração é a arte”, diz.
Foto: Arquivo Pessoal
As principais referências e elementos das obras de Don Guto são os cenários urbanos, cores fortes e um traçado bruto. “Minha arte preza pela imersão do expectador, de longe é possível ver as cores e de perto os detalhes surgem com elementos figurativos e uma história se revela, criando um novo olhar, uma outra perspectiva”, acrescenta.
Foto: Arquivo Pessoal
Sempre envolvido com outros artistas da cidade e pensando na arte como forma de união e partilha, Don Guto participou e foi um dos organizadores das duas edições do Encontro Nacional de Grafitti de Feira de Santana em 2015 e 2016 e também foi um dos artistas que contribuíram para a revitalização do Beco da Energia. Seus trabalhos já coloriram também as paredes do Centro de Capoeira Angola, Irmãos Guerreiros em Vienna na Aústria e suas ilustrações estão presentes no livro Antologia Rabiscos, contemplado em um edital da Fundação Cultural do Estado da Bahia.
O artista e a cidade
Conectado com as manifestações artísticas, culturais e sociais de Feira de Santana, o artista sempre participa de ações e trabalhos educativos e de consciência social. Recentemente, ilustrou uma charge super criativa sobre o respeito e a preservação dos jacarés da Lagoa Grande em Feira de Santana e para ele, é sempre bom um artista estar ligado aos acontecimentos cotidianos, principalmente com campanhas de consciência ambiental e de apoio à comunidade. A charge de Don Guto sobre o jacaré Arthurzão foi publicada pelo Acorda Cidade e rendeu muitos comentários e interação entre os internautas.
Ilustração: Don Guto
Além do envolvimento com o dia a dia do local onde mora, o artista também tem um espaço onde cria suas obras, deixa sua criatividade fluir em todos os trabalhos e junto com o amigo Ivan Coelho, que também é grafitteiro e artista, promovem cursos e workshops para pessoas da comunidade interessadas em aprender mais sobre arte, cultura e outras linguagens. O espaço Solar é um ambiente de troca, interação e onde a arte flui de forma leve e espontânea. Fica localizado na R. Frei Henrique Ascoli, bairro Capuchinhos, Feira de Santana.
Foto: Arquivo Pessoal
Don Guto conta que fazer música também é um diálogo artístico que lhe inspira e saber que novos artistas vão surgindo na cidade traz um pouco mais de esperança.
Foto: Arquivo Pessoal
“Feira ainda é uma cidade em formação, ainda temos muitos vícios dos tempos dos coronéis, e os valores históricos quase sempre são apagados sem nenhum pudor. Mas, a esperança de que novas cabeças vão estar sempre surgindo, para mudar o que aí está”, finalizou.
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