Laiane Cruz e Ed Santos
Natural de Feira de Santana, o arquiteto e urbanista Sidney Quintela, 40 anos de idade, já assinou, em 15 anos de atuação no mercado, mais de 2 mil projetos em dez estados brasileiros, além de países da Europa, África e América, junto com sua equipe composta por cerca de 50 profissionais. Ele foi um dos palestrantes do 1º Encontro de Arquitetura e Urbanismo, promovido pela alunos de arquitetura e design da Faculdade Unef, nesta quinta-feira (17).
O objetivo do evento foi principalmente discutir e chamar a atenção da cidade para a reorganização do espaço urbano associado à melhoria da qualidade de vida da população. O encontro contou ainda com a participação dos arquitetos Ana Cristina Monteiro e Ivan Rocha, e a design de interiores Cátia Bacellar, em um bate-papo sobre as alegrias e desafios da profissão.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o arquiteto Sidney Quintela falou sobre a relação entre a Arquitetura e Urbanismo e o ser humano. “É uma ciência, na qual o grande foco é atender o ser humano. A gente vive, mora e trabalha em arquitetura, a gente se desloca na cidade no urbanismo, então tem uma relação direta com o usuário. Ela pode proporcionar bem-estar e harmonia, ou mal humor, mal-estar e desconforto. É uma ciência que é diretamente ligada ao comportamento humano”, explicou.
De acordo com ele, o urbanismo visa sobretudo minimizar os problemas do cotidiano, mas para tanto são necessários investimentos que solucionem as questões de forma definitiva e não paliativa como muitos governos têm feito.
“O mundo moderno vem com várias mazelas, como a quantidade de veículos, a criminalidade, a falta de segurança, educação, sobretudo em países como o nosso, que são países continentais, jovens e que ainda não tiveram o investimento necessário para solucionar esses problemas. Existem cidades mundo afora que estão 100% resolvidas, obviamente que não passa somente pelo investimento, mas também pela educação, geração de emprego e renda, conscientização da população, respeito ao próximo, civilidade, enfim, um caminho longo”, analisou.
Com relação à construção dos imóveis, Sidney Quintela acredita que a arquitetura é funcional na medida em proporciona conforto e bem-estar sem exageros de espaços e consumo de energia e água excessivos.
“Na arquitetura dos imóveis a tendência principal é atender o ser humano e dotar esse espaço de conforto para abrigar as pessoas. Depois disso, tem que caber no bolso, onde se deve encontrar uma equação entre a necessidade e a capacidade tê-la. Você tem quatro pilares: o bom dimensionamento desse espaço, uma boa solução acústica, uma boa iluminação, de preferência natural, e uma boa ventilação, também de preferência natural. Esses quatro elementos garantem o conforto, que é você estar bem em um ambiente simples, pois na simplicidade estão os grandes projetos”, afirmou o arquiteto.
Em seus 15 anos de profissão, Sydney lembra como ponto alto da sua carreira a requalificação do bairro Rio Vermelho, em Salvador, que após a obra se tornou um espaço bastante frequentado pelas famílias.
“Era um grande trecho de orla, um bairro nervoso, complexo, com todas as suas características, história, oposição política, aldeias de pescadores, baianas de acarajé, hotéis, bares, restaurantes, comunidades carentes, tudo isso dividindo o mesmo espaço, e pegar um lugar com essa complexidade, com 200 mil metros quadrados, e conseguir devolver à sociedade e a comunidade um espaço público qualificado, que após a conclusão da obra, passou a ser usado. Então, pelo fato de isso interferir na vida de milhares de pessoas diariamente ele acaba ganhando um certo protagonismo no meu currículo, na minha história”.
Graduado na Universidade Federal da Bahia, Sidney Quintela, diz que tem muito orgulho de ser feirense, mas adotou Salvador como sua casa, após desembarcar na cidade para estudar. “O meu primeiro contato com a arquitetura foi quando eu entrei na faculdade em 1992. Sou feirense, com muito orgulho, sai de Feira em 1991 para estudar em Salvador, cursei a Universidade Federal da Bahia, porque era a única faculdade que oferecia o curso na época”, finalizou.