Andréa Trindade
Conforme antecipado pelo portal Acorda Cidade, o Instituto de Cardiologia do Nordeste da Bahia (ICNB), que desde 2008 vem atuando nas dependências da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana, fechou as portas e mais de 130 funcionários foram demitidos.
A unidade esperou os quatro últimos pacientes receberem alta para começar a retirar os materiais e desocupar o imóvel, em obediência a uma determinação judicial. Segundo o ex-funcionário Wagner de Jesus Vieira, há profissionais que não recebem salários desde o mês de setembro do ano passado, outros desde janeiro.
Ele informou que a retirada dos móveis e materiais do instituto começou na última sexta-feira (8), quando receberam uma liminar para desocupar o imóvel e que o destino dos equipamentos não foi informado.
“Uma das referências de cardiologia na Bahia fechou as portas sem pagar funcionários e fornecedores. Muitos já saíram e não sei explicar o que houve”, disse o ex-funcionário que atuava desde 2009 no ICNB.
Antes de fechar totalmente, os serviços de emergência em cardiologia e o setor de hemodinâmica foram suspensos por causa do atraso de pagamentos. De acordo com informações obtidas pela nossa reportagem, as dificuldades financeiras do ICNB ocorreram a partir do mês de dezembro de 2010 quando a direção da Santa Casa de Misericórdia bloqueou um repasse de R$ 400 mil. Isso teria ocorrido pelo fato do instituto ter deixado de cumprir algumas cláusulas contratuais com a instituição.
O ICNB realizava atendimentos através de serviços importantes chegando a salvar muitas vidas de pessoas que ao sofrerem um infarto não teriam tempo de serem transferidas para Salvador. Também era possível fazer até cateterismos. A empresa chegou a fechar convênios importantes com a Petrobras e até atendia pela Unimed-Feira os casos de emergência.
Com o bloqueio dos recursos a direção do ICNB entrou com uma ação contra a Santa Casa, que por sua vez fez a contestação.
Funcionários
Com salários atrasados muitos trabalhadores estão passando dificuldades financeiras e muitos não têm mais condições de pagar aluguel, prestações de veículos e mensalidade escolar.
“Hoje estamos isolados sem nenhuma perspectiva do que vai acontecer daqui para frente. Dizem quem vão dar uma satisfação, que eu chamo de insatisfação, por que o correto é pagar a todos. Como é que vamos ter esperança de receber um salário se quem saiu em setembro não recebeu nada ainda?". Questionou Wagner.
Ele informou que o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e o INSS estavam sendo recolhido, mas não estavam sendo depositados.
“Eu só tive deposito de FGTS em agosto de 2009. Saí sem salários e sem férias,” afirmou.
A direção do hospital deverá convocar os funcionários para prestar esclarecimentos sobre o fechamento e se eles serão assumidos caso seja reaberto. As informações são do reoporter Paulo José, do programa Acorda Cidade.
Fotos Paulo José