Mais uma vez, pacientes que estavam aguardando o Transporte Fora do Domicílio (TFD) em Feira de Santana ficaram esperando o serviço que não chegou. A reportagem do Acorda Cidade esteve na manhã desta segunda-feira (15) no Terminal de Transbordo Central, onde acompanhou 16 pessoas que estavam no local aguardando o veículo. Segundo as pessoas que estavam presentes, do local saíram dois ônibus, mas o terceiro quebrou, deixando exatamente 16 pacientes sem o transporte.
O problema é crônico e já foi mostrado diversas vezes aqui no Portal Acorda Cidade. A maioria dos pacientes chegaram por volta das 4h da manhã para seguir destino a Salvador.
Muitos pacientes seriam transportados para o Hospital Especializado Octávio Mangabeira (Heom), em Salvador, onde tinham consultas agendadas, como dona Giovanni Brito Silva.
Outra paciente, chamada Maria de Fátima Sena de Oliveira, possui um desfibrilador e também seria encaminhada para o neurocirurgião, em Salvador, no Hospital Ana Nery (HAN). Ela temia perder o atendimento por falta do transporte.
“Eu tenho um desfibrilador e iria ao cirurgião, que eu preciso trocar a bateria. E eles fazem uma coisa dessa. Não dá uma satisfação. Saíram dois carros e a gente ficou. Dizendo eles que o terceiro que iria sair quebrou”, confirmou ao Acorda Cidade.
Bastante abalada, Fátima, que é moradora do bairro Brasília, disse que, perdendo o procedimento de hoje, só vai conseguir resolver o problema daqui a seis meses. O equipamento utilizado por ela já está vencido e deve ser trocado a cada cinco anos.
“Se eu não for hoje, só daqui a seis meses. Como é que eu faço? A bateria vai aguentar mais seis meses? Não sei dizer quanto mais ela aguenta. O médico iria dizer hoje que já tem cinco anos”, afirmou ao Acorda Cidade.
Damiana de Oliveira Caldas, moradora do conjunto Fraternidade, disse que começou a se organizar às 4h da manhã para chegar até 5h30 no Transbordo Central para pegar o transporte. Ela, que utiliza o serviço frequentemente, confirmou que já passou por outras situações parecidas.
“Perdemos consulta outro dia e o carro voltou na metade do caminho. A gente teve que se virar para voltar porque remarcaram a consulta sem nos avisar.”
“A gente vai ter que remarcar porque não vai dar tempo. Eu estava marcada para 8h da manhã e ainda estou aqui”, disse outra paciente.
Outra pessoa também reclamou sobre o processo para remarcar os atendimentos. “O pior é que nós temos que remarcar. A gente hoje tem que sair daqui a qualquer hora para remarcar. Porque a secretaria daqui de Feira acharia que ele deveria marcar para nós, já que o carro não foi.”
Uma das pacientes questionou a falta do auxílio-alimentação, que antes era dado para que as pessoas pudessem se alimentar enquanto aguardavam o atendimento. Mesmo indo pela manhã, muitas pessoas precisam aguardar o atendimento pela tarde e ficam praticamente o dia inteiro fora de casa.
“Por que não fizeram a vistoria antes dos carros? A pessoa, quando viaja, não tem que fazer vistoria? Por que não fizeram a vistoria antes? Deixaram para fazer hoje? 16 pessoas deixaram de viajar. E outra coisa que eu quero falar também: tem mais de um ano que a gente não recebe o cartão de alimentação, que eles dão um valor. Tem mais de um ano que a gente não recebe, não dá um centavo. Dava e depois tiraram e até hoje nunca mais deu.”
Segundo apurou o Acorda Cidade, os 16 pacientes só conseguiram prosseguir viagem depois das 12h20. Não se sabe se pacientes que possuíam o atendimento pela manhã conseguirão realizar o atendimento quando chegarem às unidades.
O Acorda Cidade buscou um retorno com a Secretaria de Saúde e foi respondido com a seguinte nota:
A Prefeitura de Feira de Santana está trabalhando para melhorar a operacionalização da frota de veículos que atende ao programa Tratamento Fora do Domicílio (TFD). A gestão municipal destaca que segue em andamento o processo licitatório para aquisição de um novo veículo, um micro-ônibus, para reforçar a prestação desse serviço.
O novo veículo será adaptado para pessoas com deficiência (PCD), ampliando a acessibilidade e garantindo que todos os usuários tenham condições adequadas de deslocamento.
Atualmente, o TFD atende cerca de 1.500 usuários que necessitam de transporte para exames e procedimentos médicos em Salvador, não disponíveis na rede municipal de Feira de Santana. O serviço é operado com cinco ambulâncias, três micro-ônibus e um carro pequeno adaptado para cadeirantes.
Apesar das informações, não foi divulgado oficialmente se os pacientes conseguiram o atendimento e a confirmação do horário exato em que o serviço foi disponibilizado.
Também não há informações sobre o caso de Maria de Fátima Sena de Oliveira, que, caso perca o atendimento hoje, pode ficar até seis meses aguardando uma nova consulta para trocar a bateria do desfibrilador, dispositivo implantável que controla o ritmo cardíaco da paciente.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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