Acidentes

HGCA registra mais de 3 mil atendimentos de vítimas de acidentes de trânsito em 2025; ocorrências com moto lideram ranking

Segundo o hospital, apesar de alto, o número se mantém equivalente ao de 2024. Acidentes com motocicleta superam os demais veículos.

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HGCA
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Entre janeiro e agosto de 2025, o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) registrou atendimento de 3.038 pacientes vítimas de acidentes de trânsito. Deste número, 80% dos casos aconteceram em Feira de Santana. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2025 já foram registradas 11 mortes no trânsito apenas do Anel de Contorno (BRs 116 e 324).

Em entrevista ao Acorda Cidade, a coordenadora do Núcleo de Epidemiologia do Hospital Geral Clériston Andrade, Ângela Carvalho, explicou que os dados computados dizem respeito a atropelos de pedestre, acidentes envolvendo carros de pequeno e grande porte, motocicletas, e bicicletas. Apesar de alto, segundo ela, o número segue equivalente ao do ano anterior, 2024, em que no total foram atendidos 5.070 pacientes.

Ângela explica que o foco do hospital é atender urgências e emergências, por esse motivo, vítimas de toda a região acabam sendo reguladas para a unidade.

Ângela Carvalho, Coordenadora do Núcleo de Epidemiologia do HGCA
Ângela Carvalho, Coordenadora do Núcleo de Epidemiologia do HGCA – Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Alguns pacientes que não estão graves, são atendidos pelo Samu, pela Polícia Rodoviária, ou pelo Dnit, chegam aqui ao hospital e na entrada deles é feita uma triagem. Se esse paciente está mais grave, ele vai para a sala vermelha. Se ele está menos grave ele vai para a ortotrauma para fazer o acompanhamento e os procedimentos que precisam ser feitos”, relatou.

De acordo com a profissional, é notório que a imprudência interfira diretamente no número de sinistros registrados. No hospital é possível notar um aumento dos casos durante o fim de semana.

“A gente tem um aumento, entre sexta à noite e domingo à tarde, o que está relacionado ao uso também de bebida alcoólica. Usa bebida alcoólica e acha que está bem, e aí vai, sai de moto ou sai de carro, só que os reflexos já estão diminuídos pelo uso da bebida alcoólica. Então não consegue reagir de forma rápida a algum problema que aconteça na via e aí se acidentam”.

Motocicletas lideram ranking de acidentes

Chama atenção, o números de acidentes envolvendo motocicletas, que superam os acidentes com demais veículos, tanto em quantidade, quanto em gravidade. 

HGCA registra mais de 3 mil atendimentos de vítimas de acidentes de trânsito em 2025; ocorrências com moto lideram hanking
Foto: Divulgação HGCA

“Acidentes de moto, que é a nossa grande maioria, o que a gente percebe muito são os pacientes com fratura, de perna, de costela, de braço, ou com traumatismo craniano, quando principalmente aqueles que estão sem capacete ou que estão com capacetes inadequados”

Ângela destaca que a não utilização do capacete está entre os principais agravantes dos acidentes que acontecem na zona rural. Em Feira de Santana boa parte dos pacientes acidentados utilizam a motocicleta como ferramenta de trabalho.

“A gente vê muito paciente de zona rural que chega aqui com traumatismo craniano, porque eles não usam capacete, eles não entendem que o capacete é para a segurança dele. Dentro da cidade também tem muitos pacientes que chegam sem capacete, uma quantidade grande também de trabalhadores, as pessoas que trabalham por aplicativo de entrega ou de transporte de pessoas”, afirmou.

O alto número de acidentes infelizmente compromete a ocupação dos leitos do HGCA. O motivo é que as vítimas de acidente acabam demandando mais tempo de internação e recuperação. Segundo a coordenadora, esse é um dos motivos que tem causado superlotação em unidades hospitalares. Nos casos de traumatismo é comum que sejam necessárias as cirurgias ortopédicas, e até mesmo antes de uma cirurgia, os exames necessários podem demorar um pouco mais.

“A gente não tem nem médico suficiente para fazer todas essas cirurgias que precisam de forma mais rápida. A gente fica com pacientes nos corredores porque não tem leito suficiente e até impede que a gente receba outros pacientes, como pacientes com AVC, com outros problemas de saúde que precisam ser transferidos das UPAs, das policlínicas para cá. E muitas vezes essa transferência demora porque os leitos estão ocupados com pacientes vítimas de acidente de trânsito”

Os dados acendem o alerta para um problema que afeta a segurança e compromete o setor da saúde. Por ser o maior entroncamento rodoviário do Norte e Nordeste, muitos casos acabam acontecendo nas rodovias que cortam Feira de Santana.

“Aqui por Feira de Santana, passam as BR-324, a BR-101 e a BR-116. Então, nós também atendemos pessoas que estão viajando ou trabalhando e passam por nossa região e sofrem algum tipo de acidente. Compromete muito, muito mesmo”, relatou.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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