Daniela Cardoso
O Ministério da Educação divulgou na última terça-feira (13) o balanço final da edição de 2014 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo a pasta, mais de seis milhões de estudantes fizeram o exame e mais de 500 mil zeraram a redação. Para a professora e ex-secretária de Educação do município de Feira de Santana, Ana Rita Alves, o resultado retrata a realidade do ensino público no Brasil.
“Esse resultado não me surpreendeu. Acho que reflete o que está acontecendo na educação do país. Temos uma fragilidade muito grande no desenvolvimento de competência de ler e de escrever. Mais de 500 mil estudantes tiraram zero na redação, o que representa quase a população de Feira de Santana. É um indicador muito significativo”, considera.
O tema da redação foi "Publicidade infantil em questão no Brasil" e a ex-secretária afirma que o grau de dificuldade dos temas são diferentes de um ano para o outro, mas que essa não é a questão de maior importância, já que ela defende o fortalecimento da educação, para que o aluno esteja preparado para escrever sobre qualquer tema.
“A pessoa pode conhecer mais de um tema do que de outro. Mas acho que a questão maior está no fato de que existem fragilidades no ensino e na aprendizagem da leitura, da escrita, do domínio de língua, de uma forma geral. Até mesmo porque, ainda se insiste nas escolas, embora tenha mudado nas últimas décadas, em um ensino de língua portuguesa muito centrado na gramática. Isso não é suficiente para um desenvolvimento de idéias, de raciocínio para o aluno saber argumentar, contra argumentar, que é o que um texto de qualidade realmente exige”, afirma.
A professora Ana Rita destacou que o aluno deve se preparar para o Enem, assim como para qualquer tipo de prova, ao longo de todo o tempo. De acordo com ela, a leitura e a escrita são fundamentais para ter um bom resultado em qualquer prova.
“Sem leitura e sem escrita, as passadas que o cidadão vai dar serão muito dolorosas. O ler e o escrever fazem parte da vida da gente, vivemos em uma sociedade letrada. Então preparar-se para uma prova dessa natureza, ou para uma prova de qualquer concurso, é uma preparação que não pode ser feita de um dia para o outro”, observa.
Ana Rita destaca, ainda, que a prova do Enem se centra em cinco grandes competências, que vão desde dominar diferentes linguagens, até ser capaz de apontar propostas para problemas, como, por exemplo, é o caso da redação, que, segundo ela, sempre traz uma temática que reflete um problema do país. A professora orienta que o candidato deve abordar o problema, apresentando possibilidades e propostas de superação.
“Para isso o texto tem que estar muito bem estruturado, acho que o processo de avaliação dessas provas também é de um sistema muito bem estruturado. Agora, o que se precisa mudar é o ensino, desde as séries iniciais até o final do ensino médio. O Enem, enquanto uma prova, retrata algumas questões de fragilidade no ensino da matemática, da física. Acho que o mais importante é que agora busquemos, a partir disso, encontrar alternativas que alterem essa realidade. Isso não é uma coisa que se resolve de uma hora para outra”, salienta.
As informações são do repórter Paulo José do Acorda Cidade