Acorda Cidade
 
“Sentido da vida: vivências dos cuidados de enfermeiros à pessoa no processo de morte e morrer”. Este é o tema da tese de doutorado da professora da FTC Feira, Elaine Guedes Fontoura, que será defendida na quinta-feira 28, às 9h, no auditório Nilza Garcia, 2º pavimento da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. A orientadora é a professora Doutora Darci de Oliveira Santa Rosa.
 
Foi campo de investigação um hospital público em Feira de Santana. O projeto foi apreciado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia e aprovado em 2010, antes de iniciar a coleta de dados. A pesquisa envolveu um enfermeiro e treze enfermeiras que atuam na clínica médica e Unidade de Pacientes de Longa Permanência.
 
O estudo teve como objetivo compreender como os enfermeiros vivenciam o sentido da vida ao cuidarem de pessoas no processo de morte e morrer. Utilizou-se o referencial da Análise Existencial de Viktor Emil Frankl para análise dos resultados. Foi realizada entrevista fenomenológica com uma questão de aproximação: Você vivenciou alguma situação de morte durante a prestação de cuidados? E duas norteadoras: Fale-me sobre essa experiência. Como você apreende o sentido da vida nessa vivência dos cuidados à pessoa no processo de morte e morrer?
 
Desenvolvido em duas etapas: a do método fenomenológico fundamentado em Martins e Bicudo com descrição, redução e compreensão do fenômeno através da análise ideográfica e nomotética. Com três categorias empíricas:sofrendo com o outro ao prestar cuidados à pessoa na finitude da vida; vivenciando a finitude, o vazio existencial e a culpa diante da morte dos pacientes; vivenciando o sentido da vida ao cuidar da pessoa em processo de morte e morrer.
 
“Compreendi que a dor e o sofrimento estão presentes nos pacientes, familiares, e enfermeiros que criam vínculo com estes. Eles revelaram a necessidade de mudanças na atitude dos enfermeiros e na política institucional; a dificuldade de lidar com a morte como um processo natural do viver e recomendam discussões sobre o tema na graduação. Vivenciam a culpa diante da escassez de recursos humanos e materiais para o cuidado a vida do paciente”, disse a professora.
 
Elai explicou que a vivência e as reflexões sobre os cuidados revelam o vazio existencial, a impotência diante da morte e a transformação do sentido de suas vidas. Na segunda etapa foi aplicado o método da prática baseada em evidências proposta por Larrabee em seis casos revelados pelos enfermeiros. Estes expressavam a tríade trágica e a construção do sentido desvelado no otimismo trágico.
 
”Entendi que os enfermeiros vivenciam a tríade trágica no contexto do cuidado, revelado na dor e sofrimento com o outro.  Em situações que demandam atitude, compromisso e responsabilidade com a vida do outro emerge o sentimento do dever cumprido, afirmou Segundoa professora, “ o medo da morte durante a prestação dos cuidados em finitude da vida revelam a aproximação do enfermeiro aos pacientes em processo de morte e morrer. Em síntese, os enfermeiros vivenciam a tríade sofrimento, culpa e morte no cotidiano do cuidado à pessoa no processo de morte e morrer, que através do otimismo trágico: , amor e esperança constrói o sentido para uma prática responsável”.