
A Prefeitura de Feira de Santana, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Seduc) lançou, nesta segunda-feira (22), o programa Pacto Feira pela Alfabetização, com o objetivo de envolver toda a sociedade civil na melhoria da educação na cidade e, especialmente, para garantir que todas as crianças estejam alfabetizadas na idade certa.
De acordo com dados divulgados pela Seduc, em 2024, a avaliação de fluência Parc (Programa de Alfabetização em Regime de Colaboração), aplicada ao 2º ano, mostrou que apenas 9% dos estudantes são leitores fluentes e 47% leitores iniciantes. Já em 2025, o programa Novos Caminhos da Educação, em parceria com o Sistema Educar para Valer (Saev), identificou que apenas 14% dos alunos do 2º ano são leitores e 29% dos alunos do 5º ano dominam as habilidades de leitura esperadas.

Ainda de acordo com a Seduc, outros dados também reforçam a urgência da mobilização: no Sabe 2023, apenas 42% dos estudantes do 5º ano atingiram nível adequado em Língua Portuguesa e 20% em Matemática. O Compromisso Criança Alfabetizada (ICA) de 2024 mostrou que apenas 33,19% das crianças estavam alfabetizadas na idade certa, quando a meta nacional era de 39%. Já o Ideb 2023 dos anos iniciais foi de 4,4, abaixo da meta de 5,1.
Ao Acorda Cidade, o secretário municipal da Educação, Pablo Roberto, destacou que o principal objetivo do programa é mudar os indicadores e avançar na educação. O secretário Pablo Roberto explicou que a meta central é alfabetizar todas as crianças matriculadas na rede municipal até o segundo ano, cumprindo o que a legislação brasileira estabelece.

Envolvimento da Sociedade Civil
O secretário ressaltou também a importância de envolver a sociedade civil organizada, as empresas, as igrejas, os clubes de serviço, a câmara de vereadores e a imprensa, para mudar a realidade da educação na cidade. Ele mencionou que nenhuma cidade do porte de Feira de Santana conseguiu mudar a realidade da educação sem o envolvimento de toda a sociedade.

“Nós estamos estudando muito desde fevereiro, buscando alternativas, buscando parcerias, visitando alguns estados que conseguiram avançar no Ideb e nas avaliações estaduais também.Estivemos em Florianópolis, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, estamos pesquisando muito. Um levantamento que nós encontramos recentemente aponta que nenhuma cidade que tem o tamanho de Feira e que reúne as características de Feira, mudou a realidade da educação sem envolver toda a cidade, toda a sociedade civil organizada”, declarou o secretário ao Acorda Cidade.
Embaixadores da Educação

O programa conta com embaixadores da educação, que têm o papel de defender, estar perto, estender a mão e cuidar da educação na cidade. Segundo Pablo, o grupo é formado por pessoas que já vinham procurando a prefeitura para ajudar e que agora se unem nesse movimento.
“O embaixador é aquele que defende e que está perto, é aquele que estende a mão e que cuida. E é o que nós precisamos nesse momento. Então, nós convidamos muita gente de Feira de Santana que já vinha, inclusive, nos procurando ao longo do ano, querendo se colocar à disposição”, disse Pablo ao Acorda Cidade.
Monitoramento e avaliação contínua

O programa terá um monitoramento diário da frequência dos alunos, com o objetivo de garantir que as crianças e adolescentes estejam em sala de aula. Além disso, haverá um monitoramento pedagógico para cumprir as metas estabelecidas na campanha.
O Pacto Feira pela Alfabetização não tem um prazo final estabelecido, e a avaliação do impacto das ações será feita diariamente pela equipe de monitoramento.
“No monitoramento diário, por exemplo, nós conseguimos fazer a ligação para a família no mesmo dia que o aluno faltou, porque a condição para melhorar os indicadores é fazer com que a criança ou o adolescente esteja em sala de aula. Já o monitoramento pedagógico vai cumprir as metas que nós estamos estabelecendo aqui na campanha”, explicou.

Ao Acorda Cidade, o prefeito José Ronaldo Carvalho destacou a necessidade do envolvimento de toda a sociedade para mudar as estatísticas negativas relacionadas ao analfabetismo em Feira de Santana.
“Olha, é um projeto inovador, é um projeto de convidar todos para poder participar dentro desse projeto. É fundamental a participação da sociedade, da empresa, do trabalho, do sindicato, do hospital, do servidor e de toda a sociedade, para fazer, sem dúvida, uma ação conjunta para que a gente faça uma educação mais forte em Feira de Santana.”
O prefeito enfatizou que a educação não é responsabilidade exclusiva do poder público, mas sim de toda a comunidade.

“A educação não é uma questão de um prefeito, não é uma questão de um secretário ou apenas do professor. É uma questão de todos, de uma sociedade. E esse projeto visa justamente isso, um pacto pela alfabetização. Vamos juntos mudar a educação, isso que nós queremos, isso que nós estamos buscando, isso que de forma incansável nós estamos investindo e querendo fazer. Mas é claro que precisamos de todos, de toda a sociedade.”
Diante dos dados do Censo de 2022, que apontaram um número elevado de pessoas que não sabem ler nem escrever na cidade, o prefeito expressou o desejo de transformar Feira de Santana em referência na alfabetização.

“O que nós queremos é que a criança, no seu segundo ano, já saiba ler e escrever. É isso que a gente está querendo, é isso que nós estamos buscando. A partir daí, aí você vê o EJA e hoje nós estamos com mais de 3 mil alunos no EJA. É uma luta incansável. Então vamos continuar avançando, mas repito, isso não é uma questão do prefeito só, isso não é uma questão do secretário só, isso é uma questão que nós estamos querendo para toda a sociedade abraçar e fazermos juntos esse projeto.”


Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.
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