Feira de Santana

Município estuda abrir mais vagas de Reda para corrigir carga horária de professores temporários

A medida tem como objetivo assegurar a reserva de carga horária prevista em lei para os professores não concursados.

Município estuda abrir mais vagas de Reda para corrigir carga horária de professores temporários Município estuda abrir mais vagas de Reda para corrigir carga horária de professores temporários Município estuda abrir mais vagas de Reda para corrigir carga horária de professores temporários Município estuda abrir mais vagas de Reda para corrigir carga horária de professores temporários
Professores Reda se reúnem com secretário de educação sobre carga horária e Reda
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A Secretaria Municipal de Educação de Feira de Santana estuda a realização de um processo seletivo simplificado para contratação emergencial de 120 professores em Regime Especial de Direito Administrativo (Reda). A medida tem como objetivo assegurar a reserva de carga horária prevista em lei para os professores temporários, igualando-a à dos docentes efetivos da rede municipal.

De acordo com o secretário municipal de Educação, Pablo Roberto, a proposta ainda está em análise e depende de pareceres técnicos. “Reconhecemos a necessidade de fazer a reserva dos professores contratados através do regime especial de direito administrativo, chamados REDA. É uma discussão que começamos a fazer desde fevereiro. Aconteceu nesse intervalo a publicação da portaria, decisões liminares ocorreram, e agora estamos caminhando para adotar providências para garantir essa reserva, de forma que tenhamos na rede um tipo único de professor, independentemente do vínculo com a municipalidade”, afirmou.

Pablo Roberto
Pablo Roberto | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O secretário destacou que já foi encaminhado um parecer à Procuradoria Geral do Município (PGM), buscando respaldo legal para a realização do processo seletivo. “Encaminhamos um parecer para a PGM buscando a legalidade ou não da realização desse processo simplificado. Tão logo esse parecer chegue, levaremos ao conhecimento do prefeito para que a decisão seja tomada. Mas o fato concreto é que hoje, para garantir a reserva dos quase 700 professores que estão como Reda no município, preciso contratar emergencialmente 120 professores”, disse.

A pasta também deve consultar o Ministério Público. “Já submetemos um pedido à PGM na semana passada. O doutor Guga está viabilizando uma visita ao Ministério Público para conversarmos com o promotor responsável pela área de moralidade pública. A Fazenda também vai ter que fazer o levantamento dos custos. Espero que ainda esta semana possamos levar todos esses pareceres ao prefeito”, acrescentou.

Reunião entre professores Reda e secretário de Educação Pablo Roberto
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Pablo Roberto explicou que a reserva de carga horária está diretamente relacionada ao planejamento e à qualidade do ensino. “Para cada 20 horas, o servidor efetivo trabalha cerca de 13 horas em sala e o restante é reserva. Já o professor Reda, em muitos casos, cumpre 18 horas em sala de aula. Precisamos cumprir a legislação que trata da reserva, que deve ser utilizada para planejamento, correção de provas e atividades pedagógicas, o que impacta diretamente na qualidade do ensino”, declarou.

Padronização das estruturas escolares

Reunião entre professores Reda e secretário de Educação Pablo Roberto
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O secretário também informou que foi encaminhado recentemente à Câmara Municipal um projeto de lei com a proposta de padronização das estruturas escolares da rede. “Enviamos um projeto de lei que adequa as escolas em três modelos de padrão, com diretor, vice, coordenador pedagógico e número de servidores com base no número de alunos. Espero que os vereadores façam esse debate, aperfeiçoem o que for necessário e, tão logo aprovado, vamos colocar em prática”, afirmou.

Ainda segundo ele, o projeto prevê o reajuste das gratificações para cargos de gestão nas escolas. “A gratificação dos diretores, vice-diretores e coordenadores pedagógicos está defasada e isso não torna o cargo atrativo. A lei encaminhada à Câmara também prevê esse reajuste. Em alguns casos, o aumento pode chegar a 240%”, informou.

Professores Reda querem isonomia

Reunião entre professores Reda e secretário de Educação Pablo Roberto
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A professora Perla Fonseca, da educação infantil, expressou em entrevista ao Acorda Cidade a esperança na resolução da situação dos professores Reda, após a reunião com o secretário Pablo Roberto. Ela destacou a luta de três anos pela reserva de carga horária e a sobrecarga de trabalho, com 36 horas semanais em sala de aula . Isto é, 10 horas a mais que os professores efetivos. A docente ressaltou a busca por isonomia e pelo cumprimento da lei, que garante o direito à reserva de carga horária.

Perla Fonseca
Perla Fonseca | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“A gente está há três anos lutando e precisamos resolver esse problema pela qualidade do ensino em Feira de Santana. Precisamos desse tempo de planejamento para pensar a nossa prática pedagógica. Imagina a gente falar de ensino-aprendizagem sem ter esse tempo de reflexão? Estamos aqui para lutar pelo nosso direito e também para garantir a qualidade do ensino em Feira de Santana. Estamos exigindo o tempo da reserva para executar nossas atividades, fazer provas, planejar e tornar melhor a qualidade do ensino”, declarou.

Edilza Carneiro, presidente da Associação Baiana de Concursados e Servidores Públicos (ABCS) de Feira de Santana, também demonstrou confiança nos desdobramentos da reunião com o secretário e no possível processo seletivo para solucionar a questão.

Professora Edilza Carneiro
Edilza Carneiro | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Nós, professores Reda, não temos a nossa carga horária completa. Isso dificulta nosso trabalho, afeta nossa saúde e interfere na nossa vida, principalmente na qualidade do ensino. Os professores concursados, que são efetivos, recebem a carga horária prevista em lei, como deve ser. Eles têm tempo para planejar suas aulas, preparar materiais e garantir uma aula de qualidade. Estamos esperançosos com esse resultado sobre o Reda e, pela fala do secretário, vamos conquistar nossa carga horária”, afirmou.

Samy Brito, advogado da associação, acompanha de perto a situação dos professores Reda. Ele destacou que a sobrecarga de trabalho e a ausência de tempo para planejamento e correção de provas têm impactado diretamente a qualidade do ensino. Segundo ele, a prefeitura tem se beneficiado do trabalho dos professores sem oferecer a devida compensação.

Advogado Samy Brito
Advogado Samy Brito | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“A associação já moveu ação judicial solicitando que o Judiciário determine a implementação da reserva de um terço da carga horária, além de indenizações retroativas. O problema é mais estrutural do que se imagina. O primeiro ponto é a qualidade de vida: os professores estão usando seu tempo pessoal para planejar, fazer provas, entre outras atividades. Mas há também outras questões. A prefeitura, de certa forma, tem se enriquecido às custas do trabalho desses professores, pois eles estão trabalhando sem receber devidamente”, disse o advogado ao Acorda Cidade.

“Outro ponto é que esse professor precisa ser indenizado. E, por fim, o que posso dizer é que, muitas vezes, as direções, para viabilizar o cumprimento da carga horária, acabam abusando de seus poderes e assediando os professores, o que torna a situação ainda mais tensa, deixando os profissionais mais vulneráveis e com sua dignidade violada”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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