Educação

Greve faz alunos da rede estadual desistirem do Enem

Estudantes do 3º ano da rede estadual estão preocupados com os prazos e desestimulados para enfrentar a maratona dos 77 dias úteis restantes até o Enem

Acorda Cidade

De um lado, a greve dos professores estaduais que, mesmo com intermediação do Ministério Público, se arrasta e completa hoje 95 dias. Do outro, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que se aproxima (3 e 4 de novembro) e este ano vai valer como a 1ª fase do vestibular da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

No meio, espremidos pelo calendário, estudantes do 3º ano da rede estadual preocupados com os prazos e desestimulados para enfrentar a maratona dos 77 dias úteis restantes até o Enem.
Diante dos prazos apertados e da deficiência do ensino, apontada pelos próprios estudantes, alguns  desistiram até de fazer a Ufba este ano. É o caso do estudante Anderson da Conceição, 17 anos, que cursa o 3º ano no colégio estadual Marquês de Maricá, no Pau Miúdo.

A unidade de ensino está entre os 19 colégios-polo criados pela Secretaria Estadual da Educação (SEC) para que as aulas do 3º ano fossem retomadas, mesmo sem o fim da greve dos professores. O objetivo é tentar diminuir o prejuízo dos estudantes que vão prestar vestibular e fazer o Enem.

Apesar das aulas, a vontade de se tornar um advogado, segundo o estudante, vai ser adiada por pelo menos um ano. “Com essa greve está complicado. Os assuntos não estão sendo dados como deveria. Eles querem dar reforço para o Enem, mas não tem qualidade. Tive que adiar meu sonho. Eu fico mal, revoltado”, desabafa o estudante. “Eu queria fazer Direito na Ufba. Tenho vocação, mas as aulas não estão valendo a pena”.

Os planos para cursar Direito, segundo o estudante, serão colocados em prática em 2013, quando pretende se matricular em um cursinho pré-vestibular. Enquanto ainda frequenta as aulas, o estudante procura por um emprego. “Se depender do governo, eu não vou estudar. É melhor trabalhar. Tem  assunto necessário para o Enem que eu estou ‘viajando’”

Planos adiados
a estudante do Colégio Estadual Davi Mendes Pereira, em Colinas de Pituaçu, Roberta Cordeiro, 15 anos, também queria fazer Direito, mas com o objetivo de se tornar uma juíza. Assim como Anderson, ela também optou por adiar os planos. “É um sonho que tenho desde pequena, mas está tendo muita aula vaga e faltando professor. Eles estão pegando assunto do fundamental para o 3º ano. Conversei com minha mãe e disse que não tinha capacidade ”.

Por dificuldades financeiras, ela não conseguiu se matricular em um pré-vestibular. “Bate uma tristeza, porque a gente fica correndo atrás do futuro e não consegue. Este ano para mim está perdido. Agora ano que vem”, conta a estudante, que começou a estudar muito nova e por isso está adiantada.

Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) informa que monitora o funcionamento das escolas e que “ajustes pontuais estão sendo realizados em algumas das 19 escolas-polo para assegurar as aulas para todos os estudantes”.

A ação de volta às aulas do 3º ano do ensino médio em Salvador foi iniciada no dia 25 de julho e, segundo a SEC, visa atender 22 mil estudantes concluintes do 3º ano do ensino médio e do 4º ano da Educação Profissional Integrada.

Sobre as críticas feitas por estudantes, a SEC destaca ainda que os professores convocados têm formação em licenciatura plena e que “estão habilitados a abordar assuntos do 3º ano”. “Inicialmente, os professores realizaram uma revisão dos conteúdos que foram trabalhados para dar continuidade aos assuntos do ponto em que eles foram interrompidos”.

Fonte: Correio