Flicoité
Participação da Escritora Ryane Leão e Iris Verena no Espaço Quem quiser que pegue, a história do lado de cá | Foto: Ju Oliveira

Realizada nos dias 14 e 15 de novembro, a primeira Festa Literária de Conceição do Coité reuniu cerca de 8 mil pessoas para afirmar que reconhecer as narrativas negras e indígenas é condição para reparar a memória e construir um futuro de Bem Viver.

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Foto: Ju Oliveira

A programação entrelaçou shows, mesas, vivências e oficinas, lançamento de livros e feira agroecológica, que convocaram estudantes, professores, artistas, empreendedores, a comunidades do centro, dos povoados e dos distritos a reconhecer nas lutas negras e indígenas o alicerce vivo da memória do Território do Sisal. Com a presença de escritoras como Carla Akotirene, Ryane Leão, Lilian Almeida, Iris Verena, Vitória Matos, mestres da cultura e por espaços que acolheram todas as gerações, o evento afirmou que educação, arte e resgate da memória, seguem como caminhos de reparação e invenção de novos futuros possíveis.

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Participação da intelectual e escritora Carla Akotirene na Flicoité | Foto: Ju Oliveira

A Flicoité mostrou que nossa memória é valiosa e que precisamos olhar para ela com atenção, superando o perigo da história única que coloca apenas homens brancos nos holofotes e invisibiliza as expressões culturais do seu próprio povo. A Praça do Centro Administrativo, a Escola Polivalente e o auditório da Câmara de Vereadores receberam uma programação intensa durante três turnos nos dois dias, emocionando e criando trocas entre gerações.

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Algumas mulheres que compõem a equipe idealizadora. | Foto: Ju Oliveira

A Festa foi idealizada em sua maioria por jovens negras, agentes culturais, ativistas e educadoras, que com sua proposta mostraram o sentido mais amplo da literatura, reunindo diversas expressões que conduzem os fios da história do nosso povo e unem educação, arte, cultura, memória e ancestralidade.

O Festival Raízes integrou a programação da FLICoité celebrando a ancestralidade e as musicalidades rurais históricas do Território do Sisal, com destaque para grupos como o Herança de João, que articulam memória, território e diálogo entre gerações. Com apresentações de música, incluindo a indicada ao grammy Sued Nunes, o festival também visualizou o protagonismo das juventudes negras na música, realizado com apoio do Programa Bahia a Gás e da EMBASA, reafirma a importância de investimentos públicos que fortalecem a cultura regional e ampliam a participação popular. Como disse Sued Nunes: “Os interiores são o lado de dentro do nosso país e a gente tem que fomentar as coisas que acontecem aqui, do coração do Brasil.”

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Apresentação da cantora Sued Nunes no palco principal da Flicoité | Foto: Ju Oliveira

O encontro contou com o envolvimento de mais de duzentas pessoas, incluindo monitores da universidade e das escolas públicas do município, e reuniu cerca de 8 mil pessoas. O público participou ativamente das atividades, mostrando uma cidade disposta a reivindicar sua memória coletiva e evidenciar que o futuro do Território do Sisal tem continuidade a partir  da força popular que sustenta sua cultura, seus saberes e seus modos de existir.

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Estudantes da rede pública na Flicoitezinha | Foto: Ju Oliveira

Para Suelene Lima, que integra a equipe idealizadora da Flicoité e atua como professora, produtora cultural e pesquisadora da literatura e da cultura coiteense, o festival reafirma o compromisso do Território do Sisal com a literatura e com seus próprios fazeres culturais:

“A Flicoité é um gesto de resistência, uma afirmação da pluralidade das identidades que compõem nossa história e um convite para que cada pessoa reconheça em si mesma a potência da palavra, da memória e da imaginação.” A primeira edição se encerra fortalecendo redes que ampliam o acesso à cultura e à educação, o combate ao racismo e impulsionam a continuidade de iniciativas que valorizam a pluralidade de identidades, inclusive territoriais que compõem a história da região.


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