Volta às Aulas

Adaptação, ansiedade e rotina: Saiba como preparar os filhos para o retorno das aulas

Em Feira de Santana, muitas escolas particulares já tiveram o início das aulas na última segunda-feira (29).

Volta às Aulas
Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

O mês de fevereiro está começando. Se despede das férias escolares para dar espaço para mais um ano letivo. Em Feira de Santana, muitas escolas particulares já tiveram o início das aulas na última segunda-feira 29 de janeiro e outras estão retornando as atividades no decorrer desta semana.

Mas afinal, aquele filho que passou todo período de férias jogando videogame até tarde da noite e acordando fora do horário, como proceder a partir de agora? E os menores que estão estudando pela primeira vez, como os pais podem criar uma nova rotina?

Como forma de sanar todas estas dúvidas, a reportagem do Acorda Cidade conversou com a psicóloga e psicanalista Priscila de Jesus Lima. Segundo ela, a adaptação é vivenciada em todas as fases da vida, e na idade infantil não é diferente.

Psicóloga
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“A adaptação é algo que vivemos em todas as fases da vida. E aí se possível a gente recomenda, como psicólogo, a começar a adaptação escolar com algumas semanas antes. Com os horários de acordar, fazer as refeições, reduzir o tempo de tela, lembrando que as crianças e adolescentes têm ritmos diferentes, a gente tem que fazer a organização da rotina da criança junto com ela, pois isso que vai incentivar o interesse e a responsabilidade com a escola e com os estudos”, explicou.

De acordo com a especialista, o diálogo sempre é fundamental para que haja o entendimento por parte da criança.

“É importante para as crianças, principalmente as menores e as que estão iniciando essa nova realidade, que os pais estejam presentes. Que haja conversas sobre a inserção dela na escola, conversa do que vai acontecer, como é que vai acontecer. É importante abrir ali um espaço para que ela fale de seus medos e de suas inseguranças. O diálogo, se torna fundamental porque os adultos podem perceber e lidar com as necessidades das crianças. Entender quais os pontos podem ajudar seus filhos e como fazer isso da melhor maneira possível. A inserção da escola é um processo muito complexo. Precisa se habituar a essa nova realidade e necessita do apoio familiar e da escola de uma forma muito conjunta. A criança está em formação dos recursos emocionais para lidar com os desafios”, acrescentou.

Priscila pontuou também que algumas adaptações podem ser mais lentas e difíceis. Inclusive com apresentação de ansiedade e questões físicas.

“As crianças costumam apresentar algumas doenças como febre, enjoo na hora de estar ali na escola, uma recusa de querer estar ali. E aí quando isso acontece é necessário que os pais procurem ajuda para poder lidar com isso. Para evitar essas crises nas primeiras semanas, os pais podem pedir aos professores, à escola, que possam acompanhá-las”, informou à reportagem do Acorda Cidade.

Ansiedade X Rotina

Segundo a psicanalista Priscila Lima, os pais juntamente com os filhos, devem organizar um horário para que aos poucos, tudo aquilo que foi iniciado, vire um hábito diário.

“As crianças normalmente a gente vê isso mais com as menorzinhas, que já têm irmãos ou veem os outros indo para a escola ficam: ‘ah, eu também quero ir para a escola’, e isso acaba acontecendo. Mas aí como é que os pais podem estar atuando diante disso? O diálogo e o acolhimento sempre vai ser fundamental nessa pauta. E é necessário conversar com as criança sobre aquilo que ela está vivenciando, o que é que ela está sentindo, que desconforto é esse, se é medo, se é ansiedade, qual a expectativa que ela está tendo diante daquela situação. O recomendado é combinar com o filho, sentar e organizar a rotina. E aí a criança, o adolescente, precisa saber o que é que se espera delas. Até para não ficarem ansiosos com esse novo ciclo”, observou.

Priscila comentou que é importante deixar claro quais vão ser os novos horários, as atividades.

“Isso vai incluir o horário de dormir, o horário de acordar, o horário da escola, o horário de buscar o filho na escola, quais vão ser as atividades extras que a criança vai fazer, qual o horário que a criança vai estudar. Eu gosto muito de chamar atenção disso, de incluir o horário de lazer e de descanso que a criança vai ter. Alguns pais acabam esquecendo que a criança precisa de um tempo de criança. Quer brincar, quer ter o seu momento e relaxar também”, declarou.

Ao Acorda Cidade, Priscila explicou que tanto a família quanto a escola, devem trabalhar em conjunto para o desenvolvimento da criança.

“A escola e a família são as primeiras instituições em contato com a criança. Ambas são responsáveis pela sua formação em aspectos diferentes e complementares. As duas esferas devem trabalhar em conjunto para o desenvolvimento integral do indivíduo. A escola normalmente costuma se organizar quanto ao processo de adaptação. Organizando o planejamento de acolher a família, acolher a criança de uma rotina mais adaptada para aquele momento. Costuma-se deixar que a criança leve alguns objetos de apego, tenha a presença dos pais na primeira semana ou seja acompanhada por algum cuidador responsável por ela. Promover um ambiente de identificação com algumas atividades que fazem parte da rotina da criança, e o principal, que é a escola estar aberta a adequações para se tornar um ambiente acolhedor para esse início”, afirmou.

Apoio Familiar

De acordo com a psicóloga, é importante que os pais demonstrem interesse no cotidiano do filho, como questioná-lo o que aprendeu naquele dia.

“Mostrar interesse real pelo aprendizado das crianças é uma coisa muito importante. Quando a criança sente que tem esse apoio, isso acaba favorecendo para uma educação de melhor qualidade, além do sentimento de segurança. Uma coisa que é muito básica e que a gente pode estar sempre perguntando para a criança ou para o adolescente, como é que foi a escola? Qual foi a aula que você teve hoje? O que foi que você aprendeu na escola? Isso acaba favorecendo para um estímulo para que a criança promova a exploração e a curiosidade”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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