1ª feira literária do colégio gastão guimarães
Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

O Instituto de Educação de Tempo Integral Gastão Guimarães, em Feira de Santana, realizou nesta quarta-feira (5) a primeira edição da feira literária da instituição de ensino com foco na valorização da cultura negra. A Fligastão movimentou a comunidade acadêmica com peças teatrais, rodas de conversa, eventos esportivos e oficinas culturais.

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Leandro Macial, diretor do Instituto de Educação de Tempo Integral Gastão Guimarães | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

“Além disso, tivemos oficinas de escrita criativa, literatura periférica, fotografia, ilustração e as atividades culturais na quadra e no nosso palco montado. Como feira literária, ela traz todos esses aspectos que também são da linguagem corporal, da linguagem da nossa cultura. Trazer essas atividades tem tudo a ver com a feira”, disse Leandro Maciel, diretor da unidade.

Clássicos da literatura

Durante todo o dia, os alunos puderam visitar as salas temáticas que tratam de obras como O Cortiço (Aluísio de Azevedo), Escrava Isaura (Bernardo Guimarães), Dom Casmurro (Machado de Assis), Quarto de Despejo (Carolina Maria de Jesus), Capitães de Areia (Jorge Amado), Poesias, amor e liberdade (Castro Alves) e Torto Arado (Itamar Vieira Júnior).

1ª feira literária do colégio gastão guimarães
Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

“Um evento como esse é de extrema importância, porque a gente coloca foco nesses autores que às vezes são discriminados e esquecidos pela sociedade em geral. Então, trazer luz a esses autores traz também um sentimento de pertencimento aos nossos alunos, que vêm boa parte da periferia, negros, e isso traz esse pertencimento e essa sensação de que eles podem ser isso também, e podem ser”, complementou o diretor.

1ª feira literária do colégio gastão guimarães
1ª feira literária do colégio gastão guimarães

Um show à parte

Uma das propostas da direção para fortalecer o aprendizado e a valorização da cultura negra por meio da arte foi utilizar peças de teatro para promover o debate sobre diversidade e igualdade racial. Durante a programação, estudantes representaram personagens e autores consagrados da literatura brasileira. Uma delas foi a estudante Ana Beatriz Ribeiro Oliveira, que interpretou a personagem Escrava Isaura.

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Ana Beatriz Ribeiro Oliveira | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

“Ela, como uma escrava branca, passou por muitos obstáculos, mesmo sendo adotada por senhores de fazenda. Apresentar essa obra, mesmo que ela seja uma escrava de pele branca, de fato é extremamente importante para representarmos também a escravidão, retratar um pouco mais como era a época, como era a vivência. Então, apresentar esse meio artístico nas escolas é extremamente importante”, disse Ana Beatriz.

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Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

Um público mais que especial

Quem pôde prestigiar a atuação dos estudantes foram os próprios colegas de escola. Emely Maia está cursando o primeiro ano do ensino médio e afirmou que gostou muito da experiência de acompanhar bem de perto um clássico da literatura e da dramaturgia brasileira.

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Emyle Maia | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

“Eu achei muito legal, muito interessante, porque algumas peças mostram realmente a realidade do que acontece hoje em dia. Tem a parte de Castro Alves dizendo que ele teve amores, entre outras coisas que aconteceram. Ele foi um poeta que morreu jovem, acho que foi com 26 anos, com tuberculose, mas conseguiu deixar a marca dele como poeta dos escravos”, disse a estudante.

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Maria Eduarda | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

“Eu achei muito importante porque agora está no Novembro Negro, mostrar essas literaturas da negritude. É muito importante trazer isso em colégios, porque tem colégios que não trazem”, complementou a colega Maria Eduarda, que também está no primeiro ano do ensino médio.

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Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

De saída

A estudante Isabelle Teixeira contou à reportagem do Acorda Cidade que já está de saída da instituição, mas que gostou muito da iniciativa da criação da feira literária. A aluna do terceiro ano do ensino médio fez vários elogios à iniciativa.

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Isabelle Teixeira | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

“Esse projeto é muito importante porque ensina aos alunos que a cultura é diversa, que as religiões são diversas e que tudo pode estar incluso na educação, inclusive a igualdade entre os alunos em suas religiões e suas culturas, influenciando para que eles conheçam um pouco de cada uma.”

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Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

“A encenação, como eles conseguem se encaixar perfeitamente em cada personagem que foi designado. A forma que eles estão apresentando faz com que o aluno se conecte mais à história de cada estande. É uma literatura muito rica que conta histórias do passado, histórias de lutas, de superações, de injustiças, de desigualdades sociais, que acabam perpetuando até hoje na sociedade atual”, concluiu Isabelle.

Confira outras fotos do evento

Com informações do repórter Ney Silva, do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão da jornalista Jaqueline Ferreira

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