Economia

O lado bom do dólar alto para o Brasil

Especialista aponta como o país se beneficia das oscilações da moeda norte-americana.

Acorda Cidade

A alta do dólar ganha o noticiário mundial diariamente. Embora muitos dos países que acompanham sua variação não utilizem a moeda internamente, a reserva de quase todos os governos está no dinheiro norte-americano e as transações internacionais costumam ser feitas com ele. Por isso, tamanha comoção quando ele atingiu, na última quarta-feira (4), os R$ 4,5790. Acontece que a alta do dólar costuma ser vista de forma negativa. Mas, para o Brasil, ela não é. É o que garante Débora Toledo, advogada tributarista e assessora de investimentos.

Segundo a especialista, o dólar movimenta todos os setores da economia: as indústrias, empresas, investimentos e comércio. Quando ele sobe, fica caro importar produtos e serviços. O resultado é uma valorização da produção nacional. “É normal que as pessoas pensem apenas na própria realidade. Ficará mais caro viajar para fora ou comprar produto importado. Mas é importante lembrar do cenário macro. Ele é, sim, favorável. É quando a economia se desenvolve internamente”, explica.

Abaixo, alguns exemplos do benefício da alta da moeda para o Brasil, de acordo com a assessora:

Turismo doméstico: aumenta a procura por destinos nacionais, que tendem a ser mais baratos. Uma pesquisa realizada pelo KAYAK (site de planejamento de viagens), divulgada nos primeiros dias de março, inclusive pelo Ministério do Turismo, apontou que a procura de turistas brasileiros por viagens pelo país cresceu até 133%. As cidades de maior interesse são Fortaleza, Cabo Frio e Brasília. 

Mercado Interno: perde a concorrência com os produtos importados. O PIB fechou 2019 com crescimento de 1,1%, totalizando R$ 7,257 trilhões, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi o terceiro resultado positivo e deve se manter este ano.

Balança Comercial: a alta do dólar melhora a exportação e reduz a importação, trazendo um equilíbrio entre elas. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, a balança comercial brasileira teve um superávit, de US$ 3,096 bilhões em fevereiro de 2020, um aumento de 10,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

Exportadoras: aproveitam esse cenário para aumentar o lucro, já que produzem em real e recebem em dólar. Exportações de óleos brutos de petróleo ou minerais betuminosos crus (US$ 703 milhões), minérios de cobre e seus concentrados (US$ 626 milhões) e óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (US$ 299 milhões) são as que mais se destacam, segundo a Secex.

Investidores: com a alta da moeda, as ações no exterior tendem a ficar em ascensão, geralmente maior rentabilidade.

“As situações acima provam que não é ruim a alta da moeda norte-americana. É claro que a valorização do real é importante por vários outros fatores, mas o brasileiro precisa parar de ligar a alta do dólar a um fator 100% negativo”, conclui Débora.