Economia

Consumidores tentam escapar dos juros altos aderindo a consórcios

No primeiro semestre de 2015, no caso da Bahia, para cada 100 veículos comercializados, 30 foram através de consórcios

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Tribuna da Bahia – Com os juros dos financiamentos atingindo níveis estratosféricos, os consumidores de bens dos mercados imobiliário, de veículos (automóveis, motos, caminhões, ônibus, máquinas agrícolas) e eletrônicos (televisores, computadores e notebooks) passaram a optar pelo sistema de consórcios.

No primeiro semestre de 2015, no caso da Bahia, para cada 100 veículos comercializados, 30 foram através de consórcios, destacando o estado entre os demais da região.

De acordo com Rodrigo Freire, presidente regional para o Nordeste da ABAC-Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, “as vendas de novas cotas do Sistema de Consórcios cresceram 5,4% no acumulado de janeiro a julho, alcançando, em todo o país e nos diversos setores, 1,36 milhão contra 1,29 milhão de consorciados no mesmo período de 2014”.

Com essa alta, o número de participantes ativos também aumentou e totalizou 7,15 milhões, 4,4% mais que os 6,85 milhões registrados no mesmo mês do ano passado. Desse total, 6 milhões envolvem o mercado de veículos automotores e 800 mil a área de imóveis.

O segmento de imóveis foi o que apresentou crescimento mais expressivo no primeiro semestre desse ano, com um volume 50% maior em relação ao mesmo período de 2014. Nada menos que 135 mil novas adesões contra 90 mil do ano passado.

Conforme a ABAC, “o consumidor tem se mostrado mais maduro nas escolhas, com opções mais sensatas, na medida em que passou a dispor de informações mais ágeis através da Internet”. Para ele, “a expansão dos consórcios de imóveis têm despejado mais crédito no mercado imobiliário, estimulando a economia do setor”.

Freire atribui a opção pelo sistema de consórcio ao fato de “não envolver juros, diferenciando-se dos financiamentos e por se constituir em uma poupança forçada, na medida em que é uma obrigação mensal frente ao contrato da cota adquirida”.

As cartas de crédito têm variado a depender do tipo de bem. No caso do mercado imobiliário, variam de R$ 50 mil a R$ 100 mil ou de R$ 150 a valores superiores a R$ 1 milhão. A variação das cotas depende do interesse da operadora e às condições de comercialização percebidas no mercado.
Sob a perspectiva de ser contemplado nos sorteios a que concorre mensalmente ou efetuar lance que permita, a um só tempo, reduzir o número de prestações do saldo devedor e receber o bem de forma mais rápida, os consumidores têm visualizado nos consórcios um modo de planejar melhor o sonho de consumo ou à formação ou ampliação de patrimônio pessoal, familiar ou empresarial ainda que a médio ou longo prazos.

A demanda por motocicletas, contudo, apresentou redução de 8% no primeiro semestre desse ano, enquanto a de automóveis mostrou expansão de 17,6%. Segundo Rodrigo Freire, “a queda na adesão por motos decorre da incidência direta da recessão que atravessa o país na classe que mais tem optado por este tipo de veículo”. Ele aponta, todavia, uma “migração de parte desses consumidores para o consórcio de automóveis”.

Conforme o presidente nacional da ABAC, Paulo Roberto Rossi, “tradicionalmente no segundo semestre observa-se ainda maior crescimento no sistema com a entrada de novos consorciados. Mesmo em meio ao momento econômico difícil, o consumidor tem redobrado sua atenção nos comprometimentos financeiros de médio e longo prazos. Porém, com foco no consumo responsável, muitos têm optado pela modalidade face suas características de autofinanciamento, custos mais baixos e planejamento financeiro”, avalia.

As contemplações nos sete primeiros meses do ano ultrapassaram as 830 mil unidades com expansão de 7,4% sobre aquelas de 2014, que somaram 772,7 mil. No período, os créditos disponibilizados aos diversos elos da cadeia produtiva chegaram a R$ 23,8 bilhões nos diversos setores, 12,3% a mais que os R$ 21,2 bilhões (jan-jul/2014).

Paralelamente, a forte demanda nas vendas de novas cotas de imóveis e automóveis, lado a lado com os demais setores, provocou alta de 21,1% nos créditos comercializados, ao subir de R$ 41,7 bilhões para R$ 50,5 bilhões, nesse mesmo período.

De 2010 a 2014, observando os dados anuais e os de julho de 2015, os consórcios de imóveis vêm apresentando constante crescimento no total de participantes ativos com 15,5% de aumento, nesse período, reflexo do gradativo aumento de adesões.