Dom Itamar Vian

Viver em outra pessoa

“Vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10)

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Ilustrar artigo da coluna Dom Itamar sobre doação de órgãos
Imagem: Freepik

Neste momento, milhares de pessoas estão morrendo, vítimas de violência, acidentes, doenças e outras causas, sem saber que parte de seu corpo daria vida a outro ser humano. Elas poderiam oferecer seus órgãos para transplantes, mas isso, poucas vezes acontece. Para quem necessita de órgãos, essa é uma situação angustiante, desumana e até mesmo injusta.

A DOAÇÃO de órgãos ou de tecidos é um ato pelo qual manifestamos a vontade de doar uma ou mais partes de nosso corpo para ajudarmos no tratamento de outra pessoa. Não há como prever o futuro, mas sempre existe a probabilidade de nós ou alguém muito próximo, necessitar de um transplante ou receber a triste notícia do óbito de um familiar. Por isso, não devemos ter receio de falar com familiares sobre o assunto e registrar nosso desejo da doação de órgãos e tecidos.

DOAR órgãos de um familiar morto, para que alguém viva, é sempre um gesto de solidariedade. A família tem direito de decidir sobre a doação de órgãos de um dos seus familiares, após a confirmação do diagnóstico de morte encefálica. (Lei federal nº 10.211 de 23/03/2001). O Sistema Nacional de Transplantes é quem decide sobre os critérios de destinação justa dos órgãos doados e a organização de listas de espera, evitando e coibindo toda a tentativa de comércio.

ALÉM disso, a doação de órgãos exige rigorosa observância dos princípios éticos que proíbem a provocação da morte dos doadores, a comercialização e o tráfico. Devem ser respeitadas a inviolabilidade da vida e a dignidade da pessoa humana. A Ética determina, ainda, que após ter recebido todas as informações requeridas, o consentimento do doador ou de sua família, seja livre e consciente.

É NECESSÁRIO, também, esclarecer que doar órgãos para salvar outra pessoa, não implica em nenhuma falta de respeito com a sensibilidade humana e nem mesmo com os ensinamentos da fé cristã. Isso corresponde ao espírito cristão, porque a prioridade é o serviço à vida e à saúde. Com certeza, será uma grande alegria, saber que o corpo morre, porém, vai deixar vida em outro corpo, ou seja, viverá em outra pessoa.

PORTANTO, incentivamos e encorajamos pessoas e famílias a que doem órgãos como gesto de solidariedade humana e cristã. Certamente, estamos diante de um gesto muito nobre, ou seja, um sim à vida. Foi o próprio Jesus que disse: “Vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). E também: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13). Bendita seja a doação de órgãos!

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]

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