“Uma vez na vida a gente pode precisar de um médico, um advogado. Mas três vezes ao dia precisamos de um agricultor”. Mais do que uma afirmação, a frase da agricultora Gilmária Cerqueira, da comunidade Quilombola de Lagoa Grande, no distrito de Maria Quitéria, foi um desabafo, durante a sessão solene comemorativa do Dia do Trabalhador Rural, na noite desta quarta-feira (28). Ela alertou para a falta de auto estima dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. “Sozinhos acabamos desistindo”, disse a agricultora cujo maior prazer é ver a terra com vida.
Esse foi o tom de todos os pronunciamentos da noite, inclusive do vereador Professor Ivamberg (PT), autor da homenagem à data celebrada em 25 de maio. “Por trás de cada alimento na mesa, existe a mão calejada, o suor silencioso e o coração gigante do trabalhador rural”, dizia a mensagem estampada nos chapéus distribuídos para os presentes na celebração à luta, coragem e amor com que a terra é cultivada. “É um momento de reafirmação do valor que o trabalhador rural para a economia, a cultura e a sustentação da vida no nosso país”, disse Ivamberg.
O vereador, que viveu “na roça” até a adolescência, destacou que o trabalhador rural não é somente quem coloca alimento na mesa, mas guardião de um saber ancestral, que sabem ler os sinais da terra, entender os ciclos da natureza, prever a chuva olhando para o céu e escolher a melhor época pra plantar, sem precisar de internet. “Saberes que foram passados de geração em geração, muitas vezes de forma oral, de pai para filho, de mãe para filha, de avó para neto. E é esse conhecimento que mantém a gente de pé”, destacou.
“Num mundo que corre tanto, que às vezes esquece do essencial, o trabalhador e a trabalhadora rural seguem lembrando à sociedade que a vida começa na terra. É da terra que brota o alimento. É da terra que vem a dignidade. E é preciso dizer: não há cidade forte sem campo valorizado”, cobrou o professor Ivamberg, citando ainda a questões como a soberania alimentar, a preservação ambiental e a importância de manejar a terra sem destruir a natureza. “Precisamos lembrar à sociedade que a vida começa na terra. É da terra que brota o alimento”, ressaltou.
“A terra é para quem trabalha”, diz sindicalista
A realidade de muitos que vivem na zona rural de Feira de Santana é marcada pelo abandono. “Falta apoio, assistência técnica, incentivo à produção. Enfim falta política pública para o campo”, disse o vereador Professor Ivamberg, que citou ainda as péssimas condições das estradas vicinais, que deveriam garantir o escoamento da produção. Sem falar no orçamento para a agricultura, considerado “vergonhosamente pequeno” para a importância que o setor tem para o município.
Coube a Conceição Borges, diretora do Movimento de Organização Comunitária (MOC), abrir a solenidade, da forma que o trabalhador rural trabalha: cantando e agradecendo. Simbolizando um momento de oferta, um grupo de agricultores apresentaram elementos da labuta diária, especialmente a enxada, e alimentos da Agricultura Familiar, como feijão, frutas e verduras. A sindicalista também fez um pronunciamento em defesa do movimento e atestou que nos últimos 15 anos, apesar da resistência, está muito difícil produzir
“A terra é para quem trabalha, na lei ou na marra nós vamos ganhar, conclamou Conceição Borges, destacando que enunciou o processo de urbanização da zona rural. “Precisamos nos inquietar”, sinalizou. A necessidade do fortalecimento das ações no campo foi defendida também por Elisângela Araújo, suplente de deputada federal. “Crédito e investimento são fundamentais para a produção de alimentos”, afirmou. As questões foram destacadas também por Luiz Bahia Neto, secretário municipal de Governo, que representou o prefeito José Ronaldo de Carvalho na sessão. “O que é preciso é crédito e assistência técnica”, disse.
Os habitantes da zona rural estão vivendo momentos de tensão, inclusive com o fechamento de escolas. “Não somos vistos, estamos abandonados. E o campo está virando favela”, denunciou Adriana Lima presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar, ao pedir dignidade para a categoria. Diretora do Fórum Baiano da Agricultura Familiar, Célia Firmo, reafirmou que falta investimento. “A zona rural não pode ser dormitório”, afirmou. Vale destacar que a solenidade contou com a participação de todos os distritos. O evento foi marcado pela exibição de um vídeo mostrando a atuação dos agricultores.
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Dilton Coutinho, fundador do Acorda Cidade, é um radialista renomado com mais de 20 anos de experiência na cobertura jornalística. Ele construiu uma carreira sólida marcada por sua dedicação à verdade e ao jornalismo ético. Atuando em diversos veículos de comunicação, Dilton ganhou reconhecimento por sua habilidade em abordar temas complexos com clareza e profundidade. Sua paixão por informar o público e sua integridade profissional fazem dele uma referência no jornalismo contemporâneo.
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