Olhar sensível

Sensibilidade de fotógrafo chama atenção na exposição Movimentos, que segue até dia 30 no Cuca

O evento, que reúne 37 obras de diferentes artistas, comemora o aniversário de 20 anos do primeiro coletivo fotográfico da Bahia.

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exposição movimentos fotógrafo Adson Araujo
Foto: Paulo José / Acorda Cidade

A exposição Movimentos segue aberta à visitação até o dia 30 de novembro em Feira de Santana. O evento, que reúne 37 obras de diferentes artistas, comemora o aniversário de 20 anos do primeiro coletivo fotográfico da Bahia.

A exposição acontece no Cuca [Centro Universitário de Cultura e Arte] e explora a dinâmica da vida urbana e as diversas formas de registrar o tempo.

exposição movimentos fotógrafo Adson Araujo
Obra de Acson Araujo na Exposição Movimentos | Foto: Paulo José/Acorda Cidade

O clique ideal

O fotógrafo Acson Araujo faz parte da exposição com uma imagem que traz um jovem negro com os pés sujos, calçando uma sandália maior que o próprio pé.

A cena foi capturada no município de São Gonçalo dos Campos, na região metropolitana de Feira de Santana. Para o artista, a foto comunica uma história de resistência, luta e abandono.

“Quando eu tirei essa foto, eu estava pensando em como capturar a ideia do deslocamento e da luta silenciosa que constantemente essas pessoas enfrentam. Não é só sobre o sertão ou o jovem negro. É sobre como o Brasil ainda deixa essas histórias de lado. Ao mesmo tempo, o que mais me impacta, é o fato de que, apesar das dificuldades, ainda há beleza e dignidade”, disse Acson.

Obra da Exposição Movimentos
Obra da Exposição Movimentos | Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Simbolismo e significados

O fotógrafo disse em entrevista ao Acorda Cidade que a imagem é carregada de simbolismo e significados. Para o artista, ao usar uma sandália que não é do tamanho do próprio pé, o jovem parece representar as vulnerabilidades econômicas e as desigualdades estruturais que marcam a sociedade brasileira.

“A imagem representa a precariedade, a falta de recursos e a noção de que a solução que se oferece para certos problemas não cabe na realidade daqueles que mais precisam. O pé sujo, por sua vez, fala da sujeira, não só do ambiente físico, mas também de uma sujeira histórica e social que está impregnada nas vidas de muitos jovens negros no Brasil”, disse Acson.

Obra da Exposição Movimentos
Obra da Exposição Movimentos | Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Juventude negra

Acson fez uma defesa sobre a necessidade de um olhar mais humano voltado para a juventude negra no país. O grupo é constantemente moldado pela desconexão entre o que se precisa e o que se tem. Para ele, a foto é uma oportunidade de reflexão.

“A arte tem esse poder de provocar, de fazer a gente pensar sobre o outro e sobre o que nos cerca. O que eu espero com essa foto é gerar uma reflexão sobre o que temos visto, sobre o que temos ignorado e sobre como podemos olhar de maneira mais humanizada para aqueles que estão na margem”, disse o fotógrafo.

Obra da Exposição Movimentos
Obra da Exposição Movimentos | Foto: Paulo José / Acorda Cidade

A reflexão é o objetivo

Em 2022, Acson esteve presente na Bienal de Porto Alegre e na Movimentos, que estava em exibição no Teatro Gregório de Matos, na capital, Salvador. O fotógrafo espera despertar no visitante da exposição a vontade de desenvolver um olhar que repense a realidade de quem vive na periferia, no sertão ou em qualquer outro lugar do Brasil.

Obra da Exposição Movimentos
Obra da Exposição Movimentos | Foto: Paulo José / Acorda Cidade

“Eu costumo dizer e pensar que a poesia é infinita nos olhos de quem vê. O meu olhar e o olhar que as pessoas devem ter, tanto para a sua cidade quanto para outro lugar, é o olhar de sensibilidade, é o olhar onde a gente consegue visualizar a arte. É um olhar de transformação através da poesia”, concluiu o fotógrafo.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves

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