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Foi indiciada pela polícia a médica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba, Virgínia Helena Soares de Souza, acusada de praticar eutanásia em pacientes internados em estado grave desde 2006, quando ela começou a chefiar o departamento.
 
Segundo a investigação, Virgínia, presa na terça (19), “antecipava óbitos”, principalmente de pacientes internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Testemunhas dizem que ela teria poupado quem estava na UTI com as despesas custeadas por planos de saúde ou pagando a internação
 
Nas investigações, foram gravadas falas da médica no hospital. "Quero desentulhar a UTI, que está me dando coceira", disse Virgínia, segundo áudio divulgado nesta quarta (20) pelo "Jornal Nacional". Em outro trecho, ela diz: "Infelizmente é nossa missão intermediá-los [os pacientes] do trampolim do além". 
 
A polícia recolheu prontuários relacionados às mortes nos últimos seis anos para investigar se os óbitos na UTI podem ter sido provocados pela médica
 
A TV RPC, filiada à Rede Globo, exibiu nesta quarta (20) entrevista com um enfermeiro que trabalhou no hospital de 2004 a 2006 e pediu para não ser identificado. Ele disse que viu Virgínia desligando os aparelhos e provocando a morte de um paciente do SUS na UTI.
 
Segundo ele, a médica fazia isso para abrir vagas para pacientes pagantes. "O paciente da UTI tem dois pontos críticos, que são a ventilação mecânica e as medicações que servem para manter a pessoa viva. Ela interrompia um dos dois, ou os dois", afirmou o enfermeiro.
 
Mas Virgínia também é acusada de praticar eutanásia em pacientes internados em estado grave desde 2006, quando começou a chefiar a UTI . A eutanásia, prática proibida no Brasil, é ação para antecipar a morte a pedido do próprio paciente ou de sua família.
 
"Os fatos (mortes) podem ter ocorrido mais tempo. Estamos trabalhando para a coleta de provas", afirmou o delegado-geral da Polícia Civil do Paraná, Marcus Michelotto.
 
Michelotto não descarta que haveria uma “quadrilha da morte” no hospital, com envolvimento de funcionários. "Se havia isso (a provocação das mortes), ela não fazia sozinha", disse ele. O advogado da médica, Elias Mattar Assad, afirma que vai solicitar à Justiça liberdade para sua cliente.
 
Para ele, houve precipitação na prisão: "Normalmente o procedimento é primeiro investigar, depois ouvir as pessoas. Aqui primeiro prenderam para depois investigar. Várias pessoas procuraram a delegacia para denunciar “atitudes suspeitas” de Virgínia". Foram apreendidos prontuários médicos e documentos relativos a internações e mortes de pacientes. O Conselho Regional de Medicina investigará a conduta da médica. O hospital abriu sindicância. As informações são do Correio.