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Chega a onze o número de corpos localizados por equipes dos bombeiros nos escombros do desabamento de três prédios ocorrido na quarta-feira (25), no Centro do Rio de Janeiro. De acordo com a Defesa Civil, o 10º e o 11º corpos foram encontrados na tarde desta sexta-feira (27), mas ainda não foi informado se as vítimas são homens ou mulheres.
 
"Finalmente, entramos na parte onde nós acreditávamos que houvesse o maior número de corpos", disse o secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, nesta tarde.
 
No primeiro dia de buscas, cinco corpos foram resgatados. Nesta sexta-feira pela manhã, outros quatro corpos foram encontrados, sendo que o primeiro foi achado pelas equipes ainda durante a madrugada. Os outros corpos foram encontrados nesta tarde.
 
Segundo a Polícia Civil, cinco vítimas haviam sido identificadas até as 13h: Alessandra Alves Lima, de 29 anos, Celso Renato Braga Cabral, de 46 anos, Margarida Vieira de Carvalho, de 65, Nilson de Assunção Ferreira, de 50 anos, e Cornélio Ribeiro Lopes, de 73.
 
Sob aplausos, Celso Cabral foi enterrado nesta manhã em Niterói. Além das vítimas relacionadas oficialmente pela Polícia Civil, parentes também dizem ter identificado o corpo do catador de lixo Moiséis Moraes da Silva.
 
O acidente deixou seis feridos. De acordo com a Secretaria municipal de Saúde, o quadro mais grave é o da única pessoa que segue internada. Ela é uma mulher que teve lesão no couro cabeludo, passou por cirurgia e foi transferida para um hospital particular.
 
Buscas continuam
 
Não foi divulgada uma lista oficial ou até mesmo o número exato de pessoas procuradas. O secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, disse que representantes de 26 famílias procuraram notícias de desaparecidos.  "Pode haver gente sendo procurada que não esteja aqui nos escombros", afirma.
 
O subcomandante geral do Corpo de Bombeiros, Ronaldo de Alcântara, chegou a afirmar na manhã desta sexta que as equipes trabalham com a possibilidade de haver 23 desaparecidos. Ele disse acreditar que os procurados possam estar concentrados em pontos próximos nos escombros.
 
Na madrugada desta sexta, o secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, informou que as buscas vão continuar por mais 48 horas. "Esse é um prazo que eu estou me impondo para encerrar as buscas", disse o coronel. Segundo ele, após esse prazo, o trabalho de retirada dos escombros será de competência da prefeitura.
 
Para Simões, o modo como o desabamento parece ter ocorrido dificulta ainda mais as buscas. "O volume de material é muito grande. A essa altura era para nós termos encontrado mais corpos, mas a sobreposição das lajes efetivamente é um dificultador", avaliou.
 
Polícia abre inquérito
 
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as responsabilidades do desabamento. Na quinta-feira (26), o titular da 5ª DP (Mem de ), delegado Alcides Alves Pereira, ouviu sete testemunhas e dois policiais que prestaram socorro às vítimas logo após o colapso das estruturas.
 
O desabamento ocorreu por volta das 20h30 de quarta. Um prédio de 20 andares, outro de 10 e um imóvel de cinco pavimentos ficaram em ruínas. O trânsito nas ruas situadas nas imediações do Theatro Municipal permanece interditado.
 
No momento da tragédia, testemunhas disseram ter ouvido a estrutura do edifício estalar antes de ir ao chão. Sobreviventes relataram momentos de desespero. Um vídeo de câmera de segurança mostrou correria na avenida antes de a poeira do desabamento tomar a região.
 
Para o prefeito Eduardo Paes, a principal hipótese é que o desabamento tenha sido causado por um dano estrutural, que não informações sobre explosão ou vazamento de gás. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) informou que obras "ilegais", sem registro no conselho ou na prefeitura, eram realizadas no prédio de 20 andares.
 
Reforma questionada
 
O advogado Gerlado Beire Simões, que representa o síndico do edifício Liberdade, Paulo Renha, o maior dos três prédios que desabaram, afirmou que seu cliente recentemente havia pedido documentos sobre as reformas em dois andares. Conforme o advogado, duas reformas eram realizadas no prédio, uma no 3º e uma no 9º andar, pela maior empresa do prédio, a TO – Tecnologia Organizacional.
 
O engenheiro Paulo Sérgio Brasil, que acompanhou uma obra da TO no 3º andar do prédio, negou alterações estruturais na reforma. “Não tinha viga. vi muita gente falar, mas não conhecem a estrutura do prédio. Todos os pilares são externos. No meio, não tem pilar, não tem viga”, argumenta.
 
Luto de três dias
 
O governador Sérgio Cabral decretou luto oficial de três dias no estado do Rio de Janeiro em memória dos mortos. De acordo com o governo do estado, o decreto será publicado no Diário Oficial do Estado desta sexta. A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que o município fará o mesmo. As informações são do G1.