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O crescimento do home equity no Brasil em 2025

O home equity surge como alternativa estratégica, oferecendo taxas menores que as do crédito pessoal e prazos mais longos.

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O mercado de crédito brasileiro vive um movimento de expansão em modalidades de garantia real, e o home equity tem ganhado destaque em 2025. Segundo d ados do Banco Central do Brasil (BCB), as operações de crédito com imóveis como colateral cresceram 11,2% entre janeiro e julho de 2025, alcançando mais de R$ 260 bilhões em saldo. Esse avanço contrasta com a estagnação das linhas de crédito pessoal sem garantia, que têm registrado retração diante dos juros altos e maior seletividade dos bancos na concessão.

A taxa básica de juros, a Selic, ainda permanece em 10,5% ao ano em meados de 2025, de acordo com o BCB. Esse patamar torna o crédito não colateralizado caro e de difícil acesso para boa parte das famílias brasileiras. Nesse contexto, o home equity surge como alternativa estratégica, oferecendo taxas menores que as do crédito pessoal e prazos mais longos, uma vez que o imóvel serve de garantia sólida para as instituições financeiras.

Entretanto, a expansão desse mercado ocorre em paralelo a uma preocupação relevante: a inadimplência. O Banco Central aponta que o índice de atraso nas operações de crédito com imóveis em garantia atingiu 4,3% em junho de 2025, um aumento em relação aos 3,8% observados no mesmo período de 2024. Embora o patamar ainda esteja abaixo da inadimplência do crédito sem garantias, que supera 5,5%, o movimento de alta reforça a necessidade de cautela tanto para consumidores quanto para instituições.

A análise macroeconômica também ajuda a compreender esse cenário. Segundo o BCB, o endividamento das famílias com o sistema financeiro chegou a 48,2% da renda acumulada em 12 meses em 2025, o segundo maior patamar da série histórica. Esse índice revela que, embora o home equity ofereça condições mais vantajosas, ele está sendo utilizado em um contexto de forte pressão sobre a renda, o que aumenta a exposição ao risco de inadimplência futura.

O impacto do crescimento do home equity também se reflete no comportamento das instituições financeiras. O Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central mostra que os bancos têm intensificado o uso desse produto em suas carteiras, justamente pela robustez da garantia. Contudo, isso exige provisões maiores em caso de inadimplência, já que a execução de imóveis é complexa, lenta e envolve custos elevados. Esse fator pode comprometer a liquidez das instituições caso a inadimplência cresça de forma mais acentuada.

Outro ponto de atenção é o perfil do consumidor que busca esse tipo de operação. Muitos recorrem ao home equity para consolidar dívidas mais caras, como cartão de crédito e cheque especial, que atualmente têm taxas médias acima de 300% ao ano, segundo o Banco Central. A estratégia faz sentido do ponto de vista financeiro, mas carrega o risco de transformar dívidas de curto prazo em compromissos de longo prazo, amarrados a um bem essencial como a casa própria.

Nesse contexto, o refinanciamento de imóvel aparece como prática cada vez mais recorrente. Ao oferecer liquidez imediata em troca do uso de um bem quitado como garantia, essa modalidade pode ajudar famílias a reorganizar suas finanças ou investir em novos projetos. Porém, especialistas alertam que, sem disciplina orçamentária, há risco de perda patrimonial significativa caso o pagamento não seja cumprido.

Para o futuro próximo, a expectativa é que o crescimento do home equity se mantenha, especialmente se a trajetória de redução gradual da Selic a partir de 2026 se confirmar, como projeta o Banco Central. Isso tende a tornar as condições de crédito mais acessíveis, ampliando ainda mais a procura por operações com garantia de imóvel. No entanto, a sustentabilidade desse crescimento dependerá da combinação entre educação financeira, rigor na análise de risco e estabilidade macroeconômica.

O avanço do home equity em 2025 mostra como os brasileiros têm buscado alternativas diante de um cenário de juros altos e renda pressionada. Ao mesmo tempo em que oferece alívio em termos de taxas e prazos, ele também amplia a necessidade de cautela, tanto para os consumidores quanto para os bancos. Em última instância, o desafio está em equilibrar o acesso ao crédito com a preservação do patrimônio mais valioso das famílias: o imóvel.

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