
O Nordeste brasileiro voltou a ocupar o centro das atenções climáticas: oito das dez cidades mais quentes do país estão na região, segundo levantamento da Frigelar com base em dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O estudo “As cidades mais quentes do Brasil” mostra que municípios nordestinos como Jaguaribe (CE), Santa Rita de Cássia (BA), Campo Maior (PI) e Oeiras (PI) registram temperaturas médias anuais acima dos 30 °C, consolidando o Nordeste como o epicentro do calor nacional.
No topo do ranking está Jaguaribe (CE), com média anual máxima de 31,9 °C, seguida de Santa Rita de Cássia (BA), com 31,8 °C, e Campo Maior (PI), com 31,2 °C. A lista completa contempla:
- Jaguaribe (CE) – temperatura média máxima de 31,93 °C
- Santa Rita de Cássia (BA) – 31,89 °C
- Campo Maior (PI) – 30,61 °C
- Porto Seguro (BA) – 29,84 °C
- Itaporanga (PB) – 29,83 °C
- Queimadas (BA) – 29,80 °C
- São João do Piauí (PI) – 29,58 °C
- Imperatriz (MA) – 29,47 °C
Calor recorde e mudanças climáticas
O INMET aponta que os últimos cinco anos estão entre os mais quentes da história do país. Em 2024, o Brasil registrou uma média de temperatura 1,5°C acima da normal climatológica, resultado direto de fenômenos como o El Niño e das mudanças climáticas globais. No Nordeste, os efeitos são sentidos de forma mais aguda, com ondas de calor prolongadas e noites cada vez mais quentes, que impedem o resfriamento natural do ambiente.
Busca por ar-condicionado dispara
O calor não se reflete apenas nos termômetros, mas também nas tendências de consumo. Dados compilados pela Frigelar a partir do Google revelam que o aumento das temperaturas impulsionou uma verdadeira corrida por soluções de climatização em todo o país.
O Mato Grosso lidera o ranking nacional de crescimento nas buscas por ar-condicionado, seguido por Tocantins (88 pontos), Amazonas (87) e Rio de Janeiro (81). Mas o destaque está novamente no Nordeste: Maranhão (78), Piauí (78), Pernambuco (72), Bahia (65) e Ceará (63) figuram entre os 10 primeiros colocados, mostrando que a região concentra boa parte da demanda nacional.
Impactos econômicos e sociais
Por outro lado, o setor de climatização vem se consolidando como um dos motores de crescimento da economia doméstica. Fabricantes e varejistas registram aumento constante nas vendas, e a instalação de sistemas de refrigeração se transformou em oportunidade de geração de renda e especialização técnica.
Além do impacto econômico, as altas temperaturas geram desafios sociais e ambientais. O calor extremo afeta a produtividade, a saúde e a qualidade de vida, especialmente em regiões de menor renda e infraestrutura precária. Estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que o aumento médio da temperatura global deve intensificar ondas de calor, tornando o conforto térmico uma necessidade crescente, e não apenas uma questão de conveniência.
Para especialistas em energia e sustentabilidade, o desafio está em conciliar o crescimento da demanda com práticas mais eficientes. Equipamentos modernos com tecnologia inverter e classificação A em eficiência energética reduzem o consumo e aliviam a pressão sobre o sistema elétrico. Além disso, políticas públicas voltadas para o planejamento urbano e o incentivo à eficiência energética são essenciais para mitigar os efeitos do calor em cidades onde o asfalto e a falta de áreas verdes amplificam o problema.
Enquanto o clima se torna mais imprevisível e o consumo energético aumenta, compreender onde e como o calor se concentra é fundamental para orientar investimentos, políticas ambientais e estratégias do setor de climatização. O mapa do calor brasileiro, atualizado pelo INMET, é mais do que uma curiosidade geográfica: é um retrato das transformações climáticas e sociais que moldam o país e influenciam a forma como os brasileiros vivem, trabalham e consomem.
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