Acorda Cidade
Conversa telefônica gravada durante a investigação da Operação Voucher, da Polícia Federal, e divulgada pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, mostra o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico da Costa, orientando um empresário a obter um imóvel maior para servir como fachada para sua empresa. Segundo relatório do Ministério Público citado pelo jornal, o empresário é Fábio de Mello, dono de uma das empresas de fachada beneficiadas pelo Ibrasi (Instituto Brasileiro de Infraestrutura Sustentável), ONG que firmou contrato suspeito com o Ministério do Turismo. "Pega um prédio moderno, meio andar, fala que tá com uma sede que está em construção […]. O importante é a fachada. Tem que ser uma coisa moderna, que inspira confiança em relação ao tamanho das coisas que vocês estão fazendo", afirma Costa na gravação.
AMAPÁ
O Ministério Público Federal no Amapá, responsável pelo caso, afirmou que a cúpula do Ministério do Turismo sabia do esquema criminoso montado no Estado. De acordo com a Procuradoria, as contratações com o Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável) foram feitas sem critério objetivo, de forma ilegal. Em busca à sede da ONG, em São Paulo, a Polícia Federal apreendeu R$ 610 mil em dinheiro. De acordo com um documento da investigação da Procuradoria, o ex-secretário-executivo da pasta, Mário Moysés, direcionou o convênio para o Ibrasi, embora a falta de qualificação técnica fosse "facilmente perceptível". A Procuradoria afirmou que o atual secretário-executivo, Frederico Costa, autorizou o pagamento de R$ 1,3 milhão à entidade com base em nota falsa de prestação de contas. O secretário nacional de Programas e Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins da Silva Filho, liberou R$ 900 mil, diz o documento.
Turismo aprovou em dez dias contrato com ONG suspeita
Os três convênios do Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Infraestrutura Sustentável) com o Ministério do Turismo foram aprovados a toque de caixa pela pasta. Um deles, no valor de R$ 6,9 milhões, foi assinado dez dias depois de ter sido solicitado. Segundo técnicos ouvidos pela Folha, a análise técnica dos processos costuma levar cerca de seis meses porque depende de pareceres que vão atestar a necessidade do convênio e a capacidade da entidade em realizá-lo. O contrato que levou dez dias para ser aprovado foi pago com dinheiro do ministério. Ou seja, foi uma decisão da própria pasta a de fazer o convênio. Quando o dinheiro é de emenda parlamentar, a destinação da verba é definida por um deputado ou pela bancada.