Feira de Santana

Alcoólicos Anônimos: 88 anos de histórias de superação

Em Feira de Santana o AA atua há 45 anos com diversos grupos.

Alcoólicos Anônimos: 88 anos de histórias de superação Alcoólicos Anônimos: 88 anos de histórias de superação Alcoólicos Anônimos: 88 anos de histórias de superação Alcoólicos Anônimos: 88 anos de histórias de superação
Alcoólicos Anônimos Nova Vida - Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

No dia 10 de junho, última terça-feira, foi comemorado os 88 anos de existência dos Alcoólicos Anônimos (AA) no mundo. A irmandade foi fundada em 1935, com a missão de ajudar pessoas que enfrentam o alcoolismo, oferecendo um espaço de apoio, escuta e partilha de experiências.

Em Feira de Santana, o AA atua desde 1980, há 45 anos, com grupos espalhados pela cidade. Os encontros realizados de forma individual ou coletiva proporcionam aos participantes a oportunidade de compartilhar vivências, fortalecer o compromisso com a sobriedade e buscar uma vida mais equilibrada. 

O Acorda Cidade conversou com pessoas que integram um grupo local, destacando a importância do AA em suas trajetórias de superação.

Um dos membros, com nome fictício de Antônio, conta que a sua trajetória foi longa, começou no Rio de Janeiro. Ele foi alcoólatra por 25 anos até ser apresentado ao Alcoólicos Anônimos.

“Eu já tinha chegado num estado em que precisava de ajuda, vivi assim dos 12 aos 35 anos. Fui abordado no Rio de Janeiro por dois companheiros e fui conhecer, lá eles me disseram que Alcoólicos Anônimos é uma irmandade de pessoas que compartilham suas experiências, forças e esperanças a fim de resolver o seu problema comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo.”

Apesar de árduo, para participar do AA só existe um requisito, o desejo de parar de beber. Mas para Antônio naquele momento complicado mesmo era conviver com as consequências do alcoolismo.

“O momento mais difícil era a perda de emprego. No Rio de Janeiro, no período de 8 dias, eu fui militar, eu saí do exército por causa do alcoolismo. Depois disso, entre 1971 e 1979 quando eu conheci o Alcoólicos Anônimos, passei por 22 empresas.”

Desde então Antônio começou a frequentar o AA todos os dias, e hoje faz parte do grupo Nova Vida em Feira de Santana.

Eu comecei a frequentar o grupo todos os dias, mesmo lá no Rio de Janeiro, onde a vida é corrida. Isso não é de um dia para o outro. A gente para de beber e permanece com problemas sérios, e é na frequência de reunião, trocando experiências, praticando esse espaço dentro de nossas possibilidades, a vida vai se encaixando.”

Antônio explicou ao Acorda Cidade que pessoas de todas as idades podem buscar esse recurso, o trabalho é gratuito, sem mensalidades, e a identidade dos participantes é preservada. O AA se mantém de doações não obrigatórias.

Cada reunião é coordenada por um dos participantes. “O coordenador abre a reunião e cada um expõe a sua experiência dentro de um tema que é apresentado ou contando simplesmente como está a sua vida diária.”

Foi com esse apoio constante que ele voltou a viver de maneira plena e teve sua vida transformada.  “Mudou tudo. A credibilidade na família, a credibilidade na sociedade, e a confiança em mim mesmo, que isso é o principal. Em Alcoólicos Anônimos eu readquiri a vontade de viver.”, declarou Antônio.

Vida transformada

Outro participante do AA de nome fictício Assis, teve sua vida transformada. Ele tomou a decisão quando a situação chegou a um momento extremo.

“Eu não tenho um tempo específico a dizer, mas bebi de 1970 até 93. Esse foi o tempo suficiente. A gente começa ingerindo um copinho de cerveja pra comemorar alguma coisa. Mas só que não tem consciência até onde aquilo vai levar.”

Para Assis um dos pontos alarmantes foi quando ele começou a esquecer o que fazia quando estava sob efeito do álcool, e a incerteza o levou a imaginar até que tinha feito algo grave. 

“A minha última bebedeira foi muito complicada, porque já tinha acontecido a questão do apagamento, não saber o que fez, por onde andou e o que praticou. E no dia 12 de julho de 93 aconteceu mais um fato dessa natureza, onde eu entendi que eu precisava de ajuda. Achando que eu tinha feito algo de errado com a minha família, o meu sentimento era que tinha matado meus filhos e a minha esposa dentro de casa.”

Apesar de reconhecer que a situação precisava mudar, Assis levou um tempo para conseguir assumir o verdadeiro diagnóstico. “No dia 13, eu saí quietinho, já tinha a notícia onde funcionava um grupo de Alcoólicos Anônimos, e fui com a minha prepotência toda dizendo que não era alcoólatra. Mas quando me deparei com pessoas que eu nunca imaginava dizendo que se recuperaram, eu comecei a entender que a minha história estava sendo contada através daqueles indivíduos que estavam ali naquela reunião.” 

Até hoje ele segue frequentando as reuniões com total consciência do que viveu e que a irmandade mudou sua forma de enxergar o mundo.

“Alcoólicos Anônimos tem feito parte da minha vida, porque tem me devolvido uma consciência que eu jamais teria fazendo uso de bebida alcoólica. Essa causa não é só dos alcoólatras, mas sim da comunidade que deve ter consciência de que na sua casa, na sua família, pode ter alguém com problema de alcoolismo. Procure ajuda que vai encontrar, e os Alcoólicos Anônimos podem ser uma solução para ele, assim como está sendo para mim.” finalizou.

O grupo Alcoólicos Anônimos Nova Vida tem sede física na rua Carlos Alberto, nº 898, bairro Cidade Nova, em Feira de Santana, e os encontros acontecem entre 19h e 20h30.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e Youtube e grupo de Telegram.