Acorda Cidade
 
Moradores de Lajedinho, a 355 km de Salvador, encontraram na união e no trabalho a melhor forma de superar a dor provocada por uma tragédia. O município foi atingido por um forte temporal no dia 7 de dezembro.
 
Ao todo, foram 17 mortos e cerca de 200 famílias desabrigadas. Atualmente, cerca de 600 pessoas continuam desalojadas.
 
Como mora em uma residência localizada na parte alta da cidade, a agente de saúde Maria das Graças Novaes não foi afetada pela chuva. Mesmo assim, sensibilizada com a situação dos demais moradores, ela decidiu abrigar 15 pessoas na casa onde vive. "Lajedinho é uma família e todo mundo se ajuda. Na hora de dormir a gente coloca os colchões no chão, nas duas salas e todo mundo dorme tranquilo. Na hora de jantar vem uma turma, janta, depois vem outra turma", garante.
 
Quem perdeu familiares e amigos na enxurrada encontrou na ajuda a melhor forma de voltar a sorrir. "Perdi minha filha, minha irmã, dois sobrinhos, cunhada. Trouxe uma família que tem sido minha alegria", conta a aposentada Nilda Alexandrina.
 
Os moradores de Lajedinho passam o dia tentando reconstruir a cidade e ajudando as vítimas da chuva. Donativos também continuam chegando de várias cidades. Mas é do carinho e das palavras de conforto que eles tiram a maior força. "Não é só cesta básica, colchão, roupa, mas são palavras, são acolhimentos realmente verdadeiros", revela o professor Flávio Ferreira.
 
O pedreiro Carlos Oliveira perdeu a filha de 11 anos no temporal. Ele lembra que falou com a menina pela última vez na noite do temporal. "Ela ligou, disse: 'Painho, venha aqui que está entrando água aqui em casa'. Quando desci não deu mais tempo. Cheguei ali na ponte e faltou energia", disse na época. Atualmente, Carlos guarda com carinha a fotografia da filha que encontrou na lama. "Vai ficar só a lembrança de alegria da minha e os momentos bons", conta.
 
Uma das histórias de superação em Lajedinho é contada pela dona de casa Vera Rodrigues, filha de um idoso de 100 anos que sobreviveu ao temporal. "Até hoje graças a Deus ele não teve nada. Nem febre não teve. Eu só tenho como agradecer. Aquele momento de terror que a gente viveu então hoje nós estamos aqui", comemora. Ela ainda faz uma promessa. "Nós vamos construir tudo que a gente perdeu, a nossa casa. E o que eu mais quero é voltar para minha casa", afirma.
 
Destruíção
 
Em duas horas choveu 120mm, fazendo com que o volume do rio Saracura, que corta a cidade, subisse, causando destruição por onde passava. Mais de 70 casas foram totalmente destruidas. Edifícios públicos como a sede da prefeitura da cidade, secretaria de saúde e postos de saúde foram invadidos pela 
 
As famílias desalojadas foram abrigadas em escolas municipais e receberam assistência como a alimentação, roupas e cobertores. Corpos foram localizados a cerca de 30 km do local, nas proximidades da cidade de Ruy Barbosa. As equipes de buscas foram são compostas por 28 bombeiros e 12 voluntários. Moradores relataram que o nível da água chegou a 2 metros de altura.
 
O Governo da Bahia decretou estado de calamidade púlica no município. O Exército foi acionado e 45 barracas de campanha foram montadas para dar mais conforto aos desabrigados, além de banheiros químicos e estruturas para banho.
 
Prejuízos

O prefeito da cidade concluiu o levantamento dos prejuízos causados pela forte chuva. Cerca de R$ 28 milhões serão necessários para reconstruir o município após o temporal que matou 17 pessoas e deixou cerca de 800 desabrigadas.
 
O setor mais afetado foi o da educação, que ultrapassou R$ 7 milhões. Além dos gastos aos cofres públicos, o comércio local teve um prejuízo de R$ 894 mil. As ações de reconstrução do município já foram iniciadas, como o recolhimento de entulhos. As informações são do G1.