Bahia

Ponto de Cidadania e Corra pro Abraço serão ampliados no Pacto pela Vida

Segundo as equipes, álcool e crack é a combinação mais comum nas ruas, mas a questão das drogas é apenas um dos problemas

Acorda Cidade

Os projetos Ponto de Cidadania e Corra pro Abraço, ambos realizados pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), para atender pessoas em situação de rua e usuários de drogas, serão ampliados no âmbito da Câmara Setorial de Enfrentamento ao Crack, do Pacto pela Vida. Com o objetivo de conhecer o potencial dos projetos, o secretário Geraldo Reis visitou, na tarde da última terça-feira (12), as equipes técnicas que atuam diretamente com o público, na Praça das Mãos (Comércio) e na estação do Aquidabã.

“Esse é um trabalho essencial, dirigido ao nosso público mais vulnerável, pois são pessoas que estão em situação de rua – muitas vezes mães com bebês -, expostos a todo tipo de violência, no uso de drogas, sem condições de saúde, alimentação, higiene. É um problema complexo que passa a ter um olhar mais atencioso do Estado ao ampliar a área de atuação dos projetos, bem como estabelecer metas mais ousadas”, disse o secretário Geraldo Reis.

A superintendente de Políticas sobre Drogas e Acolhimento a Grupos Vulneráveis, da SJDHDS, Denise Tourinho, explica que “com resultados positivos inequívocos, os projetos serão replicados em outras áreas e vão ganhar ampliação de metas, passando a incluir a dimensão da reinserção social, que acontece por meio da profissionalização e da ressocialização, com ações internas dos próprios projetos ou de parcerias com a Setre (Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte) e a Secult (Secretaria de Cultura)”.

O objetivo das equipes de psicólogos, assistentes sociais, arte educadores, advogados e demais prepostos vinculados à Superintendência de Políticas sobre Drogas e Acolhimento a Grupos Vulneráveis, responsável pelos projetos, é construir vínculos com seu público, fazer o atendimento inicial na rua e, conforme a demanda, encaminhá-los à rede de atenção básica e demais serviços da rede de assistência social.

Segundo as equipes, álcool e crack é a combinação mais comum nas ruas, mas a questão das drogas é apenas um dos problemas. “Existe uma vida miserável, sem nenhum direito. Ao oferecer cultura, lazer, informação, acesso à saúde, acabamos interferindo na relação que essas pessoas têm com a droga, que passa a ocupar outro lugar em suas vidas”, relata Gabriel Pamponet, psicólogo, supervisor técnico do Ponto de Cidadania.

Para a assistente social e psicóloga que coordena o Ponto de Cidadania, Patrícia Von Flach, “o primeiro trabalho é dar visibilidade a essas pessoas. Nossa presença abre um diálogo, um canal de comunicação que acaba inibindo uma série de violações de direitos. Fazemos uma articulação institucional, para que a Samu, as emergências hospitalares, a polícia e outros serviços os reconheçam como pessoas de direito”, relata.

Ponto de Cidadania – Na Praça das Mãos, no Comércio, um pequeno trailer com banheiro, chuveiro e um escritório demarca o local de atendimento do Ponto de Cidadania. A equipe circula pela praça e busca aproximação com as pessoas que passam o dia ou dormem no local. Diariamente, são atendidas cerca de 30 pessoas. O projeto oferece kit de higiene, banheiro e chuveiro a fim de cuidar das necessidades mais imediatas das pessoas em situação de rua. Os profissionais interagem e constroem vínculos para fazer os primeiros atendimentos e encaminhar as demandas. Outro Ponto de Cidadania atende à comunidade do Pela Porco (Sete Portas).

Corra por Abraço – Com objetivos similares, o projeto Corra pro Abraço leva profissionais à estação do Aquidabã quatro vezes por semana, à noite. Durante a visita do secretário Geraldo Reis, na última terça (12), acontecia no local uma roda de capoeira, parte das ações de arte-educação oferecidas. “Assistência jurídica, ações de saúde com exames e atendimentos em campo, passeios ao cinema, teatro e museus são algumas das atividades realizadas aqui, além dos atendimentos com psicólogos e oficinas de arte-educação. Desta forma, eles se reconhecem dignos”, conta a coordenadora de campo do projeto, Jamile Carvalho. O Corra pro Abraço atua no Centro Histórico em pelo menos 10 cenas de uso de drogas.