Bahia

Pesquisa descobre substituto natural de agrotóxicos em óleos de eucalipto

A ideia de trabalhar com produtos menos nocivos surge em meio à divisão entre ruralistas, entidades de saúde e meio ambiente, devido ao Projeto de Lei 6299/02.

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A macadâmia é uma espécie florestal em crescente cultivo no Brasil, principalmente para exploração de suas nozes, conhecidas pelo alto valor nutricional. Porém, um fungo específico dessa árvore vem dificultando o crescimento da planta e, consequentemente, a produção de flores e frutos. Buscando encontrar um substituto natural para agrotóxicos, que também seja capaz de combater esse fungo, a pesquisadora Cátia Libarino deu início a um estudo com eucaliptos, que vem sendo desenvolvido no Mestrado em Ciências Florestais da Uesb.

A ideia de trabalhar com produtos menos nocivos surge em meio à divisão entre ruralistas, entidades de saúde e meio ambiente, devido ao Projeto de Lei 6299/02, que visa atualizar a legislação dos Agrotóxicos de 1989. A proposta segue em tramitação no legislativo, mas, na prática, a flexibilização na liberação dos produtos, que está entre os pontos da pauta, já vem acontecendo. Resultado disso é que, até junho deste ano, o Ministério da Agricultura liberou 239 novos agrotóxicos no país, de acordo com publicações do Diário Oficial da União (DOU).

Para a realização da pesquisa, foram extraídos óleos essenciais e extratos vegetais de três espécies do eucalipto, planta que apresenta histórico no controle de doenças florestais. O estudo ainda descreve os óleos e extratos em dois tipos, de acordo com o poder de ação dos mesmos junto ao fungo. Os fungicidas são aqueles que inibem totalmente o fungo da macadâmia, enquanto os fungistáticos apenas amenizam o crescimento do fungo.

O óleo essencial da espécie Corymbia citriodora foi o que apresentou maior eficiência em todas as dosagens testadas na inibição do crescimento do fungo, sendo que a menor dose testada foi considerada satisfatória para inibição total do organismo.

A pesquisadora ressaltou ainda que até os extratos vegetais, que tiveram ação menos efetiva que os óleos, podem ser considerados opções imediatas para reduzir a severidade de fitopatógenos, organismos que causam doenças das plantas. “A facilidade de preparação [desses extratos] utilizando um processador mecânico e sua elevada biodegradabilidade no ambiente torna o processo/produto mais acessível. As folhas frescas em áreas de cultivo pós-colheita ou durante tratos culturais também podem ser aproveitadas para a produção, em média e grande escala, de extratos vegetais”, lembrou Libarino.

Aplicabilidade – De acordo com o orientador da pesquisa, professor Dalton Longue, a extração dos produtos foi pensada para que desde um pequeno produtor rural até uma grande empresa possam aplicar as técnicas, tanto em nível de viveiro como em campo, a depender das tecnologias disponíveis.

A aplicação das técnicas fora dos laboratórios favorece também a valorização dos denominados Produtos Florestais Não-Madeireiros (PFNMs), como explicou Logue. “Os resultados mostraram o potencial do cultivo de eucalipto para produção de óleos e extratos. Na maioria das vezes, os plantios [de eucaliptos] são planejados apenas para aproveitamento da madeira após o ciclo de crescimento da floresta, desprezando as folhas e seus produtos durante todo o tempo de crescimento, que são os PFNMs. A coleta de folhas e produção de óleos pode ser uma alternativa econômica em vários momentos para uma fazenda florestal”, explicou o orientador.