A procissão de oito quilômetros que sai da Basílica da Conceição da Praia para a Lavagem do Bonfim, na manhã desta quinta-feira (14) já esta a caminho da Colina Sagrada reunindo, de acordo com a Polícia Militar, mais de 1 milhão de pessoas. O governador Jaques Wagner segue o cortejo acompanhado por secretários de Estado, deputados estaduais e federais. Neste momento, a procissão está nas imediações da Praça da Inglaterra.
A principal festa religiosa da Bahia é realizada desde 1754, conta com mais de 500 baianas que perfumam a procissão com água-de-cheiro e distribui flores e fitinhas do Senhor do Bonfim para fiéis e turistas. A lavagem une o catolicismo e o Candomblé, com homenagens a Oxalá, deus da paz, amor e harmonia.
De acordo com o secretário de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, a lavagem atrai cada vez mais turistas para a cidade. “Os nossos hotéis estão lotados para a Lavagem do Bonfim. Turistas do Brasil e do exterior vieram conhecer a nossa festa religiosa que mistura povos e crenças”, comenta Leonelli.
Em todo o percurso, a multidão vestida de branco segue reunida para agradecer e pedir novas graças ao Senhor do Bonfim e a Oxalá. Ao chegar na Colina Sagrada, as baianas iniciarão a lavagem das escadarias e do adro da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim.
Este ano, uma segunda procissão será realizada junto com o cortejo principal. Os fiéis sairão da Igreja da Nossa Senhora Mãe de Deus, com destino à Igreja do Bonfim. Antes da missa campal, que acontecerá às 18h, o cortejo alternativo dará três voltas no templo, em referência aos três nós que os fiés dão na fitinha do Senhor do Bonfim ao fazer seus pedidos.
Segurança
A grande festa religiosa conta com 2.300 policiais militares, que garantem a segurança em todo o percurso do cortejo. Entre as unidades da Polícia Militar que atuarão no evento estão o Batalhão de Apoio Operacional, o Batalhão de Polícia de Choque, o Batalhão de Guardas, a Rondas Especiais (Rondesp), as Companhias Independentes, Companhia de Polícia de Proteção Ambiental e esquadrões de Polícia Montada e Motociclistas Águia.
A lavagem também conta com a atuação do Comando de Operações Bombeiros Militares da PM, com 96 bombeiros, distribuídos em patrulhas de socorrismo apoiadas por guarnições do Salvar, equipes de busca e salvamento em situações de sinistros e calamidades, atendimento pré-hospitalar, prevenção e combate a incêndios.
Dentre as atuações da PM durante o evento, destacam-se as abordagens preventivas, ações contra o porte ilegal de armas e tráfico de drogas, principalmente nas barreiras que regulam o acesso de veículos e pedestres ao circuito.
História
Conforme o historiador Manoel Passos, a maioria das manifestações populares no estado tem origem portuguesa; a Lavagem do Bonfim não é diferente. Há registros de que as homenagens tenham iniciado em 1754, quando a imagem do Senhor Crucificado – trazida em 1745 pelo Capitão do Mar e Guerra da Marinha Portuguesa, Teodósio Rodrigues – foi transferida da Igreja da Penha, em Itapagipe, para a sua própria Igreja, na Colina Sagrada.
A lavagem, no entanto, data de mais de um século, iniciada pelos negros africanos e pelas senhoras dos mesários, juntamente com moradores da região, em louvor ao Senhor do Bonfim, à Nossa Senhora da Guia e a São Gonçalo. “A particularidade da festa do Senhor do Bonfim é a sua ligação evidente com o Candomblé, pela figura de Oxalá. Muitos historiadores destacaram na festa a força da música negra, dos atabaques. A Colina Sagrada tornou-se algo emblemático lá fora”, diz Passos.
A mistura de povos, de credos e culturas e o caráter insólito da festa também renderam proibições e conflitos ao longo dos anos. Em 1889, o então arcebispo da Bahia, Dom Luis Antônio dos Santos, vetou a lavagem do interior da Basílica. A intervenção da Guarda Cívica gerou apreensão de vassouras, violas e cavaquinhos e a festa só voltou a ser realizada dez anos depois. Em 1940, novamente a Arquidiocese tentou proibir a lavagem, embora, desta vez, sem sucesso. Desde então, a festa nunca mais deixou de ser realizada.
Informações da Agecom