Familiares, amigos e vizinhos de um jovem de 23 anos vítima fatal de leptospirose no bairro de Paripe, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, invadiram o Hospital do Subúrbio com o caixão com o corpo da vítima em protesto realizado na tarde desta sexta-feira (14).
Deivison Luis de Santana teria contraído a doença no dia 1º de setembro quando jogava bola na porta de casa, na rua da Antártica, no bairro de Paripe. Durante a partida, ele teria buscado a bola em um esgoto a céu aberto que passa pela rua, tendo contato com a urina do rato, animal transmissor da doença.
Cerca de 10 dias depois, segundo Cristiane de Jesus, amiga da vítima, Deivison começou a sentir fortes dores na barriga e febre, quando buscou atendimento no Hospital do Subúrbio no último dia 10. Na ocasião, ele teria esperado atendimento das 6h às 10h, quando desistiu de aguardar e foi orientado a ir para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Subúrbio, onde também não conseguiu ser atendido. A família da vítima diz que os funcionários da UPA disseram que, no caso dele, o atendimento deveria ser feito no Hospital do Subúrbio.
No dia seguinte, ainda segundo Cristiane de Jesus, Deivison conseguiu atendimento no Hospital do Subúrbio, onde um neurologista teria solicitado um raio-x suspeitando que o mesmo teria sofrido uma lesão na coluna durante a partida de futebol onde o jovem teve contato com o esgoto. Ao final da consulta, o médico teria receitado um relaxante muscular, segundo familiares.
Deivison voltou para casa e as dores aumentaram na madrugada do dia seguinte, quando o jovem passou a ter vômitos e foi encaminhado ao Hospital Couto Maia, no bairro do Bonfim, onde foi finalmente foi diagnosticado com leptospirose. O jovem de 23 anos ficou internado no Couto Maia até a madrugada desta sexta-feira (14), quando não resistiu à doença e morreu após uma parada cardíaca.
Revoltados com a morte de Deivison, que teria sido vítima da demora no atendimento no Hospital do Subúrbio, quando deu entrada na unidade pela primeira vez, e de negligência médica no atendimento realizado no dia seguinte, cerca de 70 pessoas, entre vizinhos, familiares e amigos, alugaram um ônibus e levaram o corpo do jovem, que estava sendo velado na casa do pai da vítima, para o Hospital do Subúrbio, onde chegaram por volta das 15h30 de hoje.
Eles entraram pela recepção do Hospital e foram até a área de atendimento de emergência, onde um computador foi danificado pelos manifestantes. Segundo Cristiane de Jesus, a máquina foi quebrada quando um segurança do hospital tentou agredir um dos manifestantes. "Ele empurrou uma pessoa que acabou se batendo na máquina. Se quebrou, a culpa não foi nossa, fizemos uma manisfestação pacífica", contou.
Após o protesto dentro do hospital, que durou cerca de 30 minutos, o grupo caminhou até o Cemitério de Periperi, onde o corpo de Deivison foi sepultado no final da tarde de hoje. O Hospital do Subúrbio disse que o paciente reclamou de dores nas costas quando deu entrada na unidade e afirmou que registrou uma ocorrência na 5ª Delegacia Territorial, em Periperi, por conta da invasão dos manifestantes. As informações são do Correio.